"Não me Arrependo de Nada", Diz Sérgio Moro, o Eliot Ness Brasileiro

E por que se arrependeria? Por que o sujeito (o único competente e peitudo surgido até hoje para tal) que colocou no xilindró o maior ladrão de toda a História do Brasil se arrependeria de algo? Por que o sujeito que enfiou nove anos e tanto de condenação (depois elevados para doze) goela abaixo e toba adentro de Luis Inácio Sapo Barbudo Lula da Silva teria alguma mea culpa a fazer, algum tipo de retratação a comunicar?
Pelo contrário. Esse cara tem mais é que ter um orgulho muito grande de si. Tem é que se autocondecorar em todas as manhãs ao se olhar no espelho. Tem que recitar para si o eterno mantra : eu sou fodão. Eu sou o cara.
E eu acredito mesmo que Sérgio Moro é o cara! À parte por ora supostos pequenos pendores para um lado ou para o outro, Sérgio Moro é o cara - e quem é ou sempre foi 100% imparcial em todos os seus atos e intenções que atire a primeira pedra. À parte por ora supostos pequenos interesses, aspirações e conveniências, que lhe possam ter sido atendidos, que ele possa ter alcançado por não ter feito nada mais do que a sua obrigação (pôr bandido na cadeia), que ele possa ter atingido por ter cumprido com galhardia o que, no fim das contas, nada mais era que o seu dever, Sérgio Moro é o cara - e quem nunca usou da própria competência para se promover que atire a primeira pedra; e quem nunca ambicionou voos mais altos no esforço de fazer o seu trabalho bem feito, quem sempre o fez só pelo prazer da "missão cumprida", que me atire a primeira tonelada de pedra.
Sérgio Moro é o cara! E explico.
A maior vitória de Sérgio Moro - e nossa, cidadãos que não vivemos de ilícitos - nem foi só contra o corrupto Lula. Foi além. A maior vitória de Moro foi ter vencido o corrupto Lula dentro dos trâmites e dos conformes de nossa corrupta Constituição. Constituição muito bem elaborada pela quadrilha de parlamentares da época, timoneada pela raposa velha Ulysses Guimarães. Constituição muito bem urdida para proteger e institucionalizar a corrupção parlamentar. Até cachorrinho poodle e amante de político têm foros privilegiados. 
De 1988 para cá, a corruptocracia, seja ela declarada de direita, de centro ou de esquerda, é o regime político vigente no Brasil.
Digo que Sérgio Moro é o cara porque ele conseguiu meter na jaula um ex-presidente corrupto se valendo dos caminhos e dos meandros de uma Carta de Leis muito bem engendrada, justamente, para blindá-lo. A vitória de Moro não foi só contra o gatuno Lula, o que per si já seria um grande feito. Foi contra a corrupção política constitucional.
Sim, no Brasil parlamentar, a corrupção é a lei. Ou acham que se ela fosse, de fato, considerada um crime, vicejaria e reincidiria tanto? Ora porra, nem eu sou tão ingênuo assim.
E, por isso, Sérgio Moro incomodou e incomoda a tantos. Porque mostrou que uma boa dose de conhecimento, competência e coragem pode trespassar as barreiras jurídicas que protegem os parlamentares; barreiras, até então, consideradas intransponíveis por eles. Foi um susto geral! Ou alguém acha mesmo que a revolta de certas alas da política contra Moro, as ações em desqualificar e vilipendiar o seu trabalho e a tentativa agora de uma revanche contra o ex-juiz de Curitiba foram por ele ter posto o Lula na cadeia? Que todos os corruptos deste Brasil dantes mais varonil ficaram com peninha do Sapo Barbudo? Porra nenhuma! Puro instinto de sobrevivência política.
Sérgio Moro é o cara : prendeu um ex-presidente corrupto seguindo as legalidades de uma Constituição corrupta. Moro achou uma brecha na Grande Brecha. Moro deu de goleada jogando na casa do adversário. Fez a cobra morder o próprio rabo.
Abaixo, transcrevo algumas falas de Moro durante sua participação numa live promovida pelo grupo Parlatório, com a presença de políticos, FHC entre eles, e empresários.
"Não me arrependo de nada. Pelo contrário. Tenho muito orgulho do que foi feito na Operação Lava Jato";
"Quando se fala em criminalização da política pela Lava-Jato, isso é uma grande bobagem. O que havia são pessoas que receberam ou que pagaram suborno";
"Quando se fala em abusos e excessos, temos que ir aos fatos" (sobre a suposta parcialidade que estão querendo lhe atribuir);
"20% dos acusados pela Lava Jato foram absolvidos. Cadê o conluio?"
"Sempre tratei o STF com o máximo respeito, mas a decisão de revisão da jurisprudência das execuções da primeira instância foi uma decisão errada, uma decisão infeliz."
"Houve retrocessos em relação a leis, jurisprudências e processos simbólicos" (ao falar do atual combate da corrupção no Brasil);
"Quando vi que não tinha chance de acontecer [a aprovação do pacote anticorrupção] dentro do governo que eu ocupava, eu saí" (ao dizer da decisão de deixar o Ministério da Justiça
"Dá para tocar Piaf ao fundo. Non, je ne regrette Rien. Não me arrependo de nada. Foi um trabalho importante, reconhecido pela população brasileira".

