Codinome Barba

Entre 1983 e 1985, eu residi em São José dos Campos, época em que se deu o fim do governo militar, a transição para o que se chamou de A Nova República, ou a república de Ribamar. Foi também o auge da expansão do Partido dos Trabalhadores, o PT. Expansão não só numérica das fileiras dos barbudos vermelhos como também da confiança depositada no novo partido pelo povo brasileiro; acredito que fosse mais a necessidade de uma esperança do que propriamente confiança, mas, de qualquer forma, em confiança, em votos, ela começou a se materializar.
Era um partido recém-nascido, tinha o frescor e a carinha risonha e inocente própria dos bebês, nada depunha contra ele, parecia-nos que o PT fosse, ao menos, uma alternativa moral ao cenário político vigente. Considerávamos que os militares fossem os responsáveis por todos os males do Brasil, quiçá do universo. Demorou muito pouco tempo para que víssemos o quanto estávamos errados.
A esperança de uma nova política, de um novo país, tomava conta de todos os grandes meios de comunicação.
Mas por São José dos Campos ser uma cidade industrial, inclusive com algumas montadoras de automóveis, nos chegavam certos rumores, certos boatos - que muitas vezes são relatos mais confiáveis que as notícias oficiais das grandes mídias -, de que Lula não era um grevista legítimo porra nenhuma. Que o barbudo estava mancomunado com as próprias montadoras de automóveis, as greves eram organizadas de comum acordo entre o líder sindicalista Lula e os patrões. Os operários? Bucha de canhão, como sempre.
O esquema, diziam, era o seguinte : quando diminuíam as vendas de automóveis - era época de inflação galopante, 30%, 40% ou mais ao mês - e as montadoras não conseguiam escoar a produção, o patrão chamava o barbudo e decretava : que se faça a greve. Lula recebia uma grana e fazia a massa burra parar. Durante a greve, as montadoras economizavam nos salários dos funcionários e ganhavam tempo para esvaziar seus pátios. Quando os pátios esvaziavam, quando a produção já havia sido devidamente escoada, o patrão chamava Lula de novo e decretava : que se faça o fim da greve. E o barbudo ia lá e fazia a massa burra voltar ao batente. E se davam lá uns porcentinhos quaisquer de aumento para os operários, só para disfarçar.
De lá para cá, volta e meia, quando o assunto sai em uma roda de conversa, eu falo dessa história, e sempre tem um ou outro que também a conhece.
Consideremos, pois, que sejam verdade as greves combinadas entre patrões e o então sindicalista Lula : quem usa os "companheiros" operários como bucha de canhão, quem os entrega de bandeja aos patrões em troca de benefícios pessoais, pode muito bem entregar os companheiros de subversão a coisas piores, dependendo da necessidade, e proporcional ao benefício adquirido.
E parece que Lula fez mesmo isso. Para conseguir privilégios durante o seu tempo de xilindró no Dops, o barbudo entregou vários companheiros políticos ao regime militar. Lula não foi uma vítima do regime militar, foi um informante.
É o que afirma Romeu Tuma Jr. em seu livro O Assassino de Reputações, obra em parceria com Cláudio Tognoli, um dos maiores, se não o maior, repórteres investigativos do país.
Segundo Tuma Júnior, ao dar informações ao governo militar, Lula garantiu "privilégios" na prisão. O livro do delegado lista como privilégios noites de sono em um sofá do Dops e uma visita à mãe, dona Lindu, que estava gravemente doente. Ou seja, entregava todo mundo pro Dops. Era amigão de Tuma Pai.
Tuma Jr. em resposta a repórter da Revista Veja :
Veja - O senhor afirma no livro que o ex-presidente Lula foi informante da ditadura. É uma acusação muito grave.
Tuma Jr. - Não considero uma acusação. Quero deixar isso bem claro. O que conto no livro é o que vivi no Dops. Eu era investigador subordinado ao meu pai e vivi tudo isso. Eu e o Lula vivemos juntos nesse momento. Ninguém me contou. Eu vi o Lula dormir no sofá da sala do meu pai. Presenciei tudo. Conto esses fatos agora até para demonstrar que a confiança que o presidente tinha em mim no governo, quando me nomeu secretário nacional de Justiça, não veio do nada. Era de muito tempo. O Lula era informante do meu pai no Dops.
E o melhor ainda está por vir. Lula tinha um codinome, uma identificação de agente duplo, que era. Lula, ao passar informações de seus companheiros operários para o Dops, ocultava sua identidade sob o indecifrável codinome de Barba. Codinome Barba... Pããããta que o pariu!!!
Se até então a história de Tuma Jr. ainda tinha um quê de fantasiosa, agora ela se estabelece como a mais provável das verdades. Disfarçar Lula sob o codinome de Barba : é bem coisa dos autodenominados serviços brasileiros de inteligência, o SNI (Serviço Nacional de Informações), à época.
Fico a imaginar uma reunião sendo convocada pelos militares em caráter de urgência, para decidir sob qual disfarce o alcaguete Lula iria agir. Depois de muitas considerações, ponderações, depois de muitos codinomes sugeridos, depois de muitas brainstorms, um milico tem lá seu insight : Barba, o chamemos de Barba, escondamos o sindicalista Lula sob uma barba. Imagino-o sendo aplaudido e ovacionado, condecorado, até, ganhando mais uma estrela em suas dragonas, caso tenha sido um general.
O Dops e o SNI esconderam o Lula atrás de uma barba!!!! Lula, o Barba. Não tenho dúvidas : o relato de Tuma Jr. é a mais pura verdade!!!
Abaixo, autor e obra.

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