Coringa Também Tem Seu Dia de Arlequina

Quem é o maior vilão das histórias em quadrinhos de super-heróis? Rei do Crime, Lex Luthor? Galactus, Darkseid? Caveira Vermelha, Duas-Caras? Dr. Destino, Brainiac? Loki, Adão Negro? Magneto, Ra's al Ghul? Thanos, Apocalypse? Mefisto, Trigon?

Porra nenhuma! Isso era no seu tempo, leitor de HQs das antigas! Melhor, leitor de gibis das antigas. Da Ebal, da RGE, da Abril. Da gloriosa e econômica era dos formatinhos, quando ainda não éramos todos presbiópicos. Mas toda essa cambada do mal supracitada já era, já está ultrapassada, démodé, não acompanhou a evolução dos tempos, não se reinventou. Todos esses dinossauros que tacavam o terror na época jurássica dos gibis, hoje não metem mais medo em ninguém, viraram iguanas domésticas, tartaruguinhas de estimação. São inofensivos.

O top-top dos vilões dos quadrinhos atuais é muito mais ardiloso, sub-reptício e canalha. Muito maior que qualquer poder físico, místico ou cósmico, Ele detém a Força do Cancelamento. Contra a qual não há ataques ou defesas eficazes. E nem adianta o Bem unir forças em clubinhos de mascarados de colant para combatê-Lo. Vingadores, Liga da Justiça, X-Men, Novos Titãs... são moleques imberbes perante a Ele, amadores de calças curtas.

E Ele, nesse caso que relato, é Ela, ou Elu, ou Elx, sei lá. É o(a)(e)(x) mais novo(a)(e)(x) membro(a)(e)(x) do Conclave Universal do Politicamente Correto : a Ideologia de Gênero, a quem, doravante, tratarei por IG.

Nos últimos tempos, vários heróis e mesmo vilões dos quadrinhos foram vitimados, sem chance de uma luta justa, pela IG. Recentemente, a Mulher-Maravilha foi confirmada pela DC como um personagem queer. Não sabia que porra era essa de queer e fui pesquisar : é um termo guarda-chuva da língua inglesa que abriga todas as minorias sexuais e de gênero, ou seja, todos aqueles que não são heterossexuais ou cisgêneros. Também não sabia o que era cisgênero, mas não fui procurar saber, isso vai se desdobrando, desdobrando e não tem fim. No caso da Mulher-Maravilha, significa que, apesar dos trajes de Cinderela, o sapatinho de cristal dela é 44 bico largo. A revelação de que a Mulher-Maravilha bate o bife vem suscitando, desde então, pedidos de fãs para que a bissexualidade de Diana Prince seja levada para as telonas, onde é interpretada por Gal Gadot. No que eu dou o maior apoio. Quem é que não quer ver Gal Gadot num caloroso e suado embate com uma vilã gostosa? Sugiro a Scarlett Johansson para a sua arqui-inimiga.

Outro a quem a IG atropelou feito um rolo compressor foi o deus Loki, o filho anão do rei dos gigantes de gelo. Loki é descrito hoje como de "gênero fluido"; por vezes, ele se sente confortável como homem, por vezes, como mulher. Por vezes, quer roubar a marreta Mjolnir de seu irmão adotivo Thor e usurpar o seu poder, por vezes, quer sentar no martelo.

Deadpool é pansexual. É o Serguei dos quadrinhos.

Bob Drake, o Homem de Gelo dos X-Men, é chegadíssimo em chupar um sacolé ou um gelinho de framboesa.

E a coisa por aí vai. E não para nos quadrinhos destinados aos públicos juvenil e/ou adulto. A IG é pop, e o pop não poupa ninguém. A seguir o ditado de que é de pequenino que se torce o pepino (e se terá um adulto com a doença de Peyronie), a IG ataca também personagens dirigidos aos infantes. Não há tanto tempo assim, Bob Esponja, apesar da fortuna de morar no melhor lugar do mundo, a Fenda do Biquíni, revelou que se esbalda nas cinco pirocas do Patrick Estrela. E, sendo ele uma esponja, ainda fica buraco vazio. Tanto que, corre à boca pequena, o casal está na tentativa de convencer o Lula Molusco a acompanhá-los num menagé, para uma undecapenetração. 

Ontem, então, tomei conhecimento do mais recente alvo abatido pela IG. E com requintes de crueldade. Para desmoralizar mesmo o sujeito, jogar o nome dele na sarjeta. O novo executado pela guilhotina da IG é ninguém mais ninguém menos que o maquiavélico e diábolico Coringa, o Palhaço do Crime. Gay? Bi? Pan? Não-binário? Petista? Nada disso. Grávido!

Os maléficos poderes da IG botaram o Coringa ligeiramente grávido. 

Pãããããta que o pariu!!! É o velho ditado : todo Coringa tem seu dia de Arlequina. O Coringa é uma quase mulher! Valha-me Santa Vera Verão! O Coringa é trans! Como diria o Menino Prodígio, Santa Roberta Close, Batman!

