Wineathlon : A Corrida de São Silvestre do Bebum

Corrida de São Silvestre é coisa de país subdesenvolvido. É prova para amadores. Os atletas correm 15 km debaixo de um sol desgraçado, respiram o ar de uma das cidades mais poluídas do país, São Paulo, se arriscam a torções por ruas mal pavimentadas e esburacadas e, por todo esse esforço, que tipos de estímulo e incentivo recebem ao longo da prova? Um ou outro aplauso dos idiotas que ficam nas calçadas, em torno das fitas que traçam o caminho da prova, e são abastecidos regularmente de água e isotônicos, para reidratação e remineralização. Só isso. Que graça tem?
Já em país desenvolvido, de primeiro mundo, que conta com apenas com atletas profissionais e de ponta em suas equipes, a história é outra. Os atletas são muito mais valorizados por lá, muito mais bem tratados. Dá gosto ser maratonista por lá.
É o caso da Escócia, mais especificamente da cidade de Glasgow, onde ocorre anualmente a Wineathlon, cuja tradução não sei bem se seria a maratona do vinho ou o decatlo do vinho, mas pouca importa, o que importa é que tem vinho. Ao longo do trajeto, os atletas recebem copos de vinho para se reidratar, repor sais minerais e reforçar a disposição de espírito, para quando as forças começarem a lhes faltar nas pernas.
Qual a distância percorrida na prova? Até que caia o último bebum. Vence quem ficar por último em pé. Brincadeira. Bom que fosse. A prova não é das mais longas (infelizmente), conta com um trajeto de 6,5 milhas, o que dá pouco mais de 10 km, e o vinho também não é fornecido a la vonté. As garrafas são dispostas a cada 3 km de prova, ou seja, o atleta só dá três bebericadas durante o percurso. Em cada parada para um golinho, o corredor encontra vinhos que representam uma certa região vinícola do planeta, oferecidos nas versões tinto, branco e rosé.
Não sei se há um limite de tempo para a duração do pit stop de cada corredor, ou se ele pode parar e ficar o tempo que quiser em cada mesa de abastecimento. E que se foda que lhe ultrapassem; nesse caso, ganha mais quem chega por último. Ou quem nem chega. Quem tomba - feliz - pelo caminho. Também não sei o quanto ele pode beber de vinho em cada estação de amostragem, se pode pegar uma garrafa e entornar no gargalo ali na mesa e levar outra para ir tomando no caminho e aguentar os próximos suados três quilômetros que o separam do próximo oásis, ou se a coisa funciona na base e ao estilo da degustação. Se for, não vale o valor da inscrição da prova, 18 libras esterlinas.
Eu correria essa prova, tranquilamente. Mas não sairia na ala dos anônimos, não, dos amadores. Eu largaria no pelotão de elite. E, claro, para evitar possíveis contusões e distensões musculares, faria um aquecimento prévio em casa. 
É a Corrida de São Onofre, que é o santo protetor dos bebuns! 

Em tempo : uma vez que acontece na Escócia, por que a Wineathlon não é a Scotchathlon? Por que não são servidos legítimos whiskys escoceses aos competidores, bebida de macho? Sei não, acho que até os highlanders estão embichando.

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2 Comentários

  1. A... Que loucura,mas pelo que você relata tudo não passa de diversão. E quem chega em pé no final.Bem com certeza eles devem ganhar uma bela dor de cabeça..kkk
    Abraços sempre.
    Luandabela.

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