No Qatar, Não Pode Furunfar, Entornar e, Muito Menos, Dar a Ré no Quibe

E amanhã começa a Copa do Mundo de futebol 2022! Ops, Copa do Mundo, não : Cópula do Mundo. Que Copa do Mundo só é Copa do Mundo para quem vai lá jogar. Para quem vai "torcer", é Cópula do Mundo.
Muito que o sujeito vai gastar uma grana preta (ainda se pode dizer grana preta?), viajar um porrilhão de quilômetros, enfrentar filas em aeroportos, overbooks, risco de ter a bagagem extraviada, atrasos e cancelamento de voos etc só para aplaudir um bando de barbados chutando a porra de uma bola.
Se for só para torcer pela seleção do seu país, o cara fica em casa, feito um sapo no sofazão da sala, tomando sua cerveja com amendoim japonês, andando pelado, arrotando e peidando alto, que é a maior liberdade que um sujeito pode ter.
Se o cara vai para a Copa, é para enfiar o pé na jaca, para rosetar, para chafurdar numa xavasca nova, vai para, como diria o saudoso carnavelesco Clóvis Bornay, furunfar. E entornar, é claro. Para encher o caneco; ou melhor, para esvaziar o caneco, para chamar Jesus de Genésio. O futebol é só um pretexto, um detalhe. O cara até assiste a alguns jogos, afinal, já está por lá, mesmo. Mas o que ele quer é arrebentar a boca da vuvuzela.
Porém, no Qatar, o buraco é mais embaixo, ó, foliões da pelota. Aliás, no Qatar, o mais prudente é não se arriscar em nenhum buraco casual ou avulso, o que é, entre tantas outras práticas consideradas normais pelo degenerado Ocidente, crime. Sujeito à multa, cadeia e extradição.
Não é à toa que várias confederações de futebol estão a alertar os seus torcedores em relação aos costumes, tradições e leis cataris bem como quanto às respectivas punições para qualquer um que as transgredir; inclusive, os estrangeiros em visita ao país.
O Qatar é um país muçulmano. Lá é o Alá, deus iracundo das antigas, quem canta de galo. E põe ordem no galinheiro. No Qatar não tem lero-lero nem vem cá que eu também quero. Não tem mi-mi-mi. Não tem causas sociais, pautas progressistas ou ações afirmativas para os excluidinhos. Com Alá, pisou na chapinha, jogou água fora da bacia, vai queimar no mármore do inferno.
Por isso, o tabloide inglês Daily Star publicou uma série de recomendações aos torcedores britânicos, uma cartilha de boa conduta para os netinhos mais travessos da rainha Elisabeth, orientações vindas de uma fonte policial catari.
Álcool é substância ilícita no Qatar. Esqueçam, pois, ó, biriteiros da bola, "esquentas" e comemorações pós-jogos em bares e pubs. Não há bares e pubs no Qatar. Foi pego na blitz da lei seca de Alá? Se catari, multa pesada e sete anos de xilindró; se gringo, multa pesada, detenção e extradição.
"A cultura da bebida e da festa após os jogos, que é a norma na maioria dos lugares, é estritamente proibida. Com consequências muito rígidas e assustadoras se você for pego. Há uma sensação de que este pode ser um torneio muito ruim para os torcedores", disse a fonte policial ao Daily Star.
Sexo casual, dar aquela trepadinha sem compromisso, só para trocar o óleo, também é crime grave no Qatar. Conheceu aquela peituda croata nas arquibancadas do estádio e está pensando em levá-la pro quarto de hotel, para explicar-lhe a tática de jogo 3x4x4? Esqueça. Troque whatsapp com ela para uma punheta à distância, uma bronha home office. Se pego com a boca (ou qualquer outra parte do corpo) na botija, também multa, detenção e extradição, ou sete anos de cana para os nativos de Qatar.
"O sexo está muito fora do cardápio, a menos que você venha como marido e mulher. Definitivamente, não haverá sexo casual neste torneio. Todo mundo precisa manter a cabeça no lugar, a menos que queiram correr o risco de ficar presos. Existe essencialmente uma proibição de sexo na Copa do Mundo deste ano pela primeira vez. Os torcedores precisam estar preparados", disse a fonte policial.
E nem precisa afogar o ganso para que a ira de Alá recaia sobre o libidinoso torecedor. Basta andar de mãos dadas em público, dar um abraço, ou um selinho da Hebe. No Qatar, são mal vistas e punidas quaisquer demonstrações públicas de afeto, independente da orientação sexual de quem as praticar.
Fazendo coro às recomendações da fonte policial catari do Daily Star, Nasser al-Kather, executivo-chefe da Copa do Mundo Fifa 2022, disse : "A segurança de cada torcedor é de extrema importância para nós. Mas demonstrações públicas de afeto são desaprovadas, não faz parte da nossa cultura e isso vale para todos". No que foi endossado pelo Comitê Supremo do Qatar para a Copa do Mundo 2022 : "O Catar é um país conservador e demonstrações públicas de afeto são desaprovadas, independentemente da orientação sexual".
E se um homem e uma mulher a namorar na rua já correm o risco de cadeia e extradição, imagina só para um par homoafetivo de homens? Imagine só se duas borboletinhas esvoaçantes resolverem saracotear de mãozinhas dadas pelas ruas de Doha? O cajado de Alá lhes cantará no couro!
No Qatar, não pode furunfar, entornar e, muito menos, dar ré no quibe. Estão pensando o quê, que o Qatar é a casa do Cristo?
E o Daily Star ilustrou a reportagem com a foto de um casal praticando sexo casual em que a messalina é uma torcedora vestida com a camisa do Brasil!!!
Entre 32 delegações, por que será que logo uma brasileira foi escolhida como exemplo da promiscuidade? Por que será, hein?
Tais restrições estão provocando uma enxurrada de críticas por parte das delegações de vários países bem como de personalidades e celebridades internacionais defensoras hipócritas dos direitos disso, daquilo e daquiloutro. A essas, Gianni Infantino, presidente da Fifa, respondeu curto e grosso : - Não assista! E continuou : É como essas pesquisas que mostram alguns candidatos na frente, e depois eles não ganham. Pega bem para alguns dizer que não vão assistir, porque o Qatar isso, porque a Fifa aquilo... mas a gente sabe que essas pessoas vão assistir, talvez escondidos. Porque nada é maior do que a Copa do Mundo. Para estas pessoas, as que vão ver escondidas, eu digo que vai ser a melhor Copa do Mundo da história.
Estão certíssimos, Infantino e, mais ainda, o Qatar. Não digo - e nem desdigo - se em relação aos seus rígidos costumes e leis, vistos como retrógrados pelos nossos corrompidos olhos ocidentais, que diferentes e "estranhos" costumes, cada povo tem os seus, mas, sim, certíssimo em exigir que eles sejam respeitados e seguidos por quem quer que visite o seu solo pátrio. 
A casa é deles. O torcedor estrangeiro é visita. Para as visitas, as leis da casa. Se meu cunhado chegar na minha casa, pegar da minha cerveja, escarrapachar-se no sofá, apoderar-se do  controle remoto e botar os pezões na mesa, não tenham dúvidas, vai tomar um tapão no pé do ouvido.
Não concorda com as leis e os uso de um local? Fique em casa. Não o visite. Simples assim. O Qatar é rico pra caralho! Lá o petróleo jorra até do cu dos sheiks! Não depende de dinheiro de turista para o PIB. Não precisa se curvar e se prostituir a culturas alienígenas. E os nossos costumes? Quem somos nós, ocidentais e, pior ainda, brasileiros, para dizermos das tradições e das culturas alheias? O que é pior, sexo casual ser crime ou uma menina de 11, 12 anos passar por um carrosel de rolas num baile funk?
Críticas aos costumes cataris não faltaram também, é óbvio, por aqui, em terras tupiniquins. Sem que ninguém lhe pedisse, a dita cantora Anitta, porta-voz e embaixadora da moralidade brasileira no exterior e PhD pela Universidade de Khalifa (Emirados Árabes Unidos) em Estudos Comparados da Culturas e Tradições dos Povos Árabes, manifestou-se : "O povo comentando 'respeita a cultura dos outros', mas que cultura gente? Discriminar os outros é parte de cultura agora?".
Claro que não, né, minha filha? Cultura é atochar um shortinho no toba, rebolar o buzanfão e tatuar as pregas.
Repito a pergunta que fiz sobre a escolha de uma torcedora brasileira para estampar a matéria do Daily Star, já sendo a própria questão uma boa parte da resposta. Por que será que escolheram uma brasileira para simbolizar a promiscuidade na Copa? Hein, hein, hein?
Todos sabem que não gosto de futebol, mas achei o mascote catari para a Copa de 2022 bem legalzinho, bem simpático. Parece o Gasparzinho. É o La'eeb. Que, em árabe, significa "jogador super habilidoso". Nada original, é verdade, mas ainda é bem melhor do que Fuleco, que, no nordeste, significa cu!

