Conselho Final de Classe e Série

Aumentar o índice de aprovação, e o fluxo, e o Idesp, e impedir o fechamento de salas de aula, garantindo o emprego do professor, e a autoestima dos alunos e de suas famílias, que, descompromissados que são muitas vezes, precisam crer na ilusão de estão a aprender algo sem o menor esforço, e as intenções de voto no governo da situação, e, principalmente, aumentar o BÔNUS do professores e gestores, a sua cesta de natal, o único raio de esperança de suas vidas, depois da aposentadoria, óbvio.
É uma cadeia alimentar de pequenos subornos : o governo suborna diretores, coordenadores e professores com o bônus - e mesmo aqueles que se dizem contra essa esmola esperam ansiosamente por ela, nunca vi um desses "idôneos" professores abrir mão de seu bônus, ou doá-lo -, os professores subornam os alunos com falsas notas e sensação de aprendizado para que eles continuem a frequentar a escola, não se evadam, e aumentem os índices do governo, índices que, uma vez divulgados em nas propagandas eleitorais, mantêm inalterado o jogo do poder.
Ou seja : é um esquema canalha no qual todos perdem e todos ganham. Por isso, o Sistema é inexorável, invencível, impossível de demolir.
E ai do quixote idiota que achar que pode derrotar o monstro morando no estômago da própria besta. Será moído a pancadas, triturado, pulverizado, dissolvido por suas engrenagens, para, logo em seguida, ser esquecido.
E ai do quixote idiota que achar que pode se opor verdadeira e efetivamente ao Sistema; para esse, o stress, a fadiga, a depressão, o infarto, o câncer e o pior : o psiquiatra.
Quixote ainda tinha lá sua lança torta, enferrujada e quebrada, os quixotes têm apenas seu giz branco, seus tristes sanchos panças. Mas a caneta é mais poderosa que a espada, diz o provérbio holandês. Por indução, o giz, mais poderoso que a lança.
Muito bonito. Bela frase de efeito. Mas, na prática, jamais ouvi uma besteira maior; na realidade, jamais uma irrealidade maior.

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4 Comentários

  1. Olá Azarão.

    Estava pesquisando sobre um "causo" acontecido aqui na minha cidade (o do padre Gentil Zacheta) e encontrei seu blog.
    Vai pra mais de duas horas que estou me divertindo por aqui. Por que é quase tão raro como um fumante não gostar de café encontrar anti-lulistas nessa baderna que chamam de Brasil. (duas coisas: uma é que tenho problemas sérios com uso de porquês,então provavelmente vou escrevê-los todos fora de propósito e a outra é que acho que o PT é um monstro excretado todinho da mente daquele lá, falou anti-PT falou anti-Lula).
    Retomando, por seu ateísmo irreverente: poucas coisas há tão contraditórias quanto ateus dogmáticos que querem "levar a palavra" a todos nem que seja na base da doutrinação e por isso são tão chatos. Há um outro tipo de ateu, aquele que quer ser gentil e compreensivo com o que acham ser ignorância do crente. Esse além de chato é iludido. A última e mais importante razão é que ler, na minha abalizada (por mim mesma) opinião deve ser uma coisa que dê prazer. O que me leva à explicação de por que decidi comentar esse post específico. Lá pelas tantas da vida resolvi "melhorar de vida" e fui tentar um vestibular de Geografia na Unesp daqui.Tendo em vista minha formação anterior mais que capenga, inclusive fiz supletivo da 8ª série e dos três anos do antigo colegial, foi um espanto pra mim quando passei direto. Oras, espanto maior foi perceber, naquele antro de emburrecimento marxista, comunista ou socialista, sei lá qual a terminação "ista" que agrada mais ao povo, que o motivo de passar no vestibular foram todos os anos de diversão desenfreada, lendo tudo que me agradava, apenas. O curso foi um tormento, uma tortura. Leituras obrigatórias tão chatas que me fizeram pensar que estava doente ou fora abduzida sem dar por isso e trocada por outra que parecia comigo mas não era eu. Dormir a cada vez que começava a ler era inédito na minha vida. Enfim. A única coisa exequível no meu caso era dar aulas, já que tenho um estômago muito delicado o qual não dava conta nem de fazer de conta que engolia as patranhas ideológicas necessárias para conseguir um orientador, tentar um bacharelado e os afins daí em diante, que se resumiriam a investir numa carreira de "pesquisadora" dos cnpqs da vida repetindo os chavões "istas" em longos textos destinados a provocar sonolência nos mais sãos e idiotia no resto. Bom! Ou mais exato: péssimo.Esse negócio aí que você fala, de acabar no psiquiatra, é sério. Foi o que me aconteceu. Sou uma pessoa do tipo mãos à obra. Há algo a ser feito, vamos e façamos, da maneira a mais eficiente possível. Ao mérito, as honras, à preguiça e à indolência um até nunca.
    Esse jeito de ser é incompatível com as escolas atuais, com a "pedagogia dos oprimidos", com o coitadismo reinante. Pegar alunos numa sétima série que sequer sabem escrever o próprio nome corretamente, que não sabem ler e ter que promovê-los para a série seguinte; ter que ser compreensiva com meninas de onze anos berrando palavrões de estivador em sala, atirando cadeiras nos desafetos e mandando a professora fazer uso de certas partes da anatomia não muito usuais (sou um tantinho conservadora em algumas coisas).
    Ser obrigada a presenciar o total desperdício de recursos, de infra-estrutura, de vidas ainda no início por que se falar algo contra essa situação insana a errada é você. A angústia foi tamanha que passei 8 meses tomando antidepressivo e outros medicamentos que me deixavam mais mole que boneco de vento, até decidir que entre o hospício e voltar a ser faxineira, preferia a sanidade. Há muito mais honestidade, salubridade e trabalho real numa casa bem organizada e limpa do que na rede de ensino. Admiro quem consegue continuar, mas pra mim não deu.

