Cerveja-Feira (71)

Nunca fui muito com as fuças do entubador de baguete Emmanuel Macron, atual presidente francês. Não por ele ser de esquerda, de centro ou de direita. Nem sei, aliás, e pouco se me dá, o apito ideológico que ele toca.
Acontece que existem dezenas de atributos humanos os quais eu desprezo profundamente, chegando, talvez, a uma centena em mim próprio. Macron incorreu em, pelo menos, três deles em relação ao governo Bolsonaro.
1) Posar de doutor a respeito de assuntos dos quais nada sabe. Mal o Cavalão assumiu o trono do Planalto, Macron começou a desancar, a demonizar e a crucificar mundialmente a política ambiental de Bolsonaro, sobretudo com relação à Amazônia. Política ambiental de Bolsonaro, ó, comedor de queijos podres? Que política ambiental de Bolsonaro? As legislações e códigos ambientais e florestais foram escritos muito antes de Bolsonaro ser presidente. Quando ele assumiu, todas as políticas de meio ambiente já existiam e, até onde eu sei, não lhes foram modificadas uma única linha durante a gestão do Messias. Muito diferente, inclusive, do estupro que as leis ambientais vêm sofrendo agora no III Reich da Lula. Ou seja, a política ambiental de Bolsonaro, tanto achincalhada por Macron, foi exatamente a mesma dos governos anteriores, e nos quais, sabe-se lá por quais motivos "obscuros", nenhum líder mundial metido a besta ficou a atirar pedras.
Claro que o intrépido Bolsonaro respondeu-lhe na lata, com toda diplomacia que lhe é peculiar e que fez dele o Mito : "Não conhece nem seu país, fica dando pitaco aqui no Brasil, essa é a politicalha deles. Por que eles falam tanto em reflorestamento? Vamos dar muda de árvores para vocês replantarem aí, reflorestarem aí. Quer reflorestar? Estamos à disposição para ajudar".
2) A velha hipocrisia humana, o macaco que senta em cima do rabo para falar do rabo do outro.
Macron se diz preocupadíssimo com a questão ambiental planetária, disse que o bem-estar social não pode existir sem políticas de preservação ambiental e que a França e a comunidade europeia continuarem a comprar soja do Brasil é incentivar o desmatamento da Amazônia. Bolsonaro, de novo, foi rápido no gatilho : "Pelo amor de Deus, senhor Macron, não compre soja do Brasil, porque assim você não desmata a Amazônia. Compre soja da França". A França preocupada com o meio ambiente? O país europeu com o maior número de usinas nucleares, 57 unidades em funcionamento em um território menor que o estado de Minas Gerais? Ora, vá à merda. Ora, vá lamber suvaco cabeludo de francesa.
3) Cometer ingerência contra a soberania brasileira, querer cantar de galo em terreiro alheio.
Macron vive a dizer e a apregoar que a Amazônia é bem comum do planeta, levanta a todo momento a possibilidade de discutir um "status internacional" para a região, diz que é uma questão que se impõe per si, o filho da puta : "É uma questão que se coloca se um estado soberano tomade maneira clara e concreta medidas que se opõem aos interesses de todo o planeta". 
Sugere ainda a coalização dos países ricos, os G7, para ajudar os países em vulnerabilidade ambiental, criar um fundo monetário destinado a eles, a começar com 20 milhões de euros como ajuda emergencial.
Países ricos europeus dando uma dinherama assim fácil para os pobretões? Assim, sem nenhum interesse, sem nenhuma contrapartida? Logo países com recentíssimos passados históricos colonialistas e imperialistas? Só para garantir o bem-estar da onça-pintada, da arara-canindé e do boto-cor-de-rosa?
O caralho! Macron quer é transformar a Amazônia num consórcio. Garantir a cada país rico que fizer o favor de nos ajudar o seu quinhão, a sua cota nesse grande repositório de recursos minerais e de biodiversidade. Recursos exauridos há muito por eles mesmos em seu próprios territórios.
Porém, apesar de toda essa calhordice e filhadaputice do francês, comecei agora a ter uma imagem um pouco diferente de Macron, uma imagem melhor. Por quê? Porque Macron é macho das antigas, e está a ser criticado em seu próprio país pela sua "masculinidade tóxica".
Li, nesta semana, que no sábado passado, 17/06, ao término da final de um campeonato francês de rúgbi, Macron desceu aos vestiários da equipe do Toulouse para parabenizar seus jogadores pela vitória por 29 x 26 sobre o time do La Rochelle.
Vestiário de jogador, ainda mais de rúgbi, é ambiente de pura testosterona, tem que ser. É uma atmosfera de chulé, cheiro de sovaco e frieira no meio dos dedos dos pés.
Recebido efusivamente pelos gladiadores do Toulouse, Macron foi desafiado por um deles a entornar uma garrafa de cerveja de um só gole, de uma única tacada? Iria recusar o desafio, o líder francês? Descendente de Asterix e dos bravos gauleses que é?
Pois a França viu que um filho seu não foge à luta : Macron tomou a garrafa, uma long neck de Corona, da mão de seu desafiante e entornou todo o conteúdo em uma única talagada. Matou a garrafa em 17 segundos. Foi, é claro, aclamado pelos jogadores.


