Descansando Um Pouco A Marreta

Zeca Baleiro, cantor e compositor, foi a última grande surpresa (boa) que tive com a nossa chamada MPB, desconhecia-o totalmente quando ganhei uma gravação de seus primeiros CDs de uma amiga, isso em 2001, 2002 e os CDs rodaram em meu pequeno rádio até quase furarem (desculpem, vícios da época do vinil) e muita cerveja, vinho e vodka foram consumidos em suas audições.
Assim como George Lucas com sua série clássica de Star Wars, o melhor do trabalho de Baleiro se concentra em sua primeira trilogia, "Por onde andará Stephen Fry (1997)", "Vô imbolá (1999)" e "Líricas (2000)"; fez ainda um excelente disco em parceria com Fagner, em 2003.
Depois disso, não mais causou grandes surpresas, mas soube bem administrar, até hoje, o seu talento e consegue cravar três ou quatro belas canções a cada novo álbum.
Outro aspecto interessantíssimo no trabalho de Baleiro é o seu lado intérprete. Em cada disco, regrava músicas de autores pouco conhecidos ou esquecidos. Através dele, conheci Sérgio Sampaio. Tudo bem que eu já conhecia "Eu quero é botar meu bloco na rua", só que nem sabia de quem era, e também o disco "A Grã Ordem Kavernista", do quarteto Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star, mas é um disco para fãs do Raul e a presença dos outros fica toldada. Gostei de uma regravação do Zeca e fui atrás de mais. Fantástico, uma discografia impecável, a desse Sérgio Sampaio.
Agora, nesse mais recente CD, Baleiro gravou a bela "Desengano", de um tal Lula Cortês. Fucei e descobri que o cara já foi parceiro de Zé Ramalho e fez parte de uma turma que tentou instalar o psicodelismo por aqui, isso lá na década de 70. Baixei alguns discos do cara e ainda estou ouvindo, analisando, mas já encontrei coisas sensacionais.
As discografias de Sérgio Sampaio e Lula Cortês, a quem interessar possa, podem ser baixadas do ótimo blog Cantina do Rock.
Vai aí a letra de "Desengano", Lula Cortês e Tito Lívio

DESENGANO (Lula Cortês e Tito Lívio)

Toda vez que olho o desengano
Nas frases do canto fosco dessa juventude
Sinto meu sorriso magro,
Meu rosto suado se encarquilhar
E quando franzo a testa,
E são suo o rosto cor de madrugada
E quando me deprimo 
e curvo os ombros pra pensar

Penso nos martíos,
Todos os delírios loucos que vivenciamos
E vejo por quanto anos nos aventuramos querendo voar
Voar pra sair de perto,
De todo deserto desses abandonos,
E constatando o desengano se despedaçar.

Desfeito em pedaços,
Sigo no encalço desse sonho
Vejo meu sorriso magro,
Coração amargo se atrapalhar
Quando franzo a testa,
E são suo o rosto cor de madrugada
Quando abro os olhos, olhos claros para o mar.

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