Não É Carnaval, Mas É Madrugada (10)

Bandeira Branca, composta em 1970, é talvez o último dos clássicos dos velhos carnavais das marchinhas; depois de 1970, desgraçadamente, predominaram (e predominam até hoje) os nefandos sambas-enredos.
Bandeira Branca é de autoria de Laércio Alves e Max Nunes. Max Nunes, hoje com 90 anos de idade - nasceu junto com a Semana de Arte Moderna -, é o redator, diretor, produtor, e sei lá mais o quê, do Programa do Jô. E isso desde a época do Viva o Gordo, na década de 80, ou seja, desde quase sempre.
Max Nunes é o Jô Soares; melhor, Jô Soares é uma fração de Max Nunes, é um Max Nunes mais gordo, o Jô é um dos heterônimos de Max Nunes, uma de suas subpersonalidades, o Jô é o que o Max Nunes faz nas horas vagas.
Na letra, um Pierrot rende-se à força da dor da saudade; trêmulo, tremula a bandeira branca e pede paz, pede a volta da amada. É carnaval, porra. Não é hora para melindres e orgulhos feridos. Vergonhoso, no carnaval, é o cara passar as quatro noites na seca, no jejum. Bacalhau se come é no carnaval, e não depois da quaresma, na merda da sexta-feira santa. 
Aí, o sujeito perdoa tudo, sacanagens, cornagens, crocodilagens, tudo, o cara quer é rosetar, quer é despetalar a camélia que caiu do galho.
O que muita camélia incauta não sabe, nem sequer desconfia, é que, a hastear cada, aparentemente, submissa bandeira branca, há um mastro rijo, uma benga em riste prestes a lhe comer o rabo; a bandeira branca é a minhoca na ponta do anzol, ou, no caso, a minhoca na ponta do minhocuçu.
No carnaval, a tudo se perdoa e tudo é perdoável. Abandone as reservas, agite sua bandeira branca, sem vergonha e sem culpa. Ainda não é carnaval? Mas já é madrugada : valem as mesmas regras, bandeira branca, amor.
Bandeira Branca
(Max Nunes/Laércio Alves)
Bandeira branca, amor
Não posso mais
Pela saudade
Que me invade
Eu peço paz 


Bandeira branca, amor
Não posso mais
Pela saudade
Que me invade
Eu peço paz
 

Saudade mal de amor, de amor
Saudade dor que dói demais
Vem meu amor
Bandeira branca
Eu peço paz

Bandeira branca, amor

Não posso mais
Pela saudade
Que me invade
Eu peço paz

Bandeira branca, amor

Não posso mais
Pela saudade
Que me invade
Eu peço paz
 

Saudade mal de amor, de amor
Saudade dor que dói demais
Vem meu amor
Bandeira branca
Eu peço paz

Pela saudade

Que me invade
Eu peço paz

Saudade mal de amor, de amor

Saudade dor que dói demais
Vem meu amor
Bandeira branca
Eu peço paz

Bandeira branca, amor

Não posso mais
Pela saudade
Que me invade
Eu peço paz

Bandeira branca, amor

Não posso mais
Pela saudade
Que me invade
Eu peço paz

Postar um comentário

0 Comentários