    Voltarei para ler o que não terminei hoje.

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    1. Um belo depoimento esse seu. E não se preocupe com os "porques", eu também apanho deles direto, sempre que escrevo, tenho que pegar numa gramática para escrevê-los corretamente.
      Você é de Presidente Prudente e formou-se em Geografia pela Unesp? É uma puta duma coincidência, mas conheço uma professora de Geografia que também e de Presidente Prudente e formada pela Unesp, Solange Lima, a quem, apesar do pouco tempo de convivência, considero que posso chamar de amiga.
      Ela também é uma pessoa "mãos a obra", e que terminou por cair em depressão braba. Você a conhece? Até a inicial de seu nome "S" é a mesma do dela, Solange.
      Ou você é ela? Porque, repito, é uma puta coincidência.
      Me identifico muito com esse seu estômago fraco para a carreira acadêmica, ter que ficar fazendo o "lava-pés" para conseguir uma merda de uma bolsa de pesquisa.
      E já que disse que voltará por aqui, quero perguntar se posso transformar seu comentário numa postagem. Se preferir, mantenho seu anonimato. Ah, e se quiser pode dar um título para ele também.
      Considere meu pedido, tá?
      E fique à vontade por aqui, para comentar, criticar, sugerir temas ou reportagens que julgue interessantes.
      Abraços,
      aguardo novas visitas suas.

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  2. Olha só! É por coisas como essa que digo que o mundo é um ovo e PP é lêndea de piolho. Não sou a sua amiga e não cheguei a conhecê-la; o 'S' é de Shirley, eu o detesto. Meu falecido pai inspirou-se numa das Shirleys famosas, não lembro mais se a MacLaine ou a Temple e tenho que carregar esse fardo. Prefiro sempre usar a inicial. Faço muito gosto que use o comentário como postagem, claro, deixo o título ao seu tino.Eu tenho dificuldade com isso. Resolvi começar um blog. Na vida do dia a dia não gosto de "socializar", acho as pessoas...muito rasas e chatas, não que eu seja sumidade em nada, mas não sei, parece que todo assunto legal de debater dá piti mental no povo, não tenho assunto sobre quase nada com ninguém: falar de política e religião, não pode, são 'coisas que não se discutem"; falar do meu gosto musical é pior, dizem "nossa, não acredito que vc gosta disso, vc tem cara de quem gosta de axé, pagode e funk!" (é que eu tenho uma cara muito povo), Livros então vira tragicomédia. A impressão que tenho é que onze de cada dez pessoas que leem alguma coisa leem autoajuda. Eu detesto esse gênero mesmo sem ter lido um mísero livro completo disso aí.
    Então resolvi escrever num blog; quem sabe aparece alguém para conversar e discordar, mas com dois ou três neurônios funcionando. Tenho uns textos já escritos, arquivados, por que não consigo encontrar um título de acordo. O único que afinal publiquei ficou com um nome medonho, mas era ele ou não ia adiante e não gosto de começar uma coisa e não levar adiante,, pelo menos até ver que não funciona mesmo.
    Nossa! pra alguém que não gosta de socializar, escrevo pelos cotovelos!.
    Mas agora chega, vou ler você.

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    1. Já leu um cara chamado Charles Bukowski? Uma das coisas que ele dizia era : não é que eu não goste das pessoas, mas me sinto melhor quando elas não estão por perto.
      É um autor que compensa conhecer. Postei alguns poemas dele aqui no Marreta.
      Entendo perfeitamente tudo o que você disse. Tanto que na hora do intervalo da escola, eu nem fico na sala dos professores. Aquilo é só fofoca, é só falar mal de aluno, mal de diretor, mal de outros professores, mal dos maridos etc. E comer. Como comem os professores, feito uma nuvens de gafanhotos. Eu pego meu cafezinho e vou lá para fora, fico no estacionamento da escola, à sombra de umas velhas árvores.
      Qual o endereço de seu blog? Gostaria de ler seus textos. E caso queira publicá-los aqui, será um prazer.

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