O ENEM deu chabu. Mais uma vez. Ano passado, a prova vazou; esse ano, confusão no gabarito.
Incompetência! Pura  incompetência e/ou descaso das partes envolvidas na elaboração das provas.
A  Justiça Federal determinou a suspensão do ENEM 2010 e uma juíza  cearense deferiu o pedido, ou seja, foi criada uma jurisprudência e a  decisão terá efeito para todo o Brasil. A Justiça Federal e a juíza  Carla Miranda de Almeida Maia agiram acertadamente, muito acertadamente.
Pessoalmente,  não reconheço a importância do ENEM, por mim seria extinto, nunca teria  sido criado, mas o fato é que foi dada relevância nacional à prova,  passando ela a afetar a vida de todo estudante brasileiro, o que torna  um completo e imperdoável absurdo essa sucessão de erros em sua  elaboração.
Recebi  um e-mail de uma pessoa a quem muito prezo e que ainda tem ilusões  esquerdistas e vermelhóides, aquela velha lenga-lenga sobre um mundo de  iguais oportunidades para pobres e ricos, onde idealmente nem haja  pobres e ricos e blá-blá-blá, blá-blá-blá e blá-blá-blá, mas, paciência,  de quem gostamos, tomamos a incoerência como ingenuidade.
O  conteúdo do e-mail é um texto atribuído a Paulo Henrique Amorim, em que  o jornalista, há muito já vendido aos bispos da Igreja Universal, fala  mal do jornal "A Folha de São Paulo", criticando a abordagem feita ao  ENEM. Na opinião do autor - e, lógico, na de quem me enviou -, está  havendo um barulho excessivo em torno do acontecido, apenas uma ínfima  porcentagem dos estudantes foi prejudicada (e se o filho dele estivesse  entre esses?), e todo o alarido seria um conluio entre A Folha e o  governo Serra para desmoralizar o governo federal, o PT. A culpa, agora,  passa a ser de quem divulga a cagada e não do cagão, não de quem a  cometeu. Como na Antiguidade era morto o mensageiro caso o teor da  mensagem não agradasse ao destinatário.
O texto segue em sua imbecilidade alegando que A Folha e o Serra são contra o ENEM porque ele valoriza e dá acesso para o pobre às Universidades Públicas. Idiotice pura! Fala típica de quem sempre foi elite e se declara pelos pobres, típico vermelhóide de buteco.
Nenhuma  prova, por mais rasa que seja, e o ENEM é raso, é capaz do milagre de  favorecer o detentor de menor conhecimento, o pobre no caso; nenhuma  prova é capaz de barrar o possuidor de mais informações, o rico no caso.  Qualquer aluno meia-boca de qualquer escola particular meia-boca tem  mais chances no ENEM que um bom aluno de uma escola pública. O ENEM  continua valorizando o mais endinheirado, como sempre foi. Só pensa  diferente quem não vivencia o meio estudantil em seu dia-a-dia. Ou quem é  muito burro.
Sou  contra o ENEM, sou contra a nota do ENEM ser adotada como única  referência no ingresso a uma Universidade Federal. E minha oposição nada  tem a ver com a classe social daqueles a quem o ENEM supostamente  colocaria nas Universidades - não nasci rico, longe disso; não sou rico  hoje, longe disso, também.
Sou  contra o ENEM porque ele dará acesso, isso sim, ao idiota, ao  despreparado. O cara resolve, lá na prova do ENEM, uma questão do  cálculo de consumo elétrico de sua casa e pronto, tá feita a mágica. É  dito ao sujeito que ele sabe Física e que ele pode ir pegar sua vaga  numa Federal. Se o destino dele for um curso das chamadas ciências  humanas, ainda poderá conseguir acompanhar o currículo com algum  esforço, visto que é uma área de pura elucubração, de punheta mental. No  entanto, ingresse ele num curso de exatas e estará fadado a  abandoná-lo; nas primeiras derivadas, integrais polares, de linha etc  etc, o cara pede arrego.
Repito,  não é questão de classe social. Meu primeiro ingresso no ensino  superior se deu numa Federal (veterinária, curso que não concluí), em  1985. Na época, o despreparado não tinha acesso e ponto final, fosse  qual fosse seu estrato social. Conheci pessoas cujo poder aquisitivo  lhes deu a chance de fazerem cursinho por dois anos, três anos, e mesmo  assim não ingressaram na Pública. O medidor do ingresso era o preparo. E  muito justo e lógico que o seja. Todo país que se pretenda desenvolvido  precisa de uma alta elite intelectual, que produza conhecimento e  tecnologia. É óbvio que a grande maioria não é boa candidata a compor a  elite intelectual do país; professar que todos podem ser iguais se  tiverem iguais oportunidades é bem coisa de humanista bêbado.
Sou pelo fim do ENEM, sim. Pelo acesso, às Universidades Públicas, que ele dá ao idiota, ao inepto. 
Seja ele rico ou pobre.
Seja ele rico ou pobre.
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