Antes do KY, o Creme Rinse Colorama

Em meados da década de 1980, inícios da de 90, não existiam, que eu me lembre, produtos projetados e destinados especificamente à prospecção anal de profundidade, a uma incursão segura e confortável ao quente e semifundido centro da Terra, para tocar o lado B do vinil sem riscar gravemente o disco.
Se os havia, publicidade deles - suas marcas, qualidades e atributos - não era veiculada de forma tão livre quanto hoje. Se os havia, provavelmente ficavam escondidos nos fundos das farmácias, de onde só saíam, e imagino que de uma forma muito discreta, se fossem pedidos diretamente ao balconista, e não expostos nas prateleiras ao lado de desodorantes e pastas de dentes feito hoje em dia. E as embalagens são tão parecidas que é bem capaz do consumidor se confundir e levar gato por lebre. Caso isso aconteça, caso você não diferencie os dois produtos, muito cuidado com onde irá colocar a sua escova de dentes.
De qualquer forma, ainda que existissem de forma clandestina nos fundos das farmácias, e disso soubéssemos, jamais teríamos coragem de solicitá-los ao balconista. Muitas vezes, já era complicado comprar camisinhas. Percorríamos quilômetros de via crucis até encontrarmos uma farmácia em que não houvesse uma mulher ao balcão. Imaginem, então, se iríamos ter coragem de pedir um lubrificante para o toba. Sem contar o risco do balconista pensar que, na verdade, iríamos dar e não comer um jilozinho enrugado, como o ocorrido num caso já relatado aqui no Marreta, o da Vaselina Pacu.
Mas não. Por mais que eu puxe pela memória, não consigo me lembrar da existência do KY ou de outros que tais naquela época. Definitivamente, não existia KY. Mas havia o Creme Rinse Colorama, o cor-de-rosa. E havia o gênio inventivo. A centelha criadora.
O ano era o de 1987. Eu, prestes a completar os meus 20 aninhos, estava de namoricos com uma terceiranista do curso de Enfermagem da USP (eu frequentava o de Química) que morava nos alojamentos do campus. Num fim de semana, as demais amigas que dividiam o alojamento com ela foram para as suas respectivas cidades e eu montei acampamento por lá.
O primeiro tempo do jogo se deu mesmo no conforto e comodidade da cama dela e terminou com um saudável placar de 3 a 1 para ela. No intervalo, fomos tomar uma refrescante chuveirada. No banho, a sacanagem recomeçou. Beijinho aqui, mordidinha ali, lambidinha acolá, uma putaria dita ao pé do ouvido, uma buzinadinha na teta e, sem que eu me desse conta, o pau tava duro de novo - que maravilha era ter 20 anos.
Já com más intenções, abracei-a por trás e, ao mesmo tempo em que mordia sua nuca e orelhas e massageava os peitos, comecei a roçar o cacete por entre o vão das nádegas, o famoso rego, detendo-me mais e fazendo uma pressão maior bem no epicentro da região onde o sol não bate. Vendo que ela correspondia às minhas investidas, ou que ao menos delas não se esquivava, resolvi ser mais atrevido e contundente. Posicionei a chapeleta na entrada do emissário submarino e forcei, já esperando pela negativa dela, já esperando que ela tirasse, literalmente, o cu da reta. Porém, ela não recuou nem reclamou do intruso a tentar arrombar a sua porta dos fundos. Só se queixou do evidente atrito e do desconforto que estava causando. Arde, se tivesse alguma coisa pra deixar ele lisinho..., lembro até hoje dela ter falado.
Nada de pânico, pensei. Eu não podia perder aquele cu por falta de uma vaselina ou coisa que a valesse. Perscrutei o ambiente ao redor em meio à fumaça da água quente do chuveiro até que dei de cara com o Creme Rinse da Colorama. Tive, então, um insight digno de um gênio, de um Arquimedes; aquele corpo duro e latejante iria, sim, ocupar o mesmo lugar no espaço que aquele cu piscante. Por pouco não gritei Eureka.
