Transplante do Caralho

Grande feito da medicina : seis meses após ser submetido a uma cirurgia de transplante de pênis, depois que a peça original de fábrica foi amputada em um ritual de circuncisão, um sul-africano de 21 anos será pai.
Quem deu a informação à imprensa foi o médico urologista Andre van der Merwe, responsável por conduzir o milagroso procedimento cirúrgico. Na época do transplante, a equipe médica manteve sigilo sobre a inédita cirurgia, apenas alguns meses depois, constatado o êxito da mesma, é que Merwe divulgou os auspiciosos resultados, sobre os quais foi lacônico e categórico : “o órgão sexual do paciente está funcionando plenamente".
A intenção agora é ampliar as cirurgias de transplante de benga para atender casos de homens que perdem o sentido e a razão de viver em decorrência de um câncer e até, em casos em que nem o viagra dá jeito, para homens com disfunção erétil, a famosa paumolescência crônica.
Segundo Merwe, a parte mais complicada de todo o processo é encontrar doadores, e um que seja totalmente compatível com o transplantado. Mas o jovem sul-africano teve sorte, um órgão acabou chegando de um paciente morto e se encaixou perfeitamente em seu novo corpo.
Que porra é essa de caralho compatível? Tem que ter o mesmo comprimento do finado? Ou será que o que pega é a bitola? Quer dizer que não dá pra escolher o modelo novo? Quer dizer que o despirocado não pode, à guisa de compensação pelo trauma de ter perdido o melhor amigo, como um incentivo para alavancar seu novo início de vida, receber uma atualização em seu sistema operacional, um upgrade de seu hardware?
Ah, a Ciência... Tão transcendente ao se embrenhar por quarks, mésons, bósons, táxions e outras criptas escuras da alma do Universo e da Criação e, ao mesmo tempo, tão apega e dedicada ao mundano, ao carnal, ao morredouro.
Mas avanço é avanço, mesmo que seja um retrocesso. E nenhum progresso na área da saúde humana, sobretudo na área da paudurescência, pode ser desprezado, ou feito em mote de piada, escárnio e maldizer. Mas que seria muito estranho ser um transplantado de benga, isso seria.
A mulherada poderá não entender o que vou dizer agora, mas o homem que honra e gosta de verdade de seu pau (e só do seu) se identifica e se reconhece mais nele do que no próprio rosto. Um transplante de face causaria menos colaterais danos psicológicos que um de pau. O cara olha pro pau novo e não é o dele, não é ele, é o pau de outro homem, é um outro homem ali, a lhe sair pelo meio das pernas.
Se o cara for mesmo um macho das antigas, nem punheta ele tocará mais. Até para mijar, vai ficar difícil. Imagine-se acordando de madrugada para ir ao banheiro, meio grogue de sono, e dar de cara com um pau que não é seu. Vai achar que está num banheiro público de rodoviária.
Aliás, em macho das antigas nem adianta tentar o transplante. É rejeição garantida!
E se o cara, vitimado por um câncer, ou, pior, pelo insensível aço frio da vingança de uma amante traída, recebe o pênis de um doador broxa? A paumolescência será também herdada pelo novo dono? 
E o viadinho, então? Depois de anos de ansioso aguardo na fila de transplantes, analisando detida e meticulosamente cada possível doador, acordar com o novo pau e perguntar pro médico : "Ai, doutor, mas que merda é essa, tem certeza que o senhor não costurou no lugar errado, não?" Ou, então, pedir outro pra levar pra casa, só por precaução, doutor, uma peça de reposição, um refil de benga. Pããããta que o pariu!!!
Quanto à escassez de doadores, não compartilho dessa preocupação com Merwe. Não sei lá na África do Sul, mas aqui no Brasil essa operação seria uma mão na roda pra muita gente. Seria procuradíssima por candidatos a uma nova benga e mais ainda por doadores dispostos a se livrarem das suas ainda em vida. O que tem de travecão pé de mesa por aí doido para cortar o pau fora não tá escrito. No Brasil, basta aliar os horários das duas cirurgias, a de mudança de sexo e da de transplante de benga, é cortar de um e costurar no outro. O governo pode até incentivar as doações. Pode colocar cartazes de conscientização em ambientes habituais da travecada, boates, casas de shows, pontos de prostituição. Ao invés de, por exemplo, Doe sangue, salve vidas, Doe para um japonês, salve uma japonesa.
De qualquer forma, apesar dos pesares, efeitos colaterais considerados - afinal, a vida é sempre um risco, não é? -, coloco-me desde já como o número um da fila, o portador da senha 001 para quando o Kid Bengala morrer.
E já que falei também de outro transplante, o de face, na eventual necessidade de uma, creio que a do George Clooney é a que mais seria compatível com minha estrutura óssea craniana. Cara do George Clooney e benga do Bengala... que força da natureza eu não seria. Imbatível. Pãããããta que o pariu!!!
Parece que esqueceram um pedaço da benga doada pendurada na luminária do centro cirúrgico. Ficou parecendo um daqueles microfones de estúdio. Como diria o Costinha : Ziraaaaallllldo!!!!

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