Ai, Que Saudades da Ditadura!, Suspira Lula

Há uma semana, na mesma coletiva com blogueiros em que afirmou ser a alma viva mais honesta do país, o ex-talvez-futuro-presidente-de-novo Luis Inácio Lula da Silva aparentou um certo saudosismo dos dias da ditadura militar : "No Brasil, neste momento, nem habeas corpus as pessoas estão conseguindo. Está muito mais difícil que na ditadura militar", queixou-se Lula, quase que num velado tom de choramingo, de quem é vítima inocente da situação. Que é o modus operandi padrão dos esquerdistas, fazerem-se de vítimas, passarem-se por coitadinhos, quando, na verdade, não aguentam o tranco de suas próprias cagadas.
Eu acredito em Lula. Realmente, acredito. Pela primeira vez, desde que o barbudo surgiu no cenário nacional, ainda como sindicalista (e, portanto, já sem trabalhar), eu acredito nele. Está mesmo muito mais difícil que na ditadura militar. Para o PT!
Na época, o inimigo inconteste da Nação, ou, pelo menos, assim o críamos (eu mesmo, adolescente, inocente, puro e besta à época, pensava dessa forma) era o Regime Militar, e todos os que a ele se opunham, não importando os meios e os métodos utilizados, eram tidos como nossos representantes contra o opressor, os nossos salvadores. Ou seja, os que hoje compõem a alta cúpula do PT eram a oposição naqueles dias, e a oposição de nada tem que se defender, só atacar, é muito mais fácil. Muito da saudade de Lula tem a ver com o fato de que o PT era pedra na época, atualmente, é vidraça.
Além disso, hoje, em minha opinião, que sempre pode estar equivocada, duas coisas estão muito claras. 
Primeira. Os militares nunca foram os verdadeiros inimigos da Nação, e nem poderiam, eles são treinados e obedecem ordens a serviço do oposto, eles protegem a Nação de ameaças externas e internas, no caso, os comunas terroristas de grupos como o MRN (inspirados por Leonel Brizola e que chegaram a receber apoio e treinamento militar em Cuba) e o VAR-Palmares, de cujas entranhas podres e malcheirosas suporou, dentre outros, a nossa digníssima Dilma Rousseff; hoje, isso é patente para mim, os inimigos eram os comunas terroristas. Ser visto como mocinho ao invés de vilão também é um componente da saudade de Lula.
Segunda. Embora, em teoria, na aparência, na fachada, o PT seja um partido político legalizado desde 1980 - e, por isso mesmo, tenha que, minimamente, obedecer à Constituição e, em caso de infringi-la ou de suspeita de, se submeter às suas sanções, ainda que seja só pro forma, só para inglês ver, ainda que tudo termine em pizza -, na prática, em sua essência e em seu cerne, o PT continua a ser e a proceder como a mesma malta de comunistas subversivos das décadas de 1960 e 70, continua a agir como uma quadrilha de criminosos - e deixo bem claro e realçado aqui que não sou eu quem imputo ao PT o status de quadrilha; tal comenda, que muito deve encher os petistas de orgulho, foi-lhes impingida pelo então Ministro do Supremo, o supremo Joaquim Barbosa. Foi o órgão máximo da Justiça de um Estado democrático que condenou membros da alta cúpula do PT por formação de quadrilha; coincidência ou não a mesma classificação dada pelos militares há mais de 50 anos, em 1964. Partido político no papel; quadrilha comunista na prática.
É justamente nesse segundo aspecto que parece residir a maior parte da saudade de Lula dos tempos da ditadura, ou melhor, dos tempos de clandestinidade das células que originaram o PT. Comunista é o ser mais avesso à democracia que existe - vide Stalin, Mao, Fidel etc -, alguém conhece algum regime comunista que não seja uma ditadura? Comunista não quer seguir nenhum lei, gosta da subversão, da bandalheira. Comunista resolve seus desafetos políticos com luta armada, comunista vence a oposição com metranca na mão, comunista negocia com sequestro a embaixadores, comunista resolve os problemas de receita e de verba assaltando bancos e cofres governamentais.
Parece-me, posso estar enganado, e comumente estou, que é da falta dessa "liberdade" dos tempos de ditadura que Lula se ressente e tem nostalgia, de resolver as divergências na base da truculência, à margem da lei, ao invés de em uma votação em plenário. Sequestros, assaltos a bancos e atentados terroristas são muito mais eficientes - e baratos - que pagar mensalão e pixulecos para a oposição. Agir fora da lei e ser visto como herói, creio eu, é a grande saudade de Lula dos tempos militares.
Sim. Acredito em Lula. Está muito mais difícil que na ditadura militar. Para o PT.
E não é só : Lula viu seu mito ser edificado durante a ditadura militar - épocas sombrias, de poucas luzes, como são as ditaduras, ocultam não apenas os podres dos governantes, mas muito mais os de seus opositores -, e vê esse mito, agora, ser dinamitado pela democracia. As sombras da ditadura militar alçaram Lula à condição de um salvador da pátria, de um paladino da liberdade, deu-lhe ares quase que messiânicos; as implacáveis luz e transparência da democracia arrancaram a aura de santidade de Lula, reduziram-no à sua condição real, a de líder do partido político mais envolvido em corrupção que já pisou em terras tupiniquins, desde Cabral. Ponha-se no lugar do barbudo: que época você preferiria?

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