Litoral Sul Paulista : alerta de segurança máxima! Estado de emergência e de calamidade pública! Quase que um estado de sítio, de segurança nacional, com toque de recolher e tudo. Praias transformadas em campos minados. Criaturas marinhas há muito não vistas estão a atacar os banhistas. É a Natureza a usar seus agentes para reagir à ocupação predadora do ser humano.
Cardumes de tubarões-branco e tubarões-tigres? Miríades urticantes e flamejantes de águas-marinhas? Hordas de lulas-gigantes? Tropéis de orcas assassinas? Nada disso : dois "ataques" de bagre em Itanhaém.
Bagres mutantes fugidos de algum laboratório de genética de um cientista louco? Bagres que serviriam a uso militar e que fugiram do controle de seus criadores?
Porra nenhuma! É só mesmo o bom e velho bagre de sempre - um peixinho com 20 a 30 cm de comprimento - que está a apavorar os banhistas do litoral sul paulista e já a alarmar e a fazer terrorismo com os frequentadores de praias de todo o país. Todo mundo, do Oiapoque ao Chuí, se cagando de medo do bagrezinho. É muita viadagem.
Não lhe diminuo o risco nem desprezo a dor provocada por seus ferrões. Quando moleque, até os meus 13, 14 anos, fui pescador assíduo, mas pescador macho, nada dessa porra de pesca esportiva, o que eu fisgava não tinha perdão, ia mesmo para a panela, e fui ferroado várias vezes por bagres e mandis. Dói. Dói pra caralho. Lateja. Mas também não é para tanto. Uma das "vítimas" do inclemente bagre chegou a declarar que a ferroada do bichinho é mais excruciante que a dor do parto. Não tenho vivência para refutá-la ou não, mas sei que dói bem menos que um chute bem dado no saco.
O ser humano anda muito frouxo, muito doloridinho. Toda essa facilidade da vida moderna, toda essa tecnologia zumbizante estão a transformar o ser humano num saco de bosta. Está a torná-lo em um ser alheio ao mundo que o rodeia, a minar sua atenção para pequenos riscos inerentes ao ambiente, a solapar sua noção de perigo, a subtrair seu instinto de sobrevivência. O ser humano está se tornando uma espécie de autista da Natureza. Ele anda por seu mundinho como se nenhuma outra espécie houvesse no planeta. Digo isso porque bagres não atacam seres humanos. Seus ferrões só entram em ação contra o bicho homem se antes for agredido, se alguém pegá-lo, pisá-lo, deitar em cima dele sem se dar conta.
Foram dois "ataques", um no pé , em decorrência de um pisão que o peixe levou, e outro na barriguinha de uma banhista, que se deitou na areia em cima do peixe. Mais : os dois "ataques" foram perpetrados por bagres já mortos, descartados por pescadores, que não tem interesse comercial no pequeno peixinho. Não existe ataque de bagres a humanos, sim o contrário.
Notem que a mulher tem um piercing no umbigo, e agora ganhou outro na barriga, de graça. Um piercing natural, ecológico e autossustentável. Mulher é mesmo um bicho estranho. Depila pernas com cera quente. Depila buço e buça com cera quente. Depila o cu com cera quente. Faz lipoaspiração. Rasga o peito pra pôr silicone. Bota piercing no umbigo, língua, supercílio e até no grelo. Aí, leva uma ferroadazinha de um bagre e já faz um puta escândalo? Já quer chamar a Guarda Costeira, a Capitania dos Portos e a Marinha do Brasil?
Só está faltando chamarem o Steven Spielberg, diretor do clássico Jaws (Tubarão, no Brasil), para filmar Stings (Bagre, no Brasil) no cenário nada paradisíaco de Itanhaém.
E os banhistas paulistas ainda estão levando o maior boi, estão é reclamando de barriga cheia, eles têm é que agradecer pelo bagre. Os banhistas das praias fluviais amazônicas estão a se cagar de rir da frouxidão sulista. O bagre não é nada. Podia ser o candiru!
Para os que não sabem, o candiru é o terror dos ribeirinhos da Amazônia. O cara nada ao lado de piranhas, mas não põe nem o pé na água se souber que por ali nada um cardume de candirus. O candiru é um pequeno peixe típico da bacia amazônica, mede geralmente em torno de 10 a 12 cm (alguns exemplares podem chegar a 40 cm) e é um parasita interno de outros peixes. O candiru entra pelas guelras de peixes maiores e os devora de fora para dentro. Porém, ele também é atraído pela acidez da urina e pelo odor de fezes humanas; dessa forma, não raro, o candiru entra pelo cu do banhista e vai subindo, comendo-lhe os intestinos.
E o candiru é mesmo muito chegado e apegado a um cu! Entrou, só sai com cirurgia. Se o banhista conseguir segurá-lo antes que entre todo e tentar puxá-lo, só irá aumentar o estrago em suas pregas, pois as escamas do candiru se abrem em sentido oposto ao da saída do cu, feito aquelas buchas colocadas nas paredes para receberem parafusos. Daqui não saio, daqui ninguém me tira, é o lema do candiru.
Nos rios da Amazônia, o ditado "quem tem cu tem medo" é plenamente justificável.
Foto superior : candirus parasitando outro peixe; foto inferior : radiografia de um cara com um candiru no cu. |
E o povo reclamando de um ou dois bagrezinhos mortos... E se fossem candirus, a exemplo da banda Ultraje a Rigor, a invadir as vossas praias?
Bom, se bem que do jeito que as coisas andam hoje, era bem capaz da praia superlotar de banhistas, todos a disputar espaço em suas águas. Todo mundo a pular de bunda contra as ondas! Pãããããããta que o pariu!!!
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