Até hoje, provara dela em apenas uma ocasião, em uma viagem que fizemos a Monte Verde (MG), em 2018. Depois, nunca mais. A Haller, a cerveja de receita alemã com alma brasileira, produzida em Socorro (SP), cidade integrante do Circuito da Águas. Nunca a encontrei em nenhum supermercado ou rede de atacados daqui.
A Haller é boa. É uma cerveja comercial, não esperem dela nada de artesanal, de puros maltes e outras firulas, porém, com muito mais gosto de cerveja, bem menos aguada, que uma Skol, uma Brahma et al.
Totalmente "bebível", palatável. Tanto que até a minha esposa, sempre fugidia e com os dois pés atrás em relação às minhas boas e baratas, por insistência minha, provou-a já com a intenção de não gostar e não parou no primeiro gole, deu mais uns dois ou três. - Não é ruim - disse. Que é o elogio máximo que ela pode tecer a uma boa e barata.
Então, ontem, na volta do mercado, passei em frente ao Bar do Renato e vi dois velhos a uma mesa tomando cada qual a sua Haller. O Bar do Renato é o último dos moicanos do bairro. O último boteco raiz das adjacências. Abre bem cedo, as suas mesas e cadeiras já estão na calçada por volta da nove da manhã.
Logo, começam a chegar todos os aposentados bebuns dos arredores; na verdade, tem alguns que chegam até antes e ficam a esperar que o Renato suba as corrugadas portas metálicas de seu estabelecimento. E ali, a velharada fica, a tomar cerveja e um solzinho para tirar o mofo e o cheiro de naftalina.
Pela primeira vez, entrei no Bar do Renato, e, dirigindo-me ao próprio, a enxugar o balcão com um encardido pano de prato, pedi duas latinhas de Haller. Perguntei se fazia tempo que ele comercializava a marca e onde ele a comprava. Falou que já vendia a Haller há muito tempo e que ela era das marcas de latinha que mais tinham saída. Também nunca a encontrara em Ribeirão, encomenda-a de um atacadista de uma cidade vizinha, a uns 40 km daqui.
Comprei duas, a R$ 2,39 cada, e deixei-as na geladeira de ontem para hoje. Agora, enfim, chegou a hora delas. A primeira já está no meu poderoso canecão, pronta para o abate.
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