Saudades Do Politicamente Erradíssimo

Eu tinha 17 anos, era 1984, e cursava o terceiro ano do colegial (não essa merda de ensino médio) em São José dos Campos quando tive contato com o jornal Notícias Populares, o famoso NP.
Havia um professor de Física, professor Mário, que vinha de São Paulo nos dar aula e sempre carregava um exemplar do NP no bolso, o jornal tinha poucas páginas (poucas e boas) e dava para dobrá-lo e guardá-lo no bolso. Até que um dia, talvez pela importância da notícia, o professor Mário resolveu compartilhar seu jornal conosco, e se pôs a ler sobre um fato que estava a causar furor na capital paulista : a saga do Pelezão. Pelezão era um negão indigente, frequentador da fila da sopa do Cetren, mais um desvalido na grande cidade. Até que um dia, uma psicóloga do Cetren arrastou Pelezão para o carro dela e deu a maior sopa de buceta pro Pelezão. Pronto, a partir daí, Pelezão virou símbolo sexual e rendeu boas semanas de manchetes no NP, todas lidas para nós pelo professor Mário.

Depois disso, passamos, eu e mais alguns amigos, a comprar o NP sempre que possível, pena que não guardo nenhum exemplar comigo até hoje. O jornal tinha de tudo o que corria no mundo cão, crime, sexo, crime por sexo, pôster de mulher pelada na página central, casos paranormais etc etc. Tudo na mais pura e genuína linguagem popular e brasileira. Algumas de suas manchetes que se tornaram clássicos:

Bicha põe rosquinha no seguro"
, "Aumento de merda na poupança", "Broxa torra o pênis na tomada", "A morte não usa calcinha", "Churrasco de vagina no rodízio do sexo", “Aluno é expulso por causa do chulé”, “Maradona bom de bola, ruim de taco”, “Padre extermina 15 diabos por domingo”, “Broxa torra o pênis na tomada”, “Malacos surpreendidos sairam berrando em lá maior”, “Violada no Teatro Municipal”, “Deu um barro e morreu”, “Kombi era motel na escolinha do sexo”, “Médico afirma: o bebê-diabo nasceu no ABC”, “Psicóloga pega na marra e violenta o indigente”, “Milene engravida na primeira bimbada”, “Angélica foge do hotel no meio do terremoto”.
O Jornal era mantido pelo Grupo Folha e circulou de 1963 a 2001. Hoje, não duraria muito tempo, infelizmente, não venderia para pagar os processos dos mais diversos e canalhas tipos de ONGs que se alastram por esse país.
Um brinde ao NP, e ao professor Mário, que nos apresentou a essa literatura da mais alta qualidade.

Postar um comentário

0 Comentários