Bolsonaro e o Caso MoçaGate (Ou : É Para Enfiar no Rabo da Imprensa)

Em fins de janeiro deste corrente ano, mais uma calúnia, mais uma infundada aleivosia foi levantada contra o intrépido e imbrochável Bolsonaro pela imprensa vermelhoide com o intuito de puxar o tapete do Cavalão. Durante toda a última semana deste janeiro, os noticiosos esquerdistas só falaram de uma coisa : o Caso Moçagate (ou será o Wikileite?). Até se esqueceram da pandemia da Peste Chinesa.
Com a publicação em Diário Oficial da União dos gastos públicos do ano de 2020 destinados à compra de gêneros alimentícios para todos os órgãos do Executivo Federal, um item chamou a atenção dos órfãos e das viúvas do PT : o leite condensado, o popular leite Moça. Quinze milhões de reais gastos em leite condensado.
Imediatamente, a nossa honesta e imparcial imprensa retirou a parte do "para todos os órgãos do Executivo Federal" (que inclui as Forças Armadas, creches, hospitais, escolas e até reservas indígenas) e tentou nos fazer crer que era uma despesa particular de Bolsonaro. Sugerindo, na clara impossibilidade de que alguém consuma 15 milhões em leite condensado no período de um ano, algum tipo de desvio de verba, de superfaturamento, ou falcatruas e maracutaias outras.
O esclarecimento veio logo, no dia 27/03. O imbrochável Bolsonaro matou a cobra e mostrou o pau. O leite condensado é um produto muito enviado para hospitais, escolas, creches, reservas indígenas e, principalmente, para as tropas das Forças Armadas. Todos os destinos citados são lugares que necessitam de um alimento altamente energético, fácil de armazenar e com longo prazo de validade.
"Não é para a Presidência da República essa compra de alimentos. Até porque a nossa fonte é outra. Um dos gastos é para alimentação das Forças Armadas, para alimentar 370 mil homens. E também programas alimentação via Ministério da Cidadania e via Ministério da Educação, entre tantos outros", declarou Bolsonaro.
Faz sentido. Mas será verdade? Será que o Exército consome mesmo tanto leite condensado? 
Sim, a resposta é sim. Atualmente, o leite condensado serve para a avó fazer pudim e o maconheiro matar a larica, mas o primeiro uso massivo do produto, criado em 1820 pelo francês Nicolas Appert, foi na Guerra de Secessão Americana, justamente por ser um produto com as qualidades descritas acima, longa validade etc.
Para os ainda reticentes, apresentarei duas imagens que colocarão uma pá de cal, de uma vez por todas, no caso Moçagate. E absolverão Bolsonaro. Anúncios publicitários do Leite Moça da época da Revolução Constitucionalista de 1932. 
O anúncio ressalta as virtudes nutritivas do néctar dos militares e ensina até como usá-lo : "dois pequenos furos na lata, um oposto ao outro, bastam para deixar escorrer a quantidade desejada. Depois tampam-se com dois pedacinhos de papel enrolados. Dura, assim, muitos dias". No rodapé do anúncio, há um clamor para que a população doe latas de leite condensado às Forças Armadas, para que elas possam ser encaminhadas ao front : "mande uma lata de Leite Moça como uma dádiva aos soldados".
Fiz as contas. Ao preço médio de seis reais a lata, quinze milhões compraram dois milhões e meio de unidades ao longo do ano de 2020. Para suprir Forças Armadas, escolas, hospitais, reservas indígenas etc, realmente, não me pareceu nenhum desatino.
Sem contar, é claro, a parte destinada à Imprensa. Mesmo sendo malhado por ela ininterruptamente, Bolsonaro não se esquece da imprensa. 
Em um de seus pronunciamentos mais antológicos, ele disse que tanto leite condensado assim é "para enfiar no rabo da imprensa". Sempre se reclamou da verborragia empolada dos discursos de políticos, dos termos ininteligíveis usados por eles, sempre se reclamou que ninguém entende o que o político fala. Ninguém pode se queixar disso em Bolsonaro. "É para enfiar no rabo da imprensa". Mais didático, impossível! Didático e lúdico! E tenho certeza que muito sujeito da imprensa bem que gostou!
Outro "reclame" do leite Moça. Da mesma época. Leite Moça : nas trincheiras ou no lar!
em tempo : eu nem acordei hoje pensando em escrever sobre  o Moçagate; na verdade, estava pesquisando anúncios antigos de cerveja para tentar uma inspiração para a abandonada seção Cerveja-Feira, dei de cara com essas duas propagandas e resolvi, por decisão monocrática, reabrir o caso.

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11 Comentários

  1. Oi, Marreta.

    Na falta de escândalos como nosso financiamento a ditaduras africanas ou cubana, precisam procurar algo.

    Assim que vi esse MoçaGate, fiquei perplexo que alguém levasse a sério. 15 milhões em leite condensado é pouco para todo o Governo Federal e como ficou bem claro: Forças Armadas e Educação. Conheço um pouco da rotina do Exército, por exemplo, e frequentei bastante um batalhão aqui próximo de casa. Gosto das piscinas de lá. Isso faz parte da ração e tb é utilizado no rancho e eventos (há vários, inclusive com acesso ao público).
    O problema, penso, é o Poder Público COMPRAR comida. Não deveriam comprar nada além de café, açúcar e água para as repartições usuais. Mas aí é algo a se discutir no âmbito nacional e separar bem o que poderia ou não. No caso de Forças Armadas, é impossível não ter ração.
    Desconhecia essas peças publicitárias e gostei bastante. Recordo de um fotógrafo que falou sobre adentrar na floresta amazônica, sempre, com aquelas mini latas de Moça na ração e que, muitas vezes, eram sua janta.
    Infelizmente, "escândalos" como esses chamam atenção e até haver uma explicação que seja divulgada, o estrago está feito. E a mídia sabe disso.
    Quando divulgaram o MoçaGate, vi um senhor eleitor de Bolsonaro chateado por esse ato de "corrupção" do Presidente. Após eu falar que foram latas para TODO o serviço público federal, especial Forças Armadas, o cara compreendeu. Mas quanto não pensam: "Olhaí a corrupção".
    De resto, seria bom se ao menos isso servisse para que o Estado brasileiro repensasse até onde deve estar comprando comida.
    Abraços!

