Metralha Vota em Petralha

Somos um país de bandidos!
Mesmo que a grande maioria da população, na prática, nunca tenha levado a cabo um delito, mesmo que nunca tenha, de fato, cometido um crime, somos um país de bandidos, uma nação de índole criminosa.
Só isso explica a grande simpatia que nutrimos pelo bandido. Temos uma compreensão e uma afeição inatas pelo criminoso. Muitas vezes, os vemos como coitadinhos, vítimas, infelizes que não tiveram outra opção na vida a não ser enveredar pelo crime, quando são indivíduos a ser banidos, extirpados do tecido social. Temos condescendência para com os bandidos, feito a que dedicamos àquele avô já gagá, ou àquele tio bebum chato pra caralho. Podemos, em nossa grande maioria, não ser agentes diretos de um crime. Somos cúmplices.
Toda essa afinidade que o país tem para com o vagabundo, toda essa empatia, eu diria até, hoje é o resultado de centenas e centenas de fatores, de milhares de causas.
Mas sempre há uma causa primeira, um motivo que deu o pontapé inicial e desencadeou todo o processo que resultou em nossa índole facínora. O pecado original do Jardim do Éden da terra de Pindorama : o nosso DNA português de degredados.
Não foi fácil, à época, arrumar voluntários e convencê-los a embarcar no cruzeiro de Cabral em busca do caminho para as Índias, dissuadir a portuguesada de bem a enfrentar serpentes marinhas, krakens, gigantes Adamastores e a correr o risco de despencar pela borda do mundo.
Assim, a Coroa Portuguesa enviou emissários às suas masmorras mais lúgubres e fétidas com a ordem de comutar as penas de bandoleiros, saqueadores, degoladores, estupradores etc que topassem embarcar no Titanic do tio Cabral.
Se sobrevivessem à viagem e às possíveis adversidades do novo território, teriam suas penas de morte anuladas e ali poderiam se instalar e começar uma nova vida. A bandidagem topou, é claro.
Não sei, efetivamente, que percentual deles chegou a sobreviver, mas sei que foi número suficiente para a propagação e o enraizamento de seus DNAs de vagabundos e de suas práticas e seus hábitos espúrios na nova terra.
A simpatia pelo ladrão nos é uma herança mendeliana, uma tradição familiar genética nossa, um caráter atávico de nossa personalidade.
Só esse início catastrófico e amaldiçoado é capaz de explicar coisas que, tenho certeza, só acontecem por aqui. Coisas que, se contadas a um inglês, a um alemão, a um japonês, lhes soariam, na melhor das hipóteses, como algum tipo de piada típica, local. E não deixa de ser. De sermos. Uma piada. Sem graça e de extremo mau gosto. Mas é. Somos.
A primeiro, conhecido e rápido exemplo, digam a um japonês que metade da população votou, de novo, num ladrão condenado (e nunca absolvido) pela Justiça. Temos ou não uma índoles de bandoleiros?
A segundo exemplo, o que originou essa postagem, e do qual só fiquei ciente ontem, experimentem dizer a um alemão que parte de nossa população carcerária mantém o seu direito ao voto, que bandidos sob certas situações podem opinar na vida política do país. Piada, ou não? País de bandidos, gerido por bandidos e para os bandidos.
Para mim, até ontem, vejam como eu sou ingênuo e otimista, o cara enjaulado ficava alijado de todos os seus direitos civis, de cidadão que nunca foi. O de ir e vir, o de votar, entre outros.
Mas não. Não no país da esquerdalha. Não na pátria da Constituição Cidadã do Ulisses Guimarães.
Pela Constituição do Ulissinho, podem votar os presos chamados de provisórios, aqueles que estão engaiolados sem condenação criminal transitada em julgado, que é quando o juiz bate o seu martelo em definitivo, quando não cabem mais recursos, sejam da defesa, sejam da acusação.
Sempre é bom lembrar que, no Brasil, se o sujeito tiver uma certa grana, ou estiver a ser bancado por alguma organização criminosa ou partido político, o tal trânsito em julgado poderá acontecer só depois do processo passar por quatro estâncias, o que pode levar anos, quiçá décadas, e chegando ao STF, é claro, o Gilmar Mendes manda soltar.
Outra "categoria" de vagabundos também com direito a voto é o adolescente infrator, maior de 16 anos e menor que 21, "submetido a medida socioeducativa de internação". Somos ou não um país de bandido? Prisão, agora, virou internação. Cadeia virou centro de ressocialização. A tal medida socioeducativa de internação consiste no assaltante, assassino e estuprador mirim ficar morando numa casa, em bons bairros residenciais, com todas as mordomias que muitos filhos de trabalhadores não têm, sair durante o dia para ir à escola vender droga e voltar à noite para dormir em suas camas macias, limpinhas e quentinhas.
Neste primeiro turno das eleições, aproximadamente 12 mil bandidos votaram, espalhados por 222 unidades carcerárias do país. E sabem quem ganhou estourado entre a bandidagem? Que estourou a boca da urna? Sabem quem venceu entre os metralhas?
O Petralha, é óbvio. Óbvio uLULAnte!
No cômputo geral, segundo apuração do site O Antagonista, dos 11.363 criminosos votantes, 8.883 votaram em Lula e apenas 1.741 em Bolsonaro, o que corresponde, respectivamente, a 80,59% e 15,79% do total. Ou seja, Lula teve quatro em cada cinco votos da marginália.
Em alguns lugares, a votação em Lula foi ainda mais expressiva. Na Paraíba, o Seboso de Caetés teve 90,3% dos votos contra 6,45% de Bolsonaro.
Mulher nem sempre elege mulher, negro nem sempre elege negro, gay nem sempre elege gay. Mas, acreditem, bandido sempre elege bandido. São corporativos, os canalhas.
Primeiro, foi a Justiça de um estado democrático a dizer que Lula é bandido; agora é o bandido a dizer que o Lula é bandido. Você, que pretende votar no Lula por ele ser mais do "bem" que Bolsonaro, precisa ainda de uma terceira opinião? De quem? Do Mefistófeles?
E, então, você ainda vai votar no Lula, ô portuga?

