Panis et Facebook

"Enfim, meu filho, desejo-te sorte e deixo-te uma frase: Ad captandum vulgus, panem et circenses 
(Para seduzir o povo, pão e circo). Esperarei por ti ao lado de Júpiter."
(final da carta do Imperador Vespasiano, às portas da morte, para seu filho Tito, o construtor do Coliseu romano)
 
A casa simples, de paredes caiadas, de Edinéia Conceição, no povoado do Paiaiá, em Santo Estevão (BA), não possui energia elétrica, a luz não chegou por falta de poste.
Edinéia é órfã, não tem ajuda de nenhum dos pais de seus filhos (dois, por enquanto) e seus parcos rendimentos não chegam para as velas necessárias a uma mínima iluminação de sua residência; além disso, as velas representam perigo de incêndio, uma tábua já pegou fogo uma vez, que quase se alastrou.
Edinéia tem um candeeiro, mas a fumaça causa-lhe tosse.
Desesperada, desamparada, abandonada por todos (nem o vizinho que fez um "gato" num poste a 20 m da casa de Edinéia deixa que ela compartilhe do tão honesto recurso), Edinéia só encontrou uma maneira de iluminar um pouco sua casa de três cômodos : usar a luz de seu telefone celular.
Pãããããta que o pariu!!!
Não tem energia elétrica, não tem dinheiro para vela e duvido até que haja saneamento básico adequado em tal cafundó do Judas. Mas tem a porra do celular!!!! 
Edinéia pagou R$ 150,00 pelo celular, mas se queixa de que também não sobram uns trocados para colocar créditos - ô, tadinha -, dessa forma, o aparelho perdeu sua função original e faz as vezes de uma lanterna improvisada.
Alguém desconfia qual seja a fonte dos R$ 215,00? Acertaram. O Bolsa Família. A grana para Edinéia ficar à toa o dia inteiro, a reclamar que não tem isso, não tem aquilo, não tem aquiloutro, sai do meu bolso, dos meus impostos. E nem é para comer sem trabalhar, é para comprar celular, ganha 215 contos e gasta 150 com celular.
Edinéia reclama que não tem luz elétrica, que não tem dinheiro para vela, que a fumaça do candeeiro causa-lhe tosse, que nem tem créditos no celular. Alguém já terá ouvido ela se queixar de que não tem trabalho? Edinéia tem 28 anos, será que a vetusta idade lhe impede de pegar no batente? Antes a impedisse de procriar.
Uma amiga empresta a tomada sempre aos finais de semana. "Carrego o celular, mas a bateria dura só até quarta, quinta. Nunca dá para a semana toda", diz.  Que peninha, né?
O filho mais velho abandonou a escola neste ano, e ela acha, desconfia, tem a leve impressão, de que a falta de luz seja a responsável. Segundo ela, sob a precária luz das velas, ele fazia um exercício da tarefa e parava. Talvez a verdadeira preocupação de Edinéia nem seja o abandono dos estudos por parte do filho em si, mas sim a perda do Bolsa Família, benefício atrelado à frequência escolar e sem o qual ela, horror dos horrores, teria que pensar em arrumar um trabalho.
A responsável pelo abandono escolar do filho não foi a falta de luz. Porra nenhuma. Foi a negligência, a preguiça de Edinéia em cumprir com um dos papéis básicos de uma mãe, acompanhar a vida escolar do filho. Será que Edinéia nunca pensou em se sentar com o filho e acompanhar a feitura de suas tarefas escolares durante o dia, à luz do sol? Ou será que, além da elétrica, a energia solar também não chega ao pequeno povoado baiano? O que ela fica fazendo o dia todo?
Ela, eu não sei, mas o filho, o mesmo que abandonou a escola, tem seu compromisso diário : pouco se lixando para o apagão em seu lar, o adolescente acessa a internet em um centro ao lado de casa e mantém conta em rede social. 
Ela, sem energia elétrica, sem dinheiro para vela, mas com celular; o filho - outro coitadinho, outra vítima do sistema - cansa-se ao fazer uma única questão de sua tarefa por conta da fraca iluminação, porém, enquanto o sol é presente, passa suas tardes na internet, em redes sociais, no facebook.
Este é o tipo de gente que nós, trabalhadores, sustentamos. Esta é a destinação dada ao dinheiro do contribuinte pelo governo canalha do PT. 
É para isso que você trabalha 8 horas por dia : para dar telefone celular para encostados e permitir que neanderthais semianalfabetos se conectem às redes sociais. Para levar pão e facebook ao sertão do Paiaiá, e a tantos outros cus de mundo.
Que é assim que se governa, com pão e facebook. Sempre foi.

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