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    1. Pois é, se não existem escândalos reais e palpáveis, eles precisam ser inventados, forçados.
      Eu gosto bastante dos anúncios dessa época, do desenho, do projeto gráfico deles, e das intruções de usso que acompanham a maioria. Tem alguns de remédios que o anúncio é praticamente uma bula. Vendia-se mais o produto de fato que uma imagem, uma marca.

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    2. Tenho livros publicitários. Gosto do tema. Especialmente, dessa fase onde a ilustração era essencial. Ziraldo teve um grande destaque, no Brasil, nessa atividade cartazista e ilustrador publicitário. Vários quadrinistas das antigas faziam HQs por paixão, mas ganhavam a vida com essa forma de publicidade: Flávio Colin, Watson Portela etc.

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  2. Pois então, nobre Azarão, eis a inspiração que faltava para o Cerveja-Feira:

    https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2021/02/4905850-dinheiro-publico-banca-picanha-e-cerveja-para-militares.html

    Deve ser do seu conhecimento essa notícia também. Mas pense bem, você ai buscando sempre a boa e barata, eu deixando de lado a Heineken para ficar com a Brussels (R$2,58 o latão nde moro)... e nosso querido governo tomando as melhores marcas às nossas custas, como sempre. Nenhuma novidade, mas em tempos nos quais a população mal consegue comprar comida e beber água, é foda ler isso.

    Esses dias atrás, vi outra notícia legal, nesse mesmo estilo, sobre funcionários do judiciário reclamando dos modelos básicos de smartphones orçados em R$3 mil, basicões e xexelentos, que os impediriam de exercer suas funções com êxito.

    Não achei o link, mas é algo parecido com esse:

    https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2020/12/02/mp-compra-400-celulares-com-tecnologia-de-ponta-avaliados-em-r-22-milhoes-para-promotores-e-procuradores-de-mt.ghtml

    E eu não consigo ganhar nem uma caneta do governo para corrigir provas. Se quiser, tenho que pagar do bolso.

    Ainda ontem, dizia a uns colegas: que país e mundo de merda eu vou deixar para os meus descendente.

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    1. Olá, Mr.F.,

      como servidor do judiciário federal, venho em minha defesa: não ganhamos celulares. Isso daí foi para MEMBROS do Ministério Público. Caras que ganha até R$ 50.000,00 e precisam ganhar celular.

      Abç!

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    2. Alguns desembargadores andaram pedindo auxílio-internet. Como se eles só tivessem internet em casa para uso exclusivo a bem do serviço.

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  3. Da reclamação sobre os smartphones, eu já sabia, e professor "tendo" que comprar computador pra trabalhar. E digo "tendo" porque professor é a classe mais burra do mundo, afinal, pela lei o material necessário ao trabalho é obrigação do empregador. O governo extinguiu os diários de classe de papel esse ano, o diário digital será obrigatório, então, deveria ter o equipamento na escola, como antes sempre nos foi fornecido o antigo diário de papel, nunca precisamos comprá-los. E nem quero que o governo me dê um computador ou tablet para eu usar no trabalho, ou financiá-lo a juro zero como tem feito para o professor que por isso optar. O computador não tem que ser meu, do professor, tem que ser da escola, um computador por sala, o professor entra, acessa suas salas ,faz a chamada etc. Não vejo professor conseguindo fazer esse simples e óbvio raciocínio. Pelo contrário, vejo-os todos orgulhosos e exibindo seus novos aparelhos. Já pensou se o policial tivesse que comprar a própria arma, o colete, a munição, tivesse que pôr combustível para rodar na viatura? Ocorreria um motim na mesma hora. Pois é justamente isso que o Dória está fazendo com o professor da rede pública e grandisíssima maioria não percebe. Somos uma classe burra, meu caro.
    Tomei essa Brussels uma vez (é uma da latinha verde?) e gostei, embora seja bem leve, mas por esse preço o latão está compensadora. Vou ver a notícia sobre os milicos entornando às nossas custas.
    Infelizmente, legaremos aos nossos descendentes praticamente o mesmo país e mundo de merda que herdamos. Não fomos capazes de melhorá-lo nenhum pouco.
    Abraço.

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  4. https://www.youtube.com/watch?v=dadsluy_IDc&ab_channel=BrasilParalelo,se não viu te recomendo.

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  5. Eu só queria entender: se a Presidência da República compra produtos alimentícios paras Forças Armadas não seria o caso dessas compras serem realizadas pelos interessados? Eu sei que alguém dirá que a economia de escala não pode ser desprezada, no que concordo. Mas a transparência deveria então ser total. E fala sério, se fosse um vizinho seu ou colega de serviço a te mandar enfiar o leite Moça no rabo, você agiria "passivamente"? Creio que foi o Ulisses Guimarães o criador da expressão "liturgia do cargo". Ao não ligar para um mínimo de civilidade ele ofende a maioria da população (que não o apoia incondicionamente) e tenta ganhar a discussão no grito, o que é inaceitável em qualquer lugar. Não há ironia que seja capaz de justificar a grossura enraivecida e destemperada.

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