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3 Comentários

  1. Pois é, essa história de que o Lula tirou as pessoas da pobreza, eu escuto de uma porrada de professores, gente supostamente estudada e esclarecida. Ele até pode ter matado a fome de muitos, mas esse é só o primeiro passo para tirar o sujeito da penúria. O seguinte é atrair investimentos, empresas etc para lugares do Brasil onde não existem fonte de renda e capacitar os moradores para o trabalho. E quem recebe Bolsa-Família ou qualquer outro benefício teria que dar uma contrapartida, teria que, por exemplo, prestar serviços comunitários, sociais etc. Senão, fica muito fácil. Tem muita gente que hoje em dia nem mais procura emprego, não quer trabalhar de jeito nenhum.
    Se, de fato, o PT tivesse tirado o povo da miséria, em dois ou três anos de Governo Bolsonaro (desconto aqui, claro, o tempo da pandemia e do "ajuste" ao centrão), ele estaria de volta à merda?
    Também não sou rico, vivo do meu salário de professor, mas não compartilho esse seu temor; nesse aspecto, ganhe quem ganhe, continuarei a trabalhar como sempre fiz, desde os meus 15, 16 anos.
    Também votarei no Bolsonaro, sem grandes alegrias, mas votarei.
    Abraço.

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  2. Brasileiro, um povo que não desiste nunca (máxima imbecilóide cunhada pela esquerda), mas adora um bandido e ama depender de migalhas assistencialistas.Na verdade o que temos aqui é o meio a meio.Uma metade trabalha e a outra parasita.Cheguei a conclusão que a melhor definição para este Brasil, um dia varonil, não é democracia e sim Parasitocracia.Governo dos parasitas pelos parasitas e para os parasitas e quem trabalha e produz fique quieto e que se foda.

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