Troféu Óleo de Peroba da Arte Moderna (Ou : cadê o burro?)

Quem, por alguma razão (ou por falta dela), lê o Marreta há algum tempo, sabe que, volta e meia, eu manisfesto aqui meus sinceros "apreço" e "admiração", quase que um fascínio, pela tal arte moderna ou contemporânea, mormente a chamada arte conceitual.
Conceitual é o cacete! Arte não é conceito, é realização. Ou, pelo menos, não é só conceito. O conceito, a ideia, é a fagulha, é a chispa criativa, importantíssimo, portanto, mas se não for tornado em concreto, em belas formas materiais, não é arte porra nenhuma. É embuste, é fraude, é embromation, é 171, é empulhação de afetados sensíveis, preguiçosos e sem talento.
Arte conceitual é o cacete! Atividade intelectual porra nenhuma! Arte é trabalho braçal e suarento. De paciência, de privação, de vigor físico e habilidades motoras de ginasta. É trabalho de macho!
Arte é pôr as mãos à massa. É a tinta em feroz litígio contra a tela, a impregnar o virgem branco, os dedos, o rosto, as roupas e, dada a toxicidade de muitas delas, pulmões e fôlegos. É briga de 12 rounds contra a argila amorfa e desobediente. É armar-se de pesada marreta e afiado formão e extirpar e amputar sem anestesia do monolítico mármore tudo o que do mármore não for estátua.
O quilate da arte é direta e infalivelmente proporcional ao talento do artista em transpor barreiras dimensionais, do plano da ideia para o da realização. Conceitual, somente? Balela! Logro!
A exemplo, vá que eu, em um belo e ocioso dia, resolva esculpir um novo Davi. Preparo-me, então, para a empreita : muno-me de atlas de anatomia, faço um estudo minucioso da figura humana; visito também os laboratórios de anatomia de uma universidade, manipulo braços, pernas, troncos, pés, mãos, todos tirados do formol, sinto-lhes a consistência, a textura, cada reentrância e saliência de seus relevos, quase sinto a energia que os habitou outrora; visito academias de fisiculturismo, fico observando (tomo um Dramin antes, claro) aquela viadada toda se exibindo um para o outro em frente aos espelhos, atento para a musculatura humana em ação, seus movimentos coordenados, seu tônus, o trabalho sincronizado de músculos, ossos e tendões.
Emerjo desse estudo com o conceito de um corpo humano dos mais proporcionais e harmoniosos - de fazer inveja ao Homem Vitruviano - perfeitamente formado em minha cabeça, em minhas ideias. Vou ter, então, com a argila, para dar-lhe forma. Luto contra a argila, soco-a, sovo-a, estrangulo-a, modelo-a e a submento a meu bel-prazer. Finda, a minha obra, com muita boa vontade, pode ser reconhecida e tomada, mal e mal, por um daqueles bonecos de neve de filmes infantis. E o conceito? E a ideia? Que se fodam! O resultado não é arte e pronto.
Ou vá que eu decida pintar um belo nu, uma maja desnuda. Imagino a Scarlett Johansson peladinha, perfeitinha, lânguida e no cio, a posar para mim depois de uma bela trepada. Pincéis para cá, telas para lá, paletas e aquarelas para acolá, e voilà : o resultado é a Dilma Rousseff fazendo topless. Cadê a Scarlett? Cadê a arte? Estão na puta que o pariu do mundo das ideias. O conceito do nu perfeito de Scarlett só me servirá a uma boa bronha.
Esses janotas empoados da arte conceitual deveriam receber o Prêmio Óleo de Peroba da Arte Moderna, uma espécie de Taça Jules Rimet da cara de pau, mas não precisa ser de ouro, pode ser de papelão mesmo, afinal, o que importa é o conceito.
Só sendo muito cara de pau para chamar o que fazem (o que pensam em fazer, nesse caso) de arte. Ou são muito dos caras de pau, ou têm como certa a burrice do público pagante em suas exposições, instalações, intervenções etc. Ou ambas as coisas.
Tem que ser muito do pilantra para, a exemplo, amarrar um barbante à grade de um ventilador em funcionamento deitado no chão e dizer que o fio ereto pelo vento é arte - essa, desgraçadamente, eu vi, ao vivo, ninguém me contou. Ou ainda, na mesma mostra, em sala contígua à do barbante-boneco-posto-de-gasolina, espalhar quilos de farinha de trigo pelo assoalho e dizer que as pegadas impressas pelos visitantes que transitavam pela sala se configuravam na mais genuína das artes; as  marcas dos pés, cada uma diferente da outra, no desenho do solado do calçado, no tamanho, na profundidade, o desenho errático da trilha seguida por cada um, o randômico das escolhas dos caminhos humanos em exposição.
Caras de pau até os ossos! Safardanas e picaretas até à medula! Achei que depois dessas e de outras, estivesse vacinado, que nada mais me surpreenderia. Enganei-me.
Hoje, e eu não procuro por essas coisas, elas simplesmente caem nas minhas vistas, tomei conhecimento, folheando uma revista Isto É em meu intervalo de trabalho, de uma artista que elevou a picaretagem conceitual a um patamar estratosférico : o da arte imaterial! 
E parece que a moça, Marina Abramovic, é cachorro grande no mundo das artes. Foi uma das pioneiras da arte performática nos anos 70, autoconsidera-se "a avó da arte da performance". Ela possui até um instituto onde ensina o seu método para o aprendizado da arte imaterial, o Marina Abramovic Institute (MAI), sediado em Hudson, Nova York.
A reportagem fala do método de ensino da artista, inspirado, segundo ela, em monges budistas, diz que a proposta da artista é a transformação física e mental por meio da arte, com promessas até de autocura, conta das conversas e da pesquisa dela sobre métodos de cura e imersão com o médium brasileiro João de Deus, grande influência em sua arte e com quem aprendeu sobre a mudança de consciência e de estrutura de nosso planeta, revela que Lady Gaga, com que passou três dias em retiro espiritual, é uma grande entusiasta de sua arte e método, e mais ainda um amontoado de sandices e despropósitos
Mas nada que se possa falar sobre Marina Abramovic substitui o visualizar de sua arte. Vamos a alguns de seus trabalhos mais respeitados e cultuados.
A artista (de branco) se senta e as pessoas vão se revezando à sua frente, buscando sintonia espiritual com ela.
"Crystal Cinema", a artista olha pra um cristal e o público olha para ela.

E a minha preferida:
Cadê o burro? Com certeza, não está na foto. 

Arte imaterial... Pããããta que o pariu!!!
Por essa, nem meu primo Leitinho, emérito entusiasta da arte contemporânea, esperava. Desafio-o, Leitinho, a dar a sua abalizada interpretação das obras.
Em tempo : se quiserem ler sobre o infortúnio que foi minha (única) incursão ao mundo das instalações, é só clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO.

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