Nossa Senhora Do Crack

A cidade de São Paulo ganhou nova santa, a Nossa Senhora do Crack, instalada na região central, a Cracolândia, pelo fotógrafo e artista plástico Zarella Neto. O local de instalação da santa, na Rua Apa, Bairro Santa Cecília, já virou point dos craquentos, assim que a imagem foi acomodada, vários viciados se aglomeraram em torno com seus cachimbos e deram início à primeira missa da santa.
O artista foi felicissimo em sua realização, desconheço fusão mais coerente que a da droga química com a religião, uma vez que drogas as duas são, uma vez que a instrumentos de controle do idiota ambas se prestam.Mas como nada é perfeito, o artista resolveu explicar sua obra, e aí fodeu tudo, artista tem que criar a obra e deixá-la lá, à mercê da interpretação de quem passa, mas ele explicou : "Resolvi democratizar a santa. Ninguém enxerga essas pessoas. Elas merecem proteção. Sou cristão e a santa é do povo", disse Neto, que nasceu e cresceu no bairro. A realização foi meritória, porém a intenção foi errada, a ironia e o sarcasmo deviam ter sido a mola propulsora da estátua, não a falsa preocupação cristã para com um bando de desajustados.
Para piorar, a santa teve a aquiescência do arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, que afirmou não enxergar profanação na obra. Muito sagaz esse arcebispo, devo admitir. Ao aparentemente aprovar a instalação e eximí-la de qualquer caráter profano, ele a desqualifica como obra de arte. Toda arte que se preze, que se possa chamar de tal, tem que ser profana, desrespeitosa, infratora. O bispo, dando seu beneplácito e tornando-a politicamente correta,  a anulou. Inteligentíssimo, odeio admitir.
"Vi e fiquei comovido. O drama dos dependentes químicos não pode nos deixar indiferentes. São humanos, são irmãos, são filhos de Deus. Nossa Senhora do Crack, rogai por eles e por nós também!", disse Dom Scherer.
Canalha esperto !

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