Será que o Comissário Gordon terá a difícil tarefa de emitir uma ordem judicial coercitiva que obrigue Batman a ceder seu DNA para um teste de confirmação de paternidade? Não, dessa suspeita, o Morcegão está livre. Que o Coringa ter engravidado do Batman, ou de qualquer outro homem, seria até considerado normal pela IG. A IG vai mais fundo, bate mais forte, não deixa pontas soltas, não dá margens a fugas ou a contra-ataques. Coringa não só está prenha, está prenha de uma mulher!!!

Foi embuchado pela Zatanna, uma personagem de quinto escalão da DC. Zatanna é filha do mago John Zatara (uma espécie de Mandrake do universo DC), de quem herdou os poderes e habilidades. Ela é capaz de ler mentes, de hipnotismo, de manipular elementos da natureza e, seu principal dom, de conjurar encantamentos, pragas de puta e maldições de mãe; conjurações que faz pronunciando frases ou palavras ao contrário.

A gravidez do Coringa se dá na edição nº 4 da série "Joker : The Man Who Stopped Laughing" (e, diante de tal, quem pode condená-lo por isso?). A história foi escrita por Matthew Rosenberg, desenhada por Francesco Francavilla e já tem tudo para se tornar um novo clássico, um novo Cavaleiro das Trevas, uma nova Piada Mortal, um novo Asilo Arkham.

Pelo que entendi, a inseminação do Coringa ocorreu no reservatório de Gotham, onde a maga Zatanna o impediu de sequestrar o abastecimento de água da cidade. Durante o combate, Coringa faz piadas e lança "cantadas" hoje consideradas sexistas e machistas para cima da gostosa maga, mas que nada mais são do que cantadas de homem que gosta de mulher. A carta mais risonha e debochada do baralho chega a dizer que queria ter um filho com Zatanna, que formariam uma bela família.

Ferida e ultrajada em sua dignidade enquanto mulher independente e empoderada, Zatanna lança um de seus feitiços de trás pra frente em Coringa : "On eno esle lliw reve evah ruoy ybab!". Que no inglês e no sentido normal corresponde a : "No one else will ever have your baby!" Ninguém mais terá seu bebê. Zatanna jogou pra cima do Coringa uma vasectomia mística.

Porém, é com deuses da Magia, da Ordem e do Caos que Zatanna lida, conhecidos por seus sensos de humor nada convencionais. E o feitiço se vira contra a feiticeira : Zatanna engravida o Coringa, que, no dia seguinte, já acorda grávido de nove meses e pronto para dar à luz.

Mas há um detalhe : ao contrário do que apregoa a IG, o Coringa se sentir uma mulher, não o torna uma. São necessários, além de se sentir aprisionado em um corpo que não é o seu, outros pormenores para se ser uma mulher : ter útero e um bucetão, uma saída para o bebê, a exemplos. E o Coringa não os tem.

A partir daí, a bizarrice só vai se adensando. Coringa recorre, então, ao obstetra das estrelas da DC, o dr. Phosphorous, que, logo de cara, lhe diz : - eu nem sei de onde o bebê vai sair daqui de baixo. Mas decidido a ter seu rebento, o Coringa fica em posição de papanicolau na mesa do doutor e tenta fazer força pela maneira convencional, quando lhe vêm as contrações.

Em vão. Mas a IG corre em socorro do parturiente, se não sai por baixo, sai por cima. Com náuseas, enjoos, azias e queimações, a mamãe Coringa vomita uma massa de lama viva, senciente, que logo sai correndo e vai se abrigar em algum recôndito do consultório do doutor.

Dias depois, a massa disforme surge de sua crisálida de trevas, já transformado em homem. Do barro feito em homem.

E foi amor paternal e filial à primeira vista. Pai e filho se olham e pensam : "he's so handsome". Ele é bonitão.

Mas Coringa não vai querer criar esse filho sozinho, não nasceu para ser mãe solteira e ficar malfalada entre a bandidagem. Como uma mãe das mais empoderadas, Coringa procura Zatanna para chamar-lhe às responsabilidades de pai e apresentar-lhe o filho. A maga está pensando o quê, que é só meter a varinha mágica e pronto, que é só o bem-bom? Nada disso, comeu a carne, tem que roer o osso.

Quais serão os desdobramentos da trama? Zatanna, para não macular a honra do Coringa, o tomará por esposa, casar-se-á com ele no civil e no religioso? Não tomará o Coringa como sua legítima esposa, mas não se furtará às suas obrigações de pai? Pagará pensão alimentícia? Terão guarda compartilhada do guri?

O que eu sei é que essa bizarrice toda me lembrou de uma piada. Aliás, a mim, não; ao meu corno e capão amigo Fernandão, a da bichinha que pariu.

"Duas bichinhas estavam viajando à noite, voltando de uma balada GLS, quando uma falou para a outra : - ai, bicha, que vontade de cagar, para o carro ali no acostamento perto daquela moita'. A bicha foi cagar e a outra ficou esperando no carro. De repente, a motorista ouve gritos vindos de trás da moita : - bicha, bicha, corre aqui, bicha, eu pari, eu tive um filho, sou mamãe, bicha, sou mamãe!!!

- Você não teve filho nada, sua louca!

- Como não, olha só ali na moita... ele se mexendo, os bracinhos, as perninhas, os olhinhos, ai, o zoiudinho da mamãe...

- Pariu nada, bicha, você cagou foi em cima dum sapo."

Pããããããta que o pariu!!!!