Pronto. Foi o que bastou para que a viadada politicamente correta começasse a cair de pau sobre Macron.
A deputada ambientalista (e, provavelmente, feminista muxibenta, também) Sandrine Rouasseau disparou na sua conta do twitter : "A masculinidade tóxica na liderança política em uma imagem".
Associações médicas também criticaram a talagada recorde de Macron, disseram que ela pode ser interpretada como um incentivo ao consumo de álcool, quando ele, como presidente de um país onde milhares morrem anualmente em virtude do alcoolismo, deveria, pelo contrário, dar exemplos de comportamento saudável.
Um outro pé no saco, Bernard Basset, diretor de uma instituição para viciados em álcool e bebuns em geral, disse : "Ele associou esporte com festa e consumo de álcool num contexto de emulação viril onde todo mundo está bebendo muito".
Macron, no entanto, também tem seus aliados, pessoas sensatas, com mais o que fazer da vida e que não ficam procurando pelo em ovo, problematizando tudo apenas para terem seus minutinhos de fama.
O deputado Jean-René Cazeneuve, sem ficar de lacrações, resumiu a questão ao que, de fato, ela foi : "apenas um presidente compartilhando a alegria de 23 jogadores e participando de suas tradições".
É isso. Só isso. Nada além disso. Um macho das antigas a festejar com outros machos das antigas. Simples assim. Sem implicações, sem subtextos, significações ou desdobramentos. Que essas filigranas são coisas de gente à toa, gente que não bebe.
Por isso, é dele, Emmanuel Macron, o cerveja-feira desta semana.
A propósito, eu também estou a estabelecer novos recordes de entornar cerveja. Recordes negativos. Ontem mesmo, para acompanhar a esposa, emborquei uma Brahma Zero Álcool. Levei 42 minutos para conseguir engolir aquela merda.
Pããããããta que o pariu!!!!

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27 Comentários

  1. Vestiário de jogador é para jogador, apenas. Eles sim são obrigados a estar lá por força dos milhões de dólares que embolsam ao ano. Não entro num ambiente desse nem ganhando uns trocados, quanto mais de graça.
    O Macron foi lá atrás de baguete, possivelmente.
    Brincadeiras à parte, o cara é um símbolo dos agentes da esquerda radical: é contra tudo o que prega por aí. Só quer se dar bem, embolsar muita grana, cumprir a agenda de seus patrões globalistas e nada mais.
    A cada dia que passa me torno mais fã de caras como ele, que encantam os eleitores progressistas na cara dura.
    "Brahma Zero Álcool", dispenso. Hoje vou de gim, água com gás e limão.
    Abraços!

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    1. Gim, água com gás e limão... rapaz, como diz um amigo meu, para de ficar contando dinheiro na frente de pobre.
      Abraço.

