Popó versus Suplicy

Até bem pouco tempo, eu tive o senador Eduardo Suplicy em mais alta conta, o considerava um raro caso na nossa abjeta política, julgava-o um sujeito sério, parcimonioso, intelectual, um gentleman. Ignorei todos os indícios contrários a isso, considerando-os apenas acidentes de percurso na vida de um homem de bem, vicissitudes que podem ocorrer a qualquer um : ele foi casado com a peruaça Marta Suplicy, sexóloga e política arrivista, de quem levou um vistoso chifre argentino e ainda continou a dizer que a amava, que ela era uma boa mulher, e, com ela, deu ao mundo a cria chamada Supla. Precisa mais que isso para desconfiar da qualidade do cara? Pois eu não desconfiei, considerava-o um político acima de qualquer suspeita.
De uns tempos para cá, o tempo é implácavel e derruba a todos, o verniz do Suplicy começou a rachar : ele já cantou um rap no Senado, já desfilou de cueca vermelha pelo salão azul do congresso nacional a pedido de um programa humorístico, ofereceu-se para acompanhar a estudante Geisy Vila Nova Arruda no dia em que a aluna decidisse voltar às aulas no campus da Uniban, no ABC paulista, pediu votos para Suéllen Rocha, a Mulher Pêra, nessas últimas eleições, usou sua cota pessoal de passagens aéreas para custear viagens, em território nacional, de sua namorada, a jornalista Mônica Dallari, também pagou, com a cota do Senado, uma viagem da namorada a Paris, em janeiro de 2007.
Agora, Suplicy vai lutar com Acelino Freitas, o Popó, nessa quinta-feira. Será cobrado ingresso de R$ 1,00 e o arrecado, revertido para financiar o "Renda Básica da Cidadania", programa do qual nunca ouvi falar, mas que deve ser mais um cabidão de empregos para sustentar vagabundos.
Suplicy, que foi boxeador amador na década de 60, declara-se com fôlego para encarar Popó.
Achei que Suplicy fosse um indivíduo que levasse a política a sério : não o é. Também achei que Popó, grande campeão de um esporte ultradisciplinar, levasse sua nobre arte a sério : não a leva.
Nesse país, só a notoriedade vã é levada a sério, só o ganho fácil, só a má política, só a falta de seriedade, só a presepada, só a palhaçada faz escola em terras demarcadas por Cabral. Por mim, os dois já estão nocauteados. Lamentavelmente.

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