Nunca Te Encontro

O que fazes perdida por essas plagas?
O que fazes por essas plagas, perdida?

Nunca te encontro
E se percebo
Suspeito
Prevejo
Que quase me encontras,
Em autodefesa,
Camuflo-me
Exalo cheiro fétido
De gordura
De ranço de burrice
De analfabetismo
De gengivas desmatadas e de celulares de último tipo nas mãos
E misturo-me.

Misturo-me à multidão amorfa e boba alegre
(desculpe-me, Vinicius, mas é pobre que ri à toa)
Para fugir da tua piedade
Da tua reprovação
Dos teus peitões,
Que são o queijo
Na ratoeira
Que me espera
Em guilhotina
Em cadafalso
Em cruel sentença de vida.

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