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  2. Estou pouco cagando para o que pretendem ou farão em relação à Amazônia, suas riquezas minerais, sua biodiversidade ou o caralho que seja. Não tenho mais saco para falar sobre isso. Agora, as críticas à emborcada da cerveja são uma prova da caminhada da humanidade ao abismo do insuportável comportamento politicamente correto. E me pergunto o que diriam seus patrícios se em vez de cerveja ele emborcasse uma garrafa de Pinot Noir que, como “todos” sabem, é um “vinho tinto de corpo médio, complexo e que apresenta aromas de frutas vermelhas frescas e especiarias” (deu trabalho achar esta merda!).

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    1. Eu não vou dizer que estou cagando para a Amazônia, em tese. Mas, na prática, sei que o que eu penso sobre a sua utilização e manejo pouco importa aos mandatários, que nada do que eu acho vai mudar o que, fatalmente, acontecerá a ela, então... é como se eu também estivesse cagando e andando. Mas gosto de dar essas cutucadas para sempre lembrar do duplo padrão de julgamento da esquerda. O mesmo código ambiental e as mesmas (ou até mais) queimadas e desmatamentos durante os quatro mandatos petistas e nenhum filho da puta europeu ficou enchendo o saco. Poucos meses de mandato do Cavalão, o mesmo código ambiental, as mesmas queimadas e vem filho da puta cair de pau. E filho da puta de países, como eu disse, com recente passado colonialista, países que esgotaram seus recursos, os recursos de suas colônias e, hoje, que não mais as têm vem com esse papinho de preservar para o bem do planeta.
      Rapaz, e eu acho que você não demorou para achar todas essas informações a respeito do pinot noir, não. Acho que você as conhece por puro empirismo. Levas o maior jeito de um sommelier, de um degustador.
      Pããããããta....

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    2. Acredite, eu concordo com quase tudo o que disse, mas não tenho mais paciência de defender o que penso. Como você bem lembrou, não adianta nada ficar esperneando. Agora, com relação ao vinho, eu sou mmelier apenas de achocolatados. Esse negócio de notas disso, aroma daquilo é pura viadagem para mim, pois além de só beber licor se ele estiver dentro de um bombom, eu não tenho olfato (creio que "graças" às doses cavalares de água sanitária misturada ao Ajax, que utilizava para lavar banheiro. A porra da mistura liberava gás cloro e eu saía igual a um doido, com a garganta e os olhos ardendo, tossindo igual a um filho da puta. Depois de descobrir isso, passei a usar um método mais suave para limpar azulejo: thinner. Já viu, né?

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    3. Eu ainda uso a água sanitária, misturada com sabão em pó.

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  3. Oi Sr Azarão, é o Carl de Caruaru, eu estou anônimo porque estou passando a usar a janela anônima

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  4. Eu queria te falar o que não tem nada a ver com isso, que eu penso em ser quadrinista e roteirista de histórias de fantasia então qualquer música que conte uma história eu fico impressionado em pensar se aquela canção tivesse um quadrinho ou filme

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    1. Cara, se você quiser mandar algum contato seu por aqui (não o publicarei, garanto) e lhe envio um e-mail meu e, se quiser, me envie alguns de seus desenhos que eu publico aqui com muito prazer.

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  5. Eu me lembro que quando eu vi a canção A Raposa E As Uvas (1982) de Reginaldo Rossi pela primeira vez, eu achava que era sobre uma história de uma raposa com fome querendo comer uvas

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  6. A mesma coisa aconteceu com A Idade Do Lobo (1980)

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  7. Mas tem MUITAS canções que são muito inspiradoras pra mim que contam história como por exemplo:

