A Igreja Missionária Do Kopimismo

Fundar uma religião sempre foi pretexto para roubar algo ou alguém; de preferência, algo de alguém.
Elabora-se uma série de dogmas irracionais à guisa de estatuto, apresenta-se uma lista com um certo número de interessados e se ganha do Estado o reconhecimento oficial da nova religião. Tudo registrado, tudo certinho e isento de impostos, uma vez que todas se declaram sem fins lucrativos. Se o lucro vier, é lucro, é um reconhecimento de deus pelos serviços prestados, como já ouvi um pastor dizer. Qualquer um pode fundar uma religião.
A partir daí, o fiel tem legalmente assegurada a liberdade de exercer sua crença individual, por mais absurda que ela seja. Crença que, muitas vezes, o torna imune às leis e sanções da própria Constituição Federal.
Um exemplo disso é o tal do Santo Daime, cujos rituais são movidos pela ingestão de substâncias altamente alucinógenas; drogas que, fora daquele contexto, não são legalizadas. Há também o caso da homofobia (prestes a virar crime), os religiosos poderão continuar malhando a bicharada dentro de suas igrejas sem o risco de irem para o xilindró.
É curioso que a religião ainda goze de tantos privilégios e projete tamanha sombra nos âmbitos legal e jurídico de Estados declarados laicos.
Foi reconhecida, ontem, a mais nova religião do mundo, e ela vem da Suécia. É a Igreja Missionária do Kopimismo. O Papa dessa nova religião é Isak Gerson, de 19 anos, cujos pedidos de reconhecimento haviam sido negados por várias vezes, a última em julho de 2011. Agora, o novo Papa apresentou uma lista com três mil nomes ao governo Sueco, que julgou por bem aceitar a petição.
Kopimi, em inglês, é pronunciado copy me, ou me copiem. E esse é o dogma da nova seita, o compartilhamento de informações pela internet. Os kopimistas acreditam que toda informação compartilhada tem mais valor, e é sagrada.
Nos "cultos", o  livre compartilhamento é pregado  como algo sagrado. Nenhum deles compra livros, CDs ou DVDs, nem utiliza programas como Windows ou iTunes. Usam o sistema aberto Linux nos computadores e, para justificar os atos fora da lei, costumam afirmar que impedir a comunhão da cultura, ou cobrar por ela, é inaceitável, um sacrilégio.
Os símbolos de sua religião são o Ctrl + C e o Ctrl +V . E seu principal ritual, explica Gerson, "é o ato de se conectar e copiar com cada um em busca de informação”. E ele conclui : “Esperamos que esse passo seja em direção a podermos viver com a nossa fé sem medo de perseguição”.
Eu não tô de sacanagem, não. E nem bebi ainda. É verdade.
Uma vez oficializados, os santos piratas esperam que seu dogma religioso seja levado em conta pela justiça nos futuros processos abertos contra eles por gravadoras e estúdios.
É o que eu comecei dizendo, o cara vai roubar informações - transgredir uma lei federal, no caso, até mundial - e alegar que é sua crença, sua prática religiosa. E vai se safar, claro.
Será que esse Gerson é aparentado com o ex-jogador brasileiro Gérson, aquele que gosta de levar vantagem em tudo?
De qualquer forma, tenho que dar o braço à torção e me render à sabedoria desse cara, Isak Gerson.
Estratagema brilhante. Inegavelmente brilhante.
Abaixo, o "brasão" da nova igreja.

Será que tem uma vaga para bispo nessa religião, quiçá cardeal?

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