Será Que Eu Me Pareço Com A Angelina Jolie?

É comum ouvirmos dizer - e mesmo constatarmos visualmente - que, ao envelhecerem juntos, os cônjuges se tornam mais e mais assemelhados fisicamente.
Sempre pensei que, em parte, essa semelhança adquirida, digamos assim, fosse devida à longa convivência, em que um assimila do outro a maneira de falar, o linguajar, o gestual, os maneirismos, as manias etc. Feito os imitadores que em nada se parecem fisicamente com as pessoas que imitam, mas nos fazem lembrar imediatamente delas ao realçarem um timbre de voz, um gesto, uma expressão fisionômica, um tique nervoso.
E que também, por outra parte, devesse-se a drástica redução hormonal na mulher : com a redução quase que a zero da produção dos hormônios sexuais, a mulher mais idosa passa a perder as características femininas dadas por esses hormônios e vai se "masculinizando", algumas ficam mais com cara de velhos que de velhas.
Mas parece que a coisa não é bem assim. Evidências recentes indicam que, talvez, essa semelhança não venha com o passar do tempo, que, talvez, ela sempre tenha existido; e que essa parecença tenha sido justamente a responsável pela união do casal.
O que faz uma mulher parecer bonita a um homem e não a outro? Os cientistas sempre tentaram vincular a beleza física às taxas de hormônios e às características ligadas à fertilidade, quadris largos e tamanho dos seios. Mas como explicar a preferência por características que em nada são relacionadas à fecundidade, como a cor dos cabelos ou dos olhos?
Agora, uma nova pesquisa, publicada pela revista PLOS ONE, mostrou que os homens também são atraídos por mulheres que se parecem com eles, consideram bonito um padrão físico em que eles próprios se reconhecem. É óbvio. É o velho adágio popular, quem ama o feio, bonito lhe parece.
Puta que o pariu!!! Será que eu me pareço com a Angelina Jolie?
Os resultados do estudo levaram os cientistas a avaliar duas hipóteses evolutivas. A primeira é a homogamia - que não tem nada de viadagem, não -, um fenômeno observado em várias espécies de animais que faz com que alguns indivíduos tenham a tendência em buscar parceiros que lhes sejam geneticamente próximos, ou, em outras palavras, que se pareçam com eles.
Puta que o pariu!!! Será que eu pareço com a Scarlett Johansson?
A segunda é o velho medo do macho de ser corno, a ricardãofobia, cientificamente chamada de "a incerteza da paternidade". Os homens teriam uma tendência a preferir (inconscientemente, claro) traços recessivos nas mulheres, uma vez que isso facilitaria o reconhecimento de seus traços genéticos nos filhos do casal. Assim, um homem preferiria os olhos azuis ou os lábios finos, que são características recessivas em relação aos olhos marrons e aos lábios grossos.
Os dados obtidos dão um clara prevalência à primeira hipótese, a homogamia, ficando a "incerteza da paternidade" na categoria de inconclusiva. Os pesquisadores, agora, darão sequência ao estudo para tentar elucidar a importância da homogamia na escolha dos parceiros, desvendar se há alguma vantagem evolutiva nos filhos gerados por pais geneticamente semelhantes.
Sei lá. Pesquisa científica é aquilo que a gente bem sabe. O pesquisador tem uma ideia, uma impressão inicial sobre um fenômeno e, via experimentação e observação, tentará prová-la a todo custo; inclusive, e muitas vezes, induzindo os resultados em direção a essa comprovação, escolhendo - ainda que inconscientemente - objetos de estudo que condigam com sua hipótese.
Tratando-se de seres  humanos, cada um é uma lei científica, cada um é uma regra em si, o que vale também dizer que cada um é uma exceção. O pesquisador é aquele cara que possui a habilidade inata de reconhecer um grupo significativo de pessoas com um comportamento muito particular - e de interesse à sua pesquisa -, um grupo numericamente significativo de exceções, portanto; e usa esse grupo particular em seus estudos para "confirmar" e estabelecer tal comportamento como uma regra que ele julga geral. É o famoso "acochambrar".
Ou você acham mesmo, por exemplo, que toda criança adora comer merda e sente tesão pela mãe? Nesse caso, acho eu, Freud usou um número reduzidíssimo dessas exceções para vertê-las em regra geral; na verdade, acho que ele usou apenas a si próprio.
Fazendo uma breve retrospectiva do meu não tão variado histórico amoroso, não noto semelhanças significativas entre mim e qualquer uma de minhas ex-namoradas, ou entre mim e minha esposa, ou, mesmo, semelhanças consideráveis entre elas.
De qualquer maneira, escolhendo alguém semelhante a nós ou não, ainda acho muito mais atraente um belo par de peitos do que minha barba escassa, falha e desgrenhada.
Fonte : Revista Veja

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2 Comentários

  1. Azarão, o que dizer então dos "pelés" que se casam com "xuxas", caso muito comum entre nossos célebres jogadores de futebol, por exemplo? O que têm de semelhante geneticamente, além do branco do olho? Nesse caso, acho que as loirinhas se identificam geneticamente com a efígie da nota de 100 reais, não? rsrsrs
    E.t.: nossa língua portuguesa nos prega peças à beça: "condizer" se conjuga como "dizer": "que digam"; "que condigam". Espero que não se ofenda com este toque, eu sou viciado em seu blog! Grande abraço!

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    1. Rapaz, acho que a hipótese da "incerteza da paternidade" bem se ajusta no caso dos pelés em relação às xuxas , todos as características das loiras são recessivas em relação às características dos negros; já no caso das xuxas em relação aos pelés, você deve ter razão, deve ser mesmo a boa e velha nota de cem, além, é claro, do tão propalado, quase folclórico, atributo dos negões, o famoso "pé de mesa" (tem hífen?)
      Em relação ao seu toque, antes que ofendido, fico é muito agradecido. Minha formação universitária não é na área de letras e muitas vezes consulto dicionários e gramáticas quando estou escrevendo aqui, mas essa realmente me escapou.
      Condigam..., como você bem disse, a língua portuguesa nos prega peças à beça, mas que a danada é muito da elegante, isso ela é.
      Toque anotado, absorvido e já corrigido.
      Grande abraço.

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