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7 Comentários

  1. Olha, não gosto de futebol e, como sempre, seguirei os costumes do meu planeta de origem (Marte), não assistirei a nenhum jogo. Mas uma coisa me deixa pensativo e puto: se os estrangeiros são obrigados a obedecer a cultura do país, nada mais razoável que as mulheres muçulmanas fossem proibidas de usar o hijab nos países ocidentais, para ficar de acordo com o provérbio “medieval” cada terra com seu uso cada roca com seu fuso. Ou, como diriam cabelereiros zangados, “óleo por óleo, pente por pente”.
    Voltando a falar um pouco mais sério, a imagem do mascote desde sempre me lembrou não o Gasparzinho, mas o fantasminha de um frade franciscano. Para finalizar, se alguém insistisse comigo para ver os jogos ”lá em casa”, diria simplesmente “Ora, vá se Qatar!” (eu precisava criar uma situação para esta piada idiota).

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    1. Alguns países europeus, como a França, Bélgica e Suíça, já proíbem a burca em espaços públicos há algum tempo.
      https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/03/suica-segue-franca-belgica-e-austria-e-veta-burca-em-espacos-publicos.shtml
      https://www.publico.pt/2021/05/01/p3/fotogaleria/maos-fora-hijab-protesto-contra-proposta-proibicao-veu-franca-406008

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  2. Eu, quando era solteiro e sem filho, ficava peladão direto dentro de casa. Só tomava cuidado pra não queimar o pinto no fogão e no ferro de passar roupa.
    Abração.

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  3. Tem que proibir a proibição! Tá dito!

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  4. Era uma delícia. As pessoas viviam me dizendo que, por ser solteiro, não ter filhos etc, eu tinha uma vida vazia; hoje, eu vejo que eu tinha era uma vida tranquila.

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