Edir Macedo Encontra A Cura Para A AIDS E Para O Tesão Na Argola

Um jovem mancebo, de nome Leandro, procura Edir Macedo e os pastores da Igreja Universal do Reino de Deus, cansado que está da ardência no cu, de levar bolada no queixo e de beijar pra trás. Quer se livrar do demônio da boiolagem, curar-se de suas enfermidades e ganhar forças para romper um relacionamento homossexual com um vizinho.
É o que basta para o bispo Macedo. E só do que ele precisa. Arma-se o circo e Macedo dispara : "nós vamos arrebentar agora". Em meio a muito "sai, capeta", Macedo disse que ia "queimar" a AIDS e outras enfermidades, caso Leandro as possuísse, e que expulsaria todos os espíritos imundos do corpo do rapaz, incluso o da homossexualidade.
Conectado a câmeras de internet, e, portanto, em público, Macedo incorreu no artigo 283 do Código Penal Brasileiro, o charlatanismo, o qual é definido como práticas pseudocientíficas, apregoadas por alguém com vantagens para si, pecuniárias ou não, ludibriando a outros. No início de sua carreira, Macedo já passou uns dias na cadeia por conta do mesmo delito, mas ele não tinha tanto dinheiro e influência à época.
Macedo passou a falsa informação de que a AIDS pode ser "queimada" em rituais religiosos e expôs Leandro a constrangimentos físicos e morais.
Falsa informação, tudo bem, mas constrangimento? O cara procurou Edir Macedo por livre e espontânea vontade e é maior de idade, sabia muito bem onde estava se metendo e pelo que passaria.
O exorcismo era conduzido pelo pastor Clodoaldo Santos, quando Macedo resolveu também entrar na festa e dar uma força a seu acólito : mandou sua esposa, Ester, trazer um chicote, com cujo poder ele expulsaria as entidades malignas a possuírem o rapaz; expulsar o pinto do vizinho do rabo, ficaria por conta de Leandro, depois. 
O chicote não chegou a ser usado, mas os mais sensíveis reclamam de que ficou a imagem de um instrumento de violência.
Falemos com um pouco mais de seriedade. Se charlatanismo é uma prática pseudocientífica etc etc, psicólogos e similares também deveriam ser enquadrados no artigo 283. Se a cura pela fé e rituais religiosos são ocorrências de charlatanismo (e são), por que prender ou punir apenas Edir Macedo? 
As promessas feitas a santos católicos e os milagres por eles operados são igualmente falsos e expõem as pessoas a constrangimentos físicos e morais. Fiéis caminhando quilômetros à exaustão para agradar um santo, ou a colocarem os joelhos em carne viva para subir os infindos degraus de uma escadaria qualquer, parecem-me tão (ou mais) humilhantes quanto umas chicotadinhas. Que nem aconteceram.
Alguém já teve o desprazer de visitar um desses centros de peregrinação católicos? Eu já. E nem era um dos grandes, Fátima, Lourdes, Aparecida, Juazeiro, Pirapora. 
Em Tambaú (SP), há um tal milagreiro, o padre Donizeti. E uma vez por lá, quando dei por mim, tinha sido conduzido à igreja do referido pároco, a uma sala de ex-votos, que são oferendas feitas aos santos pela graça alcançada. 
Poucas vezes entrei em um ambiente tão tétrico, tão pesado, asfixiante. Confeccionados geralmente em cera, pés, cabeças, mãos e pernas abarrotavam a sala. Ignorante sobre o que via, fui informado de que, por exemplo, se o fiel tivesse sido curado de uma dor de cabeça, ele depositava ali uma cabeça de cera, gesso ou outro material; curado de uma artrite, punha ali uma cópia do órgão reestabelecido, mão, perna etc.
E, lógico, uns trocados na caixinha da igreja.
A Igreja Católica vive dessas patifarias desde a Idade Média; Macedo e seus imitadores são meros aprendizes frente ao Vaticano. A Igreja Universal ainda não tem um país próprio, nem uma cadeira na ONU. Ou tem?
Nesses centros, as pessoas chegam aos magotes, em caravanas de cidades vizinhas. Empresas de ônibus tiram a barriga da miséria em cima dos miseráveis, assim como os vendedores ambulantes, bares, restaurantes etc. E é aquela rezação, aquele choro, aqueles ulos de lamentações. Um povo todo estropiado que deveria estar sob cuidados médicos e não sendo enganado pela falsa possibilidade de um milagre; e crianças são levadas a tiracolo, circulam aturdidadas em meio à loucura. Em pouco tempo, também estarão loucas.
Frente a tal massacre físico e mental, o que são, se tivessem sido desferidas, algumas chibatadas para salvar um cuzinho? Um chicote é um símbolo de violência? E o que dizer, então, da figura do idiota do Cristo, pelado, escalavrado e pregado a uma cruz? Que é uma metáfora de paz e serenidade?
Por que charlatanismo para uns e mostras de devoção e fé para outros?
Fosse a lei feita à Justiça, todos seriam presos, padres e pastores. Mas como não, que a todos deixemos soltos e impunes. E que o povo decida pelo charlatão que mais lhe convier.
Fonte : Paulopes

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2 Comentários

  1. Procurando outra matéria, por acaso encontrei seu blog.
    Confesso que as palavras que utiliza quando se refere a Deus, Jesus, Cristo ou Igreja são muito agressivas. Sou evangélica e acredito em milagres, na fé...etc. etc..., mas devo concordar (em partes) com sua matéria postada.
    Existem ignorantes e não ignorantes. Os ignorantes são os que apoiam e financiam esse charlatanismo tanto de pastores, quanto de padres ou de todas as crenças e religiões que utilizam este meio.
    O charlatanismo está em toda parte.

    Até mais!
    Miriam
    JUndiai - SP

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