Os Gatos-Bonsai do Instituto Royal

Um artigo muito esclarecedor acerca das verdadeiras atividades do Instituo Royal e mais esclarecedor ainda sobre os caráteres mal-intencionados de subcelebridades idiotas, burras e desinformadas, feito a praticamente desconhecida apresentadora Luísa Mell e Bruno Gagliasso, atorzinho global do terceiro escalão.
Em quem acreditar? Em um Instituto composto por pessoas altamente qualificadas, que opera dentro da lei, que exibe registros transparentes de seus métodos de pesquisa e que possui, inclusive, dois representantes da Associação Protetora dos Animais trabalhando em conjunto com seus cientistas, ou em idiotas televisivos que mal conseguem decorar suas falas tatibitates, que vivem de aparecer sob os holofotes, verdadeiros esvaziados ceebrais?
Os invasores do Instituto Royal, independente do motivo alegado para o seu ato, deveriam estar atrás da grade, por invasão e depredação de propriedade particular, e por roubo, também, uma vez que surrupiaram material pertencente ao Instituto.
O artigo é de autoria de Rafael Garcia, repórter de ciência da Folha de São Paulo.

"Muita gente que era viva no distante ano de 2000 ainda se lembra do escândalo dos “gatos-bonsai”. Fotos se espalharam pela internet para denunciar a prática de criar gatinhos dentro de garrafas. Bastava colocar o animal dentro de um pote de quadrado para que seu rosto ganhasse o mesmo formato.
Na época, recebi e-mails de amigos que estavam genuinamente revoltados com essa prática, com razão. Eles não sabiam que alguns dias depois a história já tinha sido desmascarada. Era um boato inventado por um estudante americano que fez montagens fotográficas dos animais. Durante alguns anos, porém, o boato ainda circulou pela internet —sem ajuda de Facebook ou Twitter—, e demorou que o planeta inteiro se desse conta de que era mentira.
Hoje, com redes sociais, denuncias de maus tratos a animais têm a capacidade de circular o mundo com uma velocidade sem precedentes, e é o que aconteceu após a invasão do Instituto Royal, na semana passada, um centro de pesquisa pré-clinica com animais em São Roque.
Muita gente recebeu pelo Facebook links com fotos de um cão com olho costurado. Outra mostrava um cão com a pata decepada. Algumas imagens tinham procedência duvidosa, mas outras claramente haviam sido obtidas dentro do Instituto Royal. Muitas mostravam os canis cheios de cocô. Ativistas que divulgavam as imagens buscavam tentar explicar o que tinha acontecido. Um cão tivera a língua cortada, um filhote havia sido congelado para um teste e diversos cães exibiriam pedaços de pele “arrancados”. Um cão velho, por fim, teria sido vítima de um cruel procedimento no qual seus dentes foram colados.
Não é à toa que muitas pessoas ficaram de cabelos em pé. Eu também fiquei. Mas, a exemplo do que fiz com os gatos-bonsai, esperei um pouco antes de espalhar o pânico. E ontem, conversando com a bióloga Sílvia Ortiz e o cientista João Pegas Henriques, da direção do Instituto Royal, descobri o que aconteceu com o beagle dos dentes colados.
O cão passara por um procedimento para fixar uma fratura de maxilar. A fixação dos dentes, longe de ter sido um experimento, havia sido feita para salvar a vida do animal, que se chamava Ricardinho e era um dos machos do centro de reprodução do Royal.
Mas e o cão congelado? Segundo os biólogos, não era um experimento. O animal havia morrido de causas desconhecidas um dia antes e fora congelado para passar por exame anatomo-patológico no dia seguinte.
O animal com língua cortada? Havia se ferido durante a hora de recreação com outros cães, que às vezes se mordem. Depois de tratado pelos veterinários, ficou com uma cicatriz sem prejuízo funcional.
Já os beagles com partes “sem pele” na verdade estavam apenas “sem pelos”. Apenas haviam sido depilados em certas partes para a aplicação de uma pomada antibiótica que estava em teste.
Os montes de fezes no canil haviam sido em sua maioria produzidos por cães apavorados durante a invasão do instituto. Criar animais em lugar sujo, aliás, comprometeria os experimentos, e manter o canil limpo era do interesse dos cientistas.
Mas como justificar arrancar o olho e a pata de um animal? As fotos desses cães não foram tiradas no Instituto Royal. A do beagle com olho costurado já estava sendo usada antes em campanhas da ONG vegetariana Vista-se. A foto da pata decepada ainda não teve a procedência identificada, diz o Royal.
O que eu reproduzo aqui são as palavras do instituto. Cabe a cada um acreditar se elas são explicações razoáveis ou não. Eu acredito que sim.
A julgar por todas as informações que consegui apurar pessoalmente, o Royal está sendo absolutamente transparente com aquilo que era feito lá dentro. Até porque eles não teriam como esconder suas instalações do Concea e da comissão de ética que avalia seu trabalho —da qual participam dois integrantes da Sociedade Protetora dos Animais. Até eles reconhecem que a criação de novos medicamentos não pode abrir mão totalmente do uso de animais.
O Royal, sendo transparente, reconhece até mesmo que a prática de eutanásia dos cães é necessária –em casos raros e em número pequeno. O procedimento é autorizado pelo Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal), que leva em conta se o uso dos cães é indispensável para desenvolver uma droga que trará benefícios relevantes a seres humanos. O Concea também avalia se o experimento está usando o número mínimo possível de animais. A praxe após um teste pré-clínico é tratar os cães e doá-los.
Eu não duvido que muitos dos ativistas que invadiram o Instituto Royal fossem pessoas que estivessem querendo apenas o bem dos animais, querendo evitar maus tratos aos cães e coelhos raptados. O resultado da invasão ao instituto, porém, será o encarecimento e o atraso no desenvolvimento de drogas que podem vir a beneficiar pessoas (e outros animais) com infecções bacterianas, inflamações, diabetes, hipertensão, epilepsia e câncer. E alguns dos cães raptados que, como Ricardinho, precisavam de tratamento especial, podem ser prejudicados nas mãos de veterinários incautos. Para praticar o bem, como se demonstrou, é preciso estar bem informado."

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