Para os que não sabem, os mais novos que 30 anos, o antigo creme rinse (rinse, do inglês, enxaguar) são os atuais condicionadores para cabelos. Deixam os cabelos mais macios, sedosos, brilhantes, penteáveis e fazem isso porque criam uma película em volta dos fios que diminui o atrito entre eles. Um redutor de atrito, era do que eu precisava naquela hora. A necessidade e o pau duro são as mães da invenção; assim, algo designado a um fim pode adquirir usos jamais imaginados por seus formuladores.
Eu fui o descobridor do fator KY embutido no Creme Rinse Colorama! Descoberta que trataria de divulgar posteriormente a bem da ciência aplicada ao cotidiano, como logo relatarei.
Abri o Creme Rinse Colorama, enchi a mão daquela pasta rosa, besuntei o rego dela e o meu pau e voltei à carga. Notando que o desconforto e o ardor haviam sido suprimidos, ela empinou um pouco mais a bunda, ficou quase que na ponta dos pés, e jogou o quadril para trás, de encontro ao meu pau. Foi entrando tudo, deslizando, devagar sim, porém sem paradas. E o serviço foi finalizado ali mesmo, no chuveiro, no vapor do box. Ainda nesse mesmo fim de semana, o Creme Rinse Colorama foi usado mais uma vez.
Coisa duns quatro ou cinco dias depois, numa bebedeira em uma festa de república, eu relatei minha descoberta aos mais chegados, ao pessoal da diretoria, à canalhada que é sempre a última a ir embora da festa. As gargalhadas irromperam. De início, houve incredulidade da parte deles, o ceticismo próprio de todo aspirante a homem de ciência. Em seguida, a curiosidade pelos fatos, pelos pormenores, por cada etapa do experimento. Quiseram saber se funcionava de fato, se o resultado não fora uma eventualidade, um ponto fora da reta, qual era a quantidade a ser utilizada, se dependia do diâmetro, profundidade e tônus das pregas do cu em função do tamanho e da bitola do pau.
E a coisa correu pelo campus. Fiquei sabendo que ela própria, a minha dedicada colaboradora no experimento, tinha contado a umas amigas que nunca se sentira tão bem e confortável durante uma colonoscopia.
O que sei é que, em pouquíssimo tempo, quase que imediatamente, o Creme Rinse Colorama estava presente nos banheiros de 90% dos alojamentos do campus e das repúblicas da cidade. As vendas do produto triplicaram nas farmácias circunvizinhas. Relatos começaram a surgir do uso alternativo do Neutrox, da concorrente Revlon, mas os resultados e os desempenhos relatoriados ficavam muito abaixo dos do Creme Rinse Colorama, o rosinha que satisfaz.
Não tinha igual. O Creme Rinse Colorama era o que havia de mais avançado na tecnologia capilar da época. Fosse hoje, as top models mais bem pagas do mundo figurariam em suas peças publicitárias, cartazes e comerciais de TV. As modelos balançariam suas madeixas sedosas, livres, leves e soltas, e, ao fim, sorririam maliciosamente e em close para a câmera, sugerindo o outro uso do produto.
Então, a sorte me abandonou tempos depois - tempos duros e tristes - e cus pararam de chover na minha horta. Quando os ventos da bonança voltaram a soprar em meu favor, procurei pelo Creme Rinse Colorama em todas as farmácias, supermercados e lojas especializadas do ramo. Parara de ser fabricado em suas formulação e embalagem originais. Havia um similar em seu lugar, um simulacro. Comer um cu nunca mais foi a mesma coisa.
Uns se jactam de ser chamados de o rei do gado, outros, de o rei do café, o rei do futebol etc etc. O fato é que, durante um áureo tempo, por todas as ruas escuras do campus da USP e seus alojamentos, o Azarão foi conhecido (e temido) como o Rei do Creme Rinse.
Assim o foi, o é e sempre o será. Quem foi Rei nunca perde a majestade. As manhas. O savoir faire.
Vasculhei a net e só achei essa única imagem do Creme Rinse Colorama, uma imagem muito ruim, injusta e ingrata para com quem tantos bons serviços me prestou no passado. Se alguém que ler a postagem souber onde posso encontrar uma foto melhor, peço que envie o endereço pelo campo dos comentários. Ficarei eternamente agradecido. Posso até comer o seu cuzinho por isso.

