Bem Distante de Ser Educação

Acabei de ler agora na Revista Época que um a cada sete novos alunos de graduação no país faz seu curso à distância. E a matéria segue exaltando as "qualidades" dessa recente modalidade de picaretagem educacional, embasa-se em supostas estatísticas que comparam o sucesso de graduados de cursos normais com os graduados fantasmas e estabelece uma paridade entre eles, traz ainda o depoimento de vários idiotas que gastaram seu dinheiro na compra de um diploma à distância.
É óbvio que matérias engrandecendo falsamente tais cursos aparecerão cada vez mais na mídia. E nem as considero matérias jornalísticas, são propagandas pagas, são informes publicitários disfarçados, como são os cursos à distância também disfarçados de seriedade.
Os cursos à distância são um novo produto no mercado, um produto como um novo modelo de celular ou de TV de plasma, exatamente a mesma coisa. Um produto com forte apelo comercial para a índole preguiçosa do brasileiro, um produto que cai como um luva para o nosso famoso "jeitinho", são mais baratos que os cursos presenciais, exigem muito menos esforço e permitem uma maracutaia muito maior em relação às avaliações, as velhas "colas" feitas em pedaços pequenos de papel ou nas palmas das mãos são coisa do passado, a "cola" hoje é online, é tecnológica, é oficial, é reconhecida pelo MEC, a trapaça no aprendizado é reconhecida pelo nosso Ministério da Educação e Cultura.
O pior, vou repetir aqui pela enésima vez, nem é o idiota que se dispõe a ser aluno de uma estrovenga dessas, o pior é o profissional que se diz professor e colabora com essa aberração, gravando lá suas aulinhas safadas que serão transmitidas via internet. O pior é o cara que se diz professor, e portanto se julga erroneamente igual a mim, e que, ao gravar aulas, elimina a figura do professor do processo de aprendizado. Manifesto aqui, de novo, meu mais profundo repúdio e menoscabo por esse "professor".
Esses indivíduos deveriam se envergonhar de se dizer professores, mas não se envergonham; alguma vergonha ainda tivessem, não se prestariam a isso. Uma nova categoria deveria ser criada dentro da "Educação", a esses vídeoeducadores não se deveria permitir o título de professor, é urgente uma nova denominação, é urgente separar o joio do trigo.
Eles deveriam ser enquadrados na mesma categoria dos operadores de telemarketing e daqueles caras que ficam berrando o dia todo nos canais de compras da TV, os polishops da vida, deveriam ser enquadrados na mesma categoria profissional dos vendedores da faca Ginsu.

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1 Comentários

  1. Sou obrigado a concordar contigo.
    O problema de enquadrar os vendedores de pastiches em uma nova categoria é a disputa dos sindicalistas. Ora, o pessoal do sindicato, que ainda ouvem ecos da Revolução Russa, estão brigando para ver quem vai ser o novo presidente dessa categoria. rssss

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