Proibida Puro Malte, O Fim de Uma Boa e Barata

Dentre as cervejas puro malte mais comerciais, digamos, assim, mais acessíveis ao  meu bolso,  a Proibida Puro Malte, a do rótulo preto, ocupava, juntamente com a Brahma Extra Lager, o honroso segundo lugar de meu panteão da cevada. Perdiam para a Serramalte, a minha preferida da categoria.
Há tempos a latinha preta da Proibida Puro Malte sumiu das prateleiras dos mercados, ou das do mercado onde eu a comprava, pelo menos. Ontem, ela reapareceu. Em nova roupagem. Branca e dourada. Feito um hábito de monge.
A luz de alerta já acendeu na minha cabeça : embalagem nova, talvez nova formulação. Lembrei-me, no entanto, do notório adágio : o hábito não faz o monge. Fui me fiar nesse ditado popular e me estrepei!
Talvez o hábito, de fato, não faça o monge, mas monges diferentes, de diferentes ordens, vestem hábitos diferentes. Latas de cerveja diferentes vestem, sim, cervejas diferentes. E piores. Bem piores, nesse caso.
Cheguei a pensar em não comprá-la, o branco e dourado da nova roupa da PPM não me agradou nem um pouco, mas levado pelo preço em oferta (R$ 1,89 a lata de 350 ml) e, de novo, por outro ditado popular, o que diz que em time que está ganhando não se mexe (por que mudariam a PPM, se já era tão boa?), comprei três latinhas.
Assim que a verti no meu poderoso canecão, comecei a perceber o tamanho da encrenca. O amarelo forte, tendendo ao brônzeo, da PPM que eu conhecia sumira, dera lugar a um amarelo pálido, anêmico; a espuma, outrora densa e consistente, mostrou-se frágil e aerada, feito espuma de sabão em pó, e se desintegrou em menos de 30 segundos. O pior ainda estava por vir, o gosto. Desapareceram o amargor, o frutado, a forte carbonatação. Aguada pra caralho. Sem gosto de nada. 
Pus meus óculos de velho e fui ler as letras pequenas do rótulo. Do tipo Golden Lager que era, a PPM foi transformada em Pilsen. O antigo teor alcoólico de 5,2% caiu para 4,3%, cerveja para viadinhos. No rótulo, ainda: "cerveja puro malte com alto drinkability". Fui ver que porra era essa. Drinkability é "um conceito subjetivo que vai medir o quanto o líquido é bebível e agradável. Quanto maior o grau de drinkability maior é a satisfação provocada pela degustação da cerveja, o que faz com ela seja passível de ser consumida novamente".
Passível de ser consumida... foi o que eu disse, cerveja de passivinhos, que não podem ter o seus refinados paladares agredidos por sabores mais fortes, ou não comprarão de novo a cerveja. Jamais. Nem moooortas!!!
Nem o R$ 1,89 por latinha compensou a nova Proibida Puro Malte. Por esse preço, prefiro muito mais a Lokal e a Serrana.
Se derem de cara com a lata abaixo, não importa por quanto ela esteja sendo vendida, ignorem-na. Corram dela.

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16 Comentários

  1. Olá, Marreta.

    Não sabia desse sumiço da latinha preta porque este ano só bebi só destilados. Tb gostava dela. Essa redução de teor alcóolico é estranha. Cada vez mais, penso, irão nos empurrar para as cervejas "artesanais" caras, de tão ruins que as industriais podem ficar, cheias de milho, arroz e, agora, com menos álcool.

    Eu quero álcool. Se não quisesse, tomaria suco de laranja!

    Abraços!

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    1. Pois é, a gente quer é álccol; a cerveja é só uma desculpa, ou era, haja vista estes recentes afrescalhamentos. Talvez esse seja o futuro : migrar para os destilados. Se bem que até o destilados andam a ter seus teores reduzidos; hoje já tem muita vodka por aí com 34, 35 graus.

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    1. Pois agora nem precisam mais proibir; eu não tomo mais de jeito nenhum.