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12 Comentários

  1. COMO PRESIDENTE VITALÍCIO(AQUI NÃO TEM PORRA DE ELEIÇÃO, NÃO SENHOR!!!), DO SINDICATO DOS PUNHETEIROS DE GARANHUNS - PERNAMBUCO, ADISPOIS QUE JÁ ESTOU COM O CORO DA TESTA GROSSO, COM O QUENGO CHEIO DA MEROPÉIA, DA TRIBUNA, NOS MEUS DISCURSOS ACALORADOS VOU DIRETO AO ASSUNTO: O MELHOR INGREDIENTE MEGUELÊ PARA BATER UMA TREMENDA PUNHETA É SEM SOMBRA DE DÚVIDAS O CREME RINSE COLORAMA. A RECEITA É PRÁTICA: VOCÊ ENCHE AS DUAS MÃOS DO PRECIOSO LÍQUIDO LIGUENTO, DAR DE GARRA DA PICA E, COM AS DUAS FERRAMENTAS FEITO TIRADOR DE COCO, ARROCHA O CACETE PRA CIMA QUE É UMA GOZADA DE CAIR DE COSTA!!!

    P.S.: Depois dá um soninho...

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  2. https://www.google.com.br/search?q=imagem+creme+rinse+colorama+antigo&biw=1366&bih=604&tbm=isch&imgil=6xwWEakq3CiJDM%253A%253BjlDjTPTy9sVuKM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fedasuaepoca.blogspot.com%25252F2012%25252F01%25252F1975-shampoo-e-condicionador-colorama.html&source=iu&pf=m&fir=6xwWEakq3CiJDM%253A%252CjlDjTPTy9sVuKM%252C_&usg=__wdt4j9x-8PH7SYnf0aXBC42MBPE%3D&ved=0ahUKEwjbqPvkt5vKAhXCTZAKHUXSDSgQyjcINQ&ei=NU-QVpu6EcKbwQTFpLfAAg#imgrc=6xwWEakq3CiJDM%3A&usg=__wdt4j9x-8PH7SYnf0aXBC42MBPE%3D

    Vai ter que me comer, meu querido.

    Ex-boiola

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    1. Ainda não será dessa vez, meu querido. Não sei se percebeu, mas foi exatamente dessa foto que eu cortei apenas o creme rinse. Se olhar bem para a postagem, verá uma pequena parte do frasco amarelo ao lado.

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  3. Querido Azarão.
    Já faz um tempo que venho acompanhando seu site e tenho resistido deixar mensagem. Mas acontece que desta vez não consegui resistir. Ao ler seu relato sobre a putaria no chuveiro, me deu um tranquinho no cu, como há muito tempo não dava. Quando eu ainda era virgem de buceta, eu só dava o cuzinho para os namorados. A minha mãe queria muito que eu casasse virgem, entende? E quantos namorados foram! Só que no caso eu não curto creme Rinse ou qualquer lubrificante. Esses entram no cuzinho e depois sai uma gosma de merda. Não é para os fracos, mas eu gosto de dar o cu a seco mesmo. No máximo com um pouquinho de saliva na portinha. Quando entra o pau no meu rabinho, a seco, tem mais atrito. Além do meu cu ser mais elástico, eu sou muito resistente a dor. Mas é uma dor gostosa. Eu mordo a fronha, mas imploro que não parem de me comer o cu. Muitas vezes dou o cu e toco siririca. Noutras dou o cu com um vibra na buceta. é assim que tenho prazer. Acha isso normal? ROSQUINHA

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    1. Normalíssimo!!! Acho normalíssimo!!! Já conheci alguns casos como o seu, as virgens sem pregas.
      Obrigado pelo seu testemunho de vida e espero que ele encoraje a mulherada a adotar a prática do roscofe. A maioria não sabe o poder que um cu exerce sobre o homem.
      Bem-vinda ao Marreta e comente sempre que quiser, fique à vontade por aqui, Rosquinha.

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  4. Rosquinha...adorei o seu depoimento de vida! Aliás...que relato profundo minha filha! Curioso...ainda dias atrás, durante uma caminhada eu comentei de você com Azarão. Você fez um breve comentário no meu blog há tempos atrás e eu não dei a devida atenção. se quiser aparecer novamente será muito bem-vinda. Leitinho

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    1. Rapaz, sai pra lá, nem vem que não tem. Essa rosquinha é minha!!!

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  5. Vacilada mercadológica da Colorama. Podia ter aproveitado a velha fórmula e lançado novo produto, destinado a um nicho específico (e que nicho!). Imagino até o nome comercial: Coloranus.

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    1. Pelo que pude perceber pelo seu comentário, o Colorama também já lhe prestou seus valorosos serviços, né, Jotabê? Velhos e bons tempos, hein?

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  6. Ah, sua imaginação é muito fértil.
    Agora, se aconteceu de verdade, só a enfermeira para confirmar.

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    1. existe uma outra maneira : você empinar o seu toba pra mim e pagar pra ver!!!

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