Cerveja Germânia 55, Essa Eu Não Conhecia

A caminho do trabalho, sempre a pé, passo pelo centro velho da cidade e cruzo por sua famosa Baixada. O velho, cansado e aprisionado rio, a horrenda rodoviária, o clássico e simpático Mercadão, os tristes e decadentes hotéis, as pensões baratas, e vários bares a servir de ponto de prostituição, inúmeros bares da luz vermelha. Neles, o contato é feito, o preço combinado e dali o programa segue para uns dos referidos hotéis ou pensões.
Ali, as musas do Odair José ficam o dia inteiro, passeando pelas calçadas, tomando cerveja, fisgando uns clientes (tem cara que aproveita a hora do almoço para dar uma fincada) e a exibir toda a sua classe e formosura. A mais bonita e bem cuidada ali faria Ivo Pitanguy desistir da profissão, sentir-se um inepto, rasgar o diploma. E os fregueses das moças, então? São ainda mais bem-apessoados : fariam não Pitanguy, mas a Evolução rasgar o seu diploma, declarar-se uma incompetente.
E foi em frente a um desses bares, fechados na hora em que passo por eles de manhã, mas já abertos e a pleno vapor quando por ali volto na hora do almoço, que uma lata me chamou atenção, vazia e abandonada à soleira do estabelecimento.
Primeiro pelo tamanho, ou melhor, pelo volume, 710 ml; depois pelas cores sóbrias - nada usuais em latas de cerveja, sempre brilhantes e espalhafatosas -, um fundo dourado de tons queimados, quase ocre, inscrições em marrom e em vermelho-terra, e por fim, o que mais me agradou, a presença de um texto em seu verso, explicando a origem histórica daquela cerveja. Quem é que fica lendo textos históricos nos versos de latas de cerveja? Eu fico.
Peguei a lata do chão e li. Ei-lo :
"Receita 55.
O Sabor que resistiu ao tempo.
Os alemães sempre levaram a sério suas cervejas. Em plena Idade Média, quando a ciência era confundida com bruxaria e punida com a morte, em Bremen, na Alemanha, um homem conhecido apenas como "Der Alchimist" dedicou sua vida à pesquisa de novos sabores. Enquanto outros alquimistas queriam transformar chumbo em ouro, ele buscava algo bem mais concreto : explorar as características do malte, do lúpulo e da cevada em combinações únicas.
Nas poucas anotações que restaram de seus trabalhos, a receita nº 55 é mencionada como a mais especial de todas - destinada a iniciar uma nova era na degustação de cervejas.
Agora, após tantos séculos, chegou a sua vez! Prepare-se para saborear e se encantar com a autêntica arte cervejeira, Germânia 55, inspirada nessa receita, criou um sabor único, para quem tem paladar mais exigente, com o poder de transformar cada gole em uma nova experiência."
Pããããta que o pariu!!! Um abnegado alquimista alemão quase foi parar na fogueira da Santa Igreja  para nos legar a receita 55. Em sua memória, digo mais, em memória de toda a ciência que o antecedeu e precedeu, temos a obrigação moral de experimentar essa maravilha.
Der Alchismist, ao invés de ficar com aquela viadagem de elixir da vida eterna, resolveu bem aproveitar a curta vida concedida a nós, humanos. Ao invés de ficar lá, enfurnado em sombrios porões de pedra, às voltas com cadinhos, retortas, fornos, mercúrio e enxofre, transmutou um grão dos mais sem graças em verdadeiro ouro líquido. Não será o dourado da cerveja o ouro que os alquimistas por tanto tempo buscaram, o segredo almejado desde a aurora dos tempos por gênios, sábios, alquimistas e conquistadores?
Ainda não experimentei a Germânia 55 nem sei seu preço de mercado. Não obstante, ela já foi para o hall da fama das cervejas do Azarão, para a galeria Boa e Barata.
Supu-la barata pelo local em que achei a lata vazia, na ZBM, a famosa zona do baixo meretrício (lata... 710 ml é um minibarril), e boa porque uma empresa que se dá ao trabalho e ao requinte de imprimir tal texto em sua embalagem, deve proceder com igual esmero na produção de sua mercadoria.
Procurei-a. Porém, nada dela pelos supermercados que costumo frequentar.
Se alguém, por acaso, ler o blog e souber onde se pode encontrar essa maravilha, deixe a valiosa informação nos comentários. Terá, embora de nada ela virá a lhe servir, a eterna gratidão do Azarão.

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5 Comentários

  1. Azarão, no Atacadão da Av. Henry Nestlé tem. Tá 3,05. Abc!

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  2. Azarão, acabo de experimenta-la, e igual a você, sou uma destas pessoas que le rotulos de cerveja.
    Realmente nao é cara, 6 latas à R$ 19,00 pratas.
    O sabor da mesma é diferenciado e agradavel, nao me desapontou.
    Mercado Macro em Mogi das cruzes -sp

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  3. excelente cerveja!!!estou a procura da escura!!

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