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  8. A Winter's Tale (1995) - Queen
    My Fairy King (1973) - Queen
    Great King Rat (1973) - Queen
    The March Of The Black Queen (1974) - Queen
    Little Jack (1973) - The Velvet Underground
    The Gift (1968) - The Velvet Underground
    Lady Godiva's Operation (1968) - The Velvet Underground
    Run, Run, Run (1967) - The Velvet Underground
    Heroin (1967) - The Velvet Underground
    I'm Waiting For The Man (1967) - The Velvet Underground
    Femme Fatale (1967) - The Velvet Underground
    I'll Be Your Mirror (1967) - The Velvet Underground
    European Son (1967) - The Velvet Underground
    The Black Angel's Death Song (1967) - The Velvet Underground
    Moonchild (1969) - King Crimson
    Walk On The Wild Side (1972) - Lou Reed
    Berlin (1973) - Lou Reed
    Captain Fantastic And The Brown Dirt Cowboy (1975) - Elton John
    Indian Sunset (1971) - Elton John
    Skyline Pigeon (1969) - Elton John
    Ballad Of A Well-Known Gun (1970) - Elton John
    Country Comfort (1970) - Elton John
    1983... A Merman I Should Turn To Be (1968) - The Jimi Hendrix Experience
    Moon... Turn The Tides, Gently, Gently Away (1968) - The Jimi Hendrix Experience
    Hey Joe (1967) - The Jimi Hendrix Experience
    The End (1967) - The Doors
    You're Lost Little Girl (1967) - The Doors
    Both Sides Now (1969) Joni Mitchell
    Stairway To Heaven (1971) - Led Zeppelin
    Ramble On (1969) - Led Zeppelin
    The Rover (1975) - Led Zeppelin
    Maxwell's Silver Hammer (1969) - The Beatles
    Piggies (1968) - The Beatles
    Mr. Tambourine Man (1965) - Bob Dylan
    Goin' Back (1968) - The Byrds
    Negro Gato (1966) - Roberto Carlos
    Lady Laura (1978) - Roberto Carlos
    Faroeste Caboclo (1987) - Legião Urbana

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    1. Tem uma que eu acho que daria uma história em quadrinhos bem legal, com um clima sombrio, meio noir, é a Love in Gotham City, da banda paraibana Seu Pereira e o Coletivo 401.
      Se não a conhece, escute e depois me diga.
      Abraço.

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    2. Eu escutei e gostei do refrão

      Libera a gente aí
      Vai resolver outra parada
      Aqui tem tanta gente ruim
      O Coringa e o Charada

      E outro verso que dizia

      Tem tantos ratos nesta cidade
      Espalhando lixo e miséria

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    3. Mas sendo sincero com o senhor
      Eu não gosto muito destes quadrinhos de heróis porque já vimos milhões de vezes ou franquias que estão sempre entre as mais vendidas, eu prefiro mais desconhecidos que não chegam a grande mídia como o Studio Ghibli, Makoto Shinkai, Mamoru Hosoda, Studio Colorido, Les Armateurs, Cartoon Saloon

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    4. O senhor conhecia King Crimson, The Velvet Underground, Joni Mitchell, The Byrds, Lou Reed e Nico que eu esqueci de colocar a canção dela The Fairest Of The Seasons (1967)

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    5. Conheço Velvet Underground, Lou Reed e Nico.

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    6. The Birds? King Crimson? Você deve ser um arqueólogo do rock! Sabia que o David Crosby do "Crosby, Stills and Nash (and Young)" tocou na primeira formação dos Birds?

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  9. Azarão, eu vendo suas opiniões, vi que o senhor é uma das pessoas que pode me ajudar pois eu sou uma pessoa que foi viciada em redes sociais e sou um cara curioso pra coisas da internet que viciam então quando eu vi seu blog em Portugal eu acabei dando exploradas mas de forma saudavel

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  10. Porque eu fui muito infectado por coisas da internet como idiotices e eu acabo pesquisando essas idiotices em sites novos só pra ver se tem que não agrega em nada

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  11. Eu até tento fujir ou fugir das redes mas seu blog tem a opção de compartilhar no tuíta e feicibúqui e acabo indo só pra ver o que esses dois tem

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  12. O feici não pude ver porque não tenho conta, o tuíta eu acabei vendo postagens de vomitar como piadas infames do submarino, futebol e Lula, o Instagram não tenho conta e não tem a opção de usar no seu blog, só tenho WhatsApp mas o WhatsApp só mostra seus contatos e de mais ninguém então não tem como usar barra de pesquisas pra fritar meu cérebro

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    1. Rapaz, sinceramente, eu não entendi nada do que disse das redes sociais, eu não tenho nenhuma delas.

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    2. É que eu sou um cara meio que viciado nelas e tento parar de visita-las mas não consigo

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  13. Eu só penso porque os jornais da tv parecem ignorar essas redes e ainda depois que eu te falei do jornal da Band falar sobre perigos do celular e mostrar escolas que vetam como eu te falei aqui

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