Me acode
Me sacode
Me acorda não do pesadelo
Mas do meu sono sem sonho
Do meu revirar de estômago medonho
De todas as manhãs
(as manhãs são a parte mais assustadora dos dias
fetos malformados das estrelas
prematuros extirpados a fórceps pelo aborteiro sol
natimortas das mil e uma madrugadas).
Me alegra
Me esfrega com desejo
Com três desejos
Punhete a lâmpada de Aladim
Liberte, de novo,
O meu gênio.
A palavra
A criação
Que querem se ver expulsas,
Jorradas
Ejaculadas
Furúnculos que vêm a furo
Desengaioladas de mim
(Muito mais valem dois pássaros voando
Que um no cadafalso).
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