Uma Fêmea Para Alvin

Estava eu em uma pet shop, a aguardar na fila para pagar pela areia sanitária de minhas gatas. À minha frente, a jogar conversa fora, a atrasar meu sábado, estavam Alvin, um cãozinho maltês, e sua dona; melhor dizendo, sua mãe, dado o exarcebo de mimos que dispensava ao seu filhotinho, dadas as incríveis semelhanças de semblante e de cabelo entre os dois.
Alvin confortavelmente instalado no colo de sua mãe e esta a dar recomendações ao dono da loja de como deveriam proceder no banho e na tosa de seu tchutchuquinho (sic).
- Não precisa passar perfume nem talquinho, que Alvin tem um pouco de alergia. Mas pode usar xampu, condicionador e reparador de pontas.
Reparador de pontas? Pããããããta que o pariu!!!
Reparador de pontas para cabelo de gente, eu já acho o cúmulo da futilidade, da falta do que fazer.
O cara, pacientemente, anotou as recomendações da zelosa genitora e disse que quem iria gostar era a fulana de tal, a pessoa que daria banho em Alvin, pois era também uma feliz possuidora de um maltês, uma fêmea.
A mãe de Alvin se animou de imediato, e já começou a querer marcar uma "ponta" para Alvin, a tentar ajeitar um encontro para seu filhinho, uma cruza. Alvin era cabaço!
Disse - e eu a esperar na fila com um saco de 4 kg de areia a me pesar nos braços - que tentara cruzar Alvin por duas vezes. Que ele, ao sentir o cheiro das fêmeas, ficara todo ouriçado, revolto, excitado e tudo mais, mas que as duas fêmeas foram muito agressivas e Alvin, inibido, não conseguira se sair a contento.
Pensei comigo : não é excitação o que Alvin sente ao farejar o cio das fêmeas, não, minha senhora, é nojo, é repulsa, o Alvin é viado, minha senhora.
Também pudera... O que esperar de um bicho cujo ancestral é o temível e majestático lobo e que, pela domesticação e cruzamentos direcionados pelo ser humano, foi reduzido à patética condição de um rato peludo? No mínimo, que tenha ojeriza à buceta! Ainda mais se lhe impingem um reparador de pontas.
- Eu queria tanto que o meu Alvin cruzasse... - desabafou a mãe, enquanto Alvin era levado aos fundos da loja para seu banho.
De novo, pensei comigo : se Alvin fosse um Rottweiler, ela própria já teria cruzado com ele.

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2 Comentários

  1. Mestre Azarão, isso me fez lembrar...
    Não tinha um amigo nosso que não desempacava de jeito nenhum?
    Se eu me lembro bem, a mãe dele, marcou até um psicólogo para ver se o rapaz, em questão, na estava sofrendo da Síndrome da coceira no furico.
    Lembro também que tentamos arranjar um encontro entre ele e uma distinta dama, mas ele não só a recusou, como saiu em desabalada carreira, rumo à catedral.
    Corremos atrás dele e chegamos a tempo de ouvir bem baixinho algo mais ou menos assim..."livrai me desse Mal, amém".

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    1. Psicólogo, não. Que na época não tinha dessas viadagens. O negócio era eletroencefalograma mesmo, o famoso "eletro". Punha aquele monte de fios na cabeça, grudados com uma pasta fedida do caralho. Que era pra ver se o sujeito não tinha "foco". Não falhava um ano, chegava as férias e era dentista e neurologista.
      Quanto à distinta dama, que atendia por nome de Míriam, com certeza aparentada de vossas senhorias, fugi dela, sim, mas não teve nada de catedral ou livrai-me desse mal. Fugi porque era uma puta duma baranga e, com certeza, cheia de herpes, gonorreia, sífilis etc.
      pãããããta que o pariu!!!!

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