Guaraná Jesus, A Salvação Também Na Versão Zero Caloria

O messiânico refrigerante pertence à The Coca-Cola Company e é fabricado e distribuído exclusivamente no estado do Maranhão. Segundo pesquisas da própria companhia detentora da marca, Jesus vende mais que a própria Coca-Cola. Pode ser que Jesus não seja mais famoso que os Beatles, porém, mais que a Coca-Cola, ele o é, o que não é pouca coisa, ainda que seja na capitania hereditária do Sarney.
Oposto ao óbvio, a bebida não foi batizada em louvor a Jesus, o Cristo, por um fiel mais grato e aguerrido, tampouco por João Batista. O Jesus do guaraná vem de Jesus Norberto Gomes, farmacêutico e ateu, um autobatismo e uma autoidolatria, portanto. Irônico e espirituoso pra caralho, o criador da fórmula nada secreta do guaraná Jesus. E herético. Uma profanação do sagrado que, em 1920, data da criação do guaraná, não passou, lógico, despercebida pela Igreja Católica : Jesus Norberto Gomes foi excomungado. Que sorte!
Será que a Igreja, à época, pediu-lhe participação nos lucros, afinal, Jesus Cristo é uma patente da igreja, uma das marcas comerciais mais rentáveis do planeta, e Jesus, o do guaraná, como bom ateu, deixou o clero local ao deus-dará, daí a sua excomunhão?
A exemplo da Coca-Cola, o guaraná Jesus nasceu de um fracasso, de uma malfadada tentativa de formulação de um novo xarope, mas a beberagem caiu no gosto dos netos do farmacêutico e assim nascia uma das bebidas mais populares do Maranhão.
A família de Jesus manteve fábrica própria até 1960, depois o guaraná Jesus foi vendido à Cervejaria Antartica Paulista, passou para a Companhia Maranhense de Refrigerantes e, finalmente, em 2001, foi comprado pela The Coca-Cola Company.
O refrigerante conta com 17 ingredientes em sua composição, entre eles, extrato de guaraná, cafeína, cravo, canela, teofilina e teobromina. Além disso, chama a atenção por sua peculiar coloração, cor-de-rosa, creio que única entre os refrigerantes do mundo.
E tem até Jesus com zero caloria. É o cristianismo diet. O que seria isso, afinal? O cristianismo sem o sofrimento, o calvário, a paixão? Sem culpa e sem o flagelo como único caminho para a redenção? Porra, aí perde a graça. Aí nem é mais cristianismo.

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