As Luzes da Cidade Acesas

Tungstênio...
Ainda vá lá...
Gênio da lâmpada,
Fornalha encapsulada
Em vidro e vácuo.
Castrada,
Mas ainda viva, com desejos,
Com calor na bacurinha.

Fluorescentes...?
Argônio brocha
Acondicionado em cartuchos?
Luzes halógenas,
Leds?
Que porras são essas?
Luzes frias,
Frígidas.
Fótons obesos
E alimentados não pelo tesão,
Sim pela sildenafila,
Pela tadalafila.
Abortos de Lúcifer,
O portador da verdadeira tocha.

Quero de volta o raio
De Zeus
De Tupã
Do Deus iracundo do Velho Testamento.

Quero de volta
A carne de mamute
Assada na fogueira.

Quero as labaredas nuas e peitudas
Das boas colheitas
Dos equinócios de verão
Das orgias pagãs.

Quero a poesia
Do bardo inglês
Escrita à bico de pena
Sob a bússola de uma vela de sebo de carneiro.

Quero as luzes de vapor de sódio da velha praça
E seus bancos de cimento
Com anúncios de chapelarias, alfaiates, tabacarias, casas de ferragens, armazéns.
Seu coreto com a bandinha marcial.

Quero a saudade,
A solidão,
O soluço pelo amor ao qual não pude corresponder,
Ao som de um lampião de querosene.

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