Deu$ Seja Louvado

O Ministério Público Federal, na pessoa do procurador Jefferson Aparecido Dias, entrou com uma ação civil pública nesta segunda-feira (12/11) em que pede que as novas cédulas de real passem a ser impressas sem a expressão "Deus seja louvado". 
A expressão surgiu em 1986, por ocasião do Plano Cruzado, que trocou a moeda do país, o cruzeiro (Cr$) pelo  cruzado (Cz$). A inclusão da frase foi sugestão de José Sarney,  o então presidente da república.
O procurador justifica sua ação pela observância da laicidade do Estado, e diz que manter a expressão se configura numa predileção pelas religiões adoradoras de Deus como divindade suprema, o que impediria a coexistência em condições igualitárias de todas as religiões praticadas no país.
Não acho! Se a expressão fosse Cristo seja louvado, eu concordaria, seria uma clara preferência pelo cristianismo. Mas deus não. Toda e qualquer religião cultua um deus (ou vários) como entidade suprema.
O problema é que quando se fala em Deus (com letra maiúscula) ocorre a correspondência imediata ao deus cristão. O cristão é tão pouco criativo e sem imaginação que não conseguiu dar um nome ao seu deus, resolveu simplesmente chamá-lo de Deus.
Acontece que "deus" é um substantivo comum, é um termo genérico que se refere a toda e qualquer divindade cultuada pelo ser humano, as que já existiram e morreram, as atuais e as vindouras. O cristão transformou deus em substantivo próprio, Deus. Tão próprio, que dele, Deus, se apropriou, tornou-o sua patente e propriedade. 
Deus não é Deus, é deus, vale para qualquer um.
Dessa forma, a expressão Deus seja louvado nas cédulas de real não é capaz de ferir nem ofender ninguém, de injuriar nenhuma religião. Se o cara é muçulmano, ele lê deus na nota e o associa a Alá, se é testemunha de Jeová, óbvio, a Jeová, se é judeu, a Adonai, e assim por diante. Não vejo o porquê de tanto barulho em torno disso.
Teoricamente, os ateus seriam os únicos que poderiam se sentir ofendidos com a "presença" de deus no dinheiro. Teoricamente. Porque, na prática, o ateu não está nem aí, está cagando e andando para deus e as religiões. Digo do ateu verdadeiro, do ateu sério, não o chamado neoateu, o que sai por aí professando o ateísmo feito uma religião às avessas.
Para o verdadeiro ateu - o que é o meu caso -, tanto faz estar escrito Deus seja louvado ou Papai Noel seja louvado, ou Coelhinho da Páscoa seja louvado, ou Mula-sem-cabeça seja louvada. São todas entidades míticas; e o que não existe, não pode ofender ninguém.
Além disso, a própria Igreja Católica se posicionou contra a petição do procurador, quer que seu Deus seja mantido no dinheiro - por que será, hein? Será que a Igreja Católica leva uma comissão da Casa da Moeda do Brasil? Ora, se os próprios donos de Deus não se ofendem em ver o sacro nome Dele estampado no vil metal, no símbolo máximo de um sistema econômico desigual e nada cristão, quem sou eu, um ateu, para me ofender, para ficar com melindres?
O que ofende mesmo é um procurador da República, um funcionário público bem remunerado e regiamente pago pelos impostos dos cidadãos, não se ocupar de assuntos mais sérios e relevantes à nação.
Deus? Quero que deus se foda!

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4 Comentários

  1. Marreta, eu acho que tem que tirar mesmo a expressão. A gente já se fode com impostos pra pagar o salário desse procurador, tirando a expressão tem-se uma economia...de tinta na hora de imprimir novas cédulas. ETA PAÍS MARAVILHOSO!

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  2. Na verdade, o ateísmo não passa de uma crença também, assim como o cristianismo, espiritismo, etc. Estamos dentro de uma moldura, onde não vemos o que está por trás, ninguém sabe ao certo o que existe ou não, ninguém foi mais além pra comprovar se Deus existe ou não. Só temos que sobreviver com as poucas informações que temos daqui, o problema é que somos influenciados por outrem a acreditar no que eles querem. É um absurdo a gente pensar que possa existir alguém tão poderoso que tenha nos criado, assim como pensar que não exista.

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    1. O problema é a palavra "alguém", ela personifica essa suposta força criadora, dá-lhe formas humanas, aí fica mesmo impossível existir tal deus.
      De qualquer forma, seja absurdo pensar que existe ou que não existe, o legal é não parar de pensar.
      Você escreve bem, direitinho.
      Vejo, porém, que o conteúdo de seu texto é um pouco influenciado por algo de filosofia, algum filósofo que eu não sei quem é, pois nunca os li.
      Mas não tem problema, você é inteligente, com o tempo se livra dessas más influências.
      Obrigado pelo comentário.

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  3. É só aparecer uma mulher que o velho Marreta se rende. Quer dizer, uma mulher e com ares te intelectual.

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