Sou uma lombriga-periscópio.
Elevo, equilibro meu pescoço desvertebrado,
Oscilo feito boneco inflável de posto de combustível,
Feito cobra indiana
Que nunca morde a flauta que a escraviza.
Ponho a cabeça para fora da merda
E tenho um vislumbre ainda maior
Da merda que a merda é,
Mas não tenho asas
Para safar-me desse poço de piche
- eu e todos os fósseis do Jurássico a dançar suas danças de ossos -,
Tampouco poderes de metamorfose.
Sou o pior - para mim mesmo -
Tipo de homem que há,
O homem-intermédio.
O que tem discernimento o bastante para enxergar a merda
Porém, insuficiente talento para se despregar dela,
O homem-meia-bomba.
Aos outros,
Aos mais agraciados,
A natureza concedeu olhos imunes à luz
E olfato blindado contra o mefítico.
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