As Gazelas Desgarradas de Cristo (Ou : Trocando a Via Crucis pelo Bundalelê)

Duas dissidências evangélicas gays, A Igreja Contemporânea e A Cidade de Refúgio, que bem poderiam se unir sob a única denominação de As Gazelas Desgarradas de Cristo, acharam por bem trocar a Marcha para Jesus pela Parada do Orgulho Gay, a via crucis pelo bundalelê. E estão certíssimas.
As explicações e as motivações para o cisma ficam por conta das declarações dos próprios fiéis das duas festivas e coloridas igrejas :

“A Parada nos recebeu com muito carinho”, afirma a pedagoga Simone Queiroz, fiel da Igreja Contemporânea há seis anos e agora pastora;
“Deixamos de frequentar a Marcha porque nos sentíamos discriminados. Já ouvi dizerem abertamente coisas como ‘gay nunca foi nosso irmão’ e ‘casal gay não é família";
“Quem está com o microfone agride com palavras, mas não sabemos o que as pessoas ao redor podem fazer”, a mesma Simone a dizer do medo de agressões
Lanna Holder, fundadora e pastora da Cidade de Refúgio, ex-missionária da Assembleia de Deus, conta que virou evangélica para se "curar" do homossexualismo, mas quando viu que não havia como e nem porquê mudar, quando viu que não havia cura e muito menos doença, fundou sua própria igreja em companhia de sua esposa : “Me converti para mudar minha sexualidade, porque eu tinha aprendido que quem é gay vai pro inferno. Fiz jejum, subi monte, orei, casei, tive filho. Fiz tudo o que a igreja disse que eu devia fazer para mudar”.
E as duas igrejas não vão à Parada do Orgulho Gay apenas para se divertir, não, vão também para evangelizar a viadada, para levar a palavra de Cristo, vão para tentar acabar com a alegria da bicharada :
“Estamos lá para acolher os que quiserem viver uma fé cristã”, diz o pastor Marcos Gladstone, da Igreja Contemporânea, que distribui seus panfletos de arrebanhamento das gazelas desgarradas de Cristo durante a Parada, “Vamos lá para mostrar outro lado do homossexual, o lado família. Comparecemos com nossos casais, de mãos dadas, com nossos filhos, e assim cantamos e celebramos”. 