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  3. Eu gosto de ler seus textos sobre a cerveja-feira que, pelo menos desta vez saiu no domingo (sem o título da "seção"). E sempre constato que tinha mais é que parar mesmo de beber, pois quanto mais amarga, quanto mais "carbonatada" (que porra é essa?), menos atraente seria para mim. Uma vez viajei a trabalho para São Luís, onde fiquei hospedado pela primeira, única e última vez em um "cinco estrelas" (cheguei à conclusão que esse tipo de hotel - muito fresco - não combina com um pé duro como eu). Pois bem, no frigobar do quarto encontrei uma cervejinha tipo exportação, garrinha de não sei quantos ml e suave, super suave (com "alta drinkability"), conhecida como "Cerminha" ou Cerma Exportação, irmã da ainda melhor (assim diziam) "Cerpa Exportação" (Cerpinha), do mesmo grupo, só que fabricada no Pará. Tomei algumas, mas ainda achei que tinham gosto de cerveja. Resumindo: álcool para mim só na forma de gel e concentração de 70%.

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    1. Rapaz, a Cerpa eu já tomei bastante e é (ou ao menos era à épcoa) cerveja de macho das antigas. A Cerma, ou "cerminha", eu nunca tinha ouvido falar; vou pesquisar.
      Álcool gel, só se for pra passar na torrrada!!!!

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    2. Cer Pa: cerveja do pará;Cer Ma: cerveja do Maranhão. Elementar, meu caro Marreta. Mas eu duvido que você tenha tomado a Cerpinha, só a Cerpa. A Cerpinha e Cerminha tinham embalagem com cara de espumante chique, a quantidade era de 350ml ou menos. Era cerveja de viado mesmo. O grupo cervejeiro tinha fábricas no Pará (Cerpa)e no Maranhão Cerma). Putz"! Até parece que entendo de cerveja!

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    3. Pãããããta... tão óbvio que nunca tinha me ocorrido, isso de cerveja do Pará. Agora que você falou, acho que já vi essa cerpinha, que imita a garrafa de uma champanhe, com papel alumínio dourado no gargalo e tudo, mas de fato nunca tomei dela.

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    4. Resolvi pesquisar mais o assunto. As duas fábricas eram "irmãs", criadas pelo mesmo empresário, um alemão. A Cervamar, fabricante da Cerma original não existe mais, mesmo que a marca possa continuar sendo utilizada (teria a mesma composição, a mesma receita?). Creio que a Cerpa deve ter mudado também, mas não acabou. Se quiser dar uma lida olhaí o link da Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cerpa
      Achei também este comentário: "Nos anos 1970, uma outra indústria, a Cervamar, da paraense Cerpa, também instalou uma fábrica em São Luís para produção de uma cerveja genuinamente maranhense, a Cerma, que foi saiu do mercado uma década depois". E agora, voltemos ao leite com Toddy.

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    5. Rapaz, sei não... acho que você tá com vontade de voltar a dar uma talagada!
      E prepare-se que ai vai uma das coisas mais horríveis em que já pensei : cer pa, cerveja do Pará; cer ma, cerveja do Maranhão; em que unidade da federação seria fabricada a cerveja do sujeito estudioso, caxias? No Distrito Federal, a CER DF.
      Pããããããta....

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    6. Pãããããããta quiu pariu! Está sendo contaminado!!! Às vezes, raríssimas vezes, eu até penso em dar uma "beiçada" na cerveja da patroa, mas aí me lembro de que não gosto de cerveja e a vontade some.

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    7. Pois é, esse foi terrível! Sua esposa tem preferência por alguma marca? Você recomenda a ela a instrutiva leitura do Cerveja-Feira?

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  4. Falando em "passivinho", espero que o Robin não esteja atrás do Batman, oculto pela malfamada lata...

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    1. O Robin não está... já o Coringa, eu não garanto.

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    2. Isso me lembra desse icônico vídeo, exatamente a 01 min e 55 s:

      https://www.youtube.com/watch?v=5KDbuCSHczU

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    3. Cara, que boa lembrança! Eu já conhecia essa redublagem, mas sempre vale a pena revê-la e dar boas risadas!

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