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5 Comentários

  1. Eu era muito fã do Moro e ainda continuo bastante, pois sei que agiu pensando no bem do país. O grande problema é que ele queimou sua chance de ser eleito presidente (minha opinião!) depois de algumas "liberdades poéticas". Os motivos eram justos e o alvo estava correto, mas os métodos deixaram a desejar. Eu, se fosse ele, concorreria a uma cadeira de deputado federal, para começar a reconstruir seu patrimônio ético. Mas é só minha opinião.

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    1. Também não acredito que o Moro tenha reais chances numa eleição presidencial. E ainda que ele viesse a se candidatar e dar uma zebra dele ganhar, ele enfrentaria algo parecido com que o Bolsonaro, não eximindo o Cavalão de seus inúmeros erros, enfrenta desde o começo de seu mandato, a falta de apoio para governar dos parlamentares, que só o dão em troca de muita troca de favores.
      Imagine só um Moro presidente querendo que corruptos aprovem um pacote anticorrupção. Ele também, ainda que munido de toda ética e boa intenção (e por causa disso mesmo), não conseguiria governar.

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    2. Olá, JB!

      Sobre "mas os métodos deixaram a desejar" ainda acho temeroso o que se expôs sobre sua relação com o MPF. Tenho 17 anos de servidor no Judiciário e TODOS os juízes sempre conversam intimamente com promotores (ou procuradores, no caso do MPF e MPT) sobre ações em apreço. Aliás, membros do MP não sentam ao lado dos juízes à toa. Não são meras partes. Essa história de isenção, parte iguais no feito etc., não rola. Em lugar algum. Há muito exagero sobre a discussão do feito entre Moro e membros do MPF. Isso é rotina forense. Para mudar isso, apenas alterando a posição do MP em nosso sistema de Justiça, penso.

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  2. Ele e seu grupo conseguiram materializar o que eu considerava impossível, impensável, inimaginável: colocar o Lula na cadeia. Prestou um serviço inestimável ao país em um episódio da história que ainda será melhor avaliado no futuro.

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    1. Concordo inteiramente com você, eu também achava impossível o Sapo Barbudo sequer chegar a ser réu de qualquer coisa, quanto mais um condenado e presidiário. Como eu disse, por isso Moro está sendo tão atacado em sua reputação, porque ele mostrou que o pessoal do foro privilegiado não é tão intocável assim.
      Agora, quanto ao inestimável serviço prestado por Moro e sua equipe à Nação ser melhor avaliado no futuro, dependerá muito de quem escrever a História. Se for o povinho da esquerda, Moro passará para a posteridade como o maior bandido de todos os tempos. Quando são os bandidos quem escrevem a história, o que é regra na história do Brasil desde os portugueses, bandido é quem os colocam na cadeia.
      Um viva e um brinde a Sérgio Moro!

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