Como eu disse, acho que estão certíssimas essas pessoas que abandonaram suas igrejas, onde eram desprezadas, repudiadas, agredidas, transformadas em exemplos negativos para a comunidade. Estão certíssimas em abandonar suas igrejas, mas fundar outras? Que o sujeito tenha a necessidade de queimar a rosca em paz consigo e com sua consciência, sem remorso, culpa nem remordimentos posteriores, eu posso entender perfeitamente, mas por que a necessidade de que Cristo bata palmas para ele? Por que essa fixação pelo beneplácito de Cristo, de viver em Cristo, para Cristo e por Cristo? Por que mudar de igreja, mas manter-se em uma doutrina, o cristianismo, que lhe é claramente adversa e hostil?
A mim, e quem me conhece pessoalmente sabe disso, indifere o apito que o sujeito toque, se ele é hetero, homo, bi, pansexual, travecão, drag queen ou assexual - sim, há até os que nenhum apito tocam, acho que nem bronha ou siririca. Brinco, às vezes, aqui com essa coisa de viadagem, de boiolagem etc, mas é apenas para manter minha fama de mau. Não tenho, realmente, restrição alguma quanto à qualquer prática ou uso que se perpetre entre quatro paredes. Cada um dá o que tem e o que lhe é de valor e cada qual come o que lhe oferecem e lhe bem apraz. Buraco é buraco; relou, arrepiou, atritou, gozou, tá valendo.
Entendo perfeitamente a luta dos LGBTetcetais pela igualdade de direitos civis e para serem aceitos pela sociedade "normal" - luta por igualdade, sim; por privilégios, para serem considerados cidadãos especiais, blindados pela lei em muitos sentidos, que é o que muitas vezes pleiteam as ONGs do arco-íris, não.
Aliás, a questão nem é serem aceitos, a questão é não serem hostilizados. Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, a aceitar ninguém como seu igual ou conviva, mas também não pode, de forma alguma que seja, restringir as oportunidades e os direitos do outro de se integrar e ser parte ativa da sociedade - ou passiva, ou flex, ou voyeur.
O que, sinceramente, não entendo é o desejo e a luta de certos gays em serem aceitos dentro desta ou daquela religião cristã. Aí, o problema do sujeito não está em sua sexualidade - essa, ele já tem bem resolvida -, aí, o problema está em seu Q.I., está em sua burrice. Aí, o problema está em algum componente masoquista de sua personalidade, está em gostar de sofrer, de apanhar mais do que vaca na horta, mais do que Cristo à subida do Gólgota.
Por que querem ser aceitos por religiões ou doutrinas que, independente da variedade de denominações, independente das diferentes maquiagens, fundamentam-se na Biblia Cristã, um livro que só considera gente o homem de pregas intactas e invictas e reduz tudo o mais à merda? Mesmo as mulheres são seres inferiores e sujos perante a Bíblia. Inclusive, não é só o desejo do gay em ser aceito como cristão que eu não entendo, não entendo o porquê a mulherada também não pica a mula das igrejas cristãs, ainda mais em auspiciosos tempos de independência feminina. Como uma mulher pode se dizer independente financeiramente, dona de seu nariz, ocupar posições de comando em suas profissão, ser muitas vezes o chefe da casa e, ao mesmo tempo, mostrar-se tão submissa religiosamente?
Mudar de religião, mas sem mudar o livro canalha e escroto que a embasa? É trocar merda por bosta. A Bíblia Cristã é homofóbica e ginecofóbica - tem horror e aversão à buceta, não espanta as religiões que dela derivam atraírem tantos viadões para exercerem seu sacerdócio.
Não é só o gay, para o cristianismo a mulher é igualmente fonte de pecado e perdição. Não foi à Eva imputada toda a culpa e responsabilidade pelo pecado original, não foi Eva a desvirtuar o inocente, puro e besta Adão? E até hoje eu não ouvi o Adão reclamar da vida. Não foi Dalila, à traição, a cortar os longos pentelhos de Sansão e minar-lhe as másculas forças? Não foi Salomé a fazer João Batista perder, literalmente, a cabeça?
Às vistas da Bíblia cristã, a mulher é o manancial de toda a desgraça que se abate sobre o homem. Que dirá, então, do gay? Esse é passagem garantida pras fossas infernais. E mulher e gays ainda insistem em ser cristãos.
Ah, mas tem a Virgem Maria, Azarão, dirão alguns em inútil proselitismo pro meu lado, Maria foi elevada a uma categoria acima da qual só se encontram o Todo-Poderoso e sua tropa de elite, os arcanjos, serafins, querubins etc, e abaixo da qual estão todos os santos. Porra nenhuma. Maria foi é usada como chocadeira para parir o filho do Homem, mero instrumento, e nem o direito de dar uma santa gozadinha lhe foi permitido. Maria carregou a cria por 9 meses, teve enjoos, queimação, gases em profusão, ficou com os peitos inchados e doloridos, com dor nas costas, problemas na coluna, com o bucetão lasseado e, tudo isso, virgem. Virgem. Tudo isso sem ter levado boa vara e revirado os olhinhos.
Homens não-heterossexuais e mulheres deveriam é dar de costas às porras das religiões de origem cristã, e não tentarem maquiá-la para receber o seu falso abraço.
Abaixo, as Gazelas Desgarradas de Cristo em plena adoração a Jesus, em pleno culto e oração, na mais aferrada evangelização. Trocaram o canto gregoriano pelo Village People, o gospel pelo Gloria Gaynor. It's raining men, Hallelujah it's raining men, Amen.
Parafraseando Raul Seixas e Marcelo Nova em sua canção Muita Estrela, Pouca Constelação : eu sei até que parece sério, mas é pura armação, o problema é pouco Cristo, pra muita congregação. Pããããta que o pariu!!!!
At first I was afraid, I was petrified,
Kept' thinkin' I could never live
Without you by my side,
But then I spent so many nights
Thinkin' how you did me wrong,
And I grew strong, and I learned how to get along,
And I'll survive,
I will survive,
Hey, Hey!

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