Perdeu, Fiel!!! (Ou o Crime do Colarinho Clerical)

A proibição inicial da realização de missas e de cultos religiosos e, mesmo depois, as suas liberações com público reduzido por conta da pandemia da Peste Chinesa golpearam as igrejas onde mais lhes dói : nos seus santos bolsos, nos seus ungidos cofres. A redução de ovelhas nos pastos do Senhor levou a uma queda na tosquia, na arrecadação de dízimos e ofertas.
O que fazer frente a tão excruciante cenário, uma vez que nem só de fé vivem os homens de Deus? Rezar ao Todo-Poderoso? O caralho! Porra nenhuma! Se é que Deus existe e está do lado de alguém, esse alguém, inegavelmente, é o coronavírus.
Inovar e empreender é a resposta. Sabendo disso, que Deus tá cagando para o que acontece aqui embaixo, o padre Elizeu Lisboa Moreira, de Passo Fundo (RS), terra da Salomé, resolveu adotar novas abordagens com os seus fiéis para suprir o déficit da caixinha de esmolas de sua paróquia.
Largou da Bíblia e do crucifixo e pegou da pistola. Não a pistola do coroinha, do sacristão, do bispo. De uma 9 mm. Um simulacro, na verdade, uma réplica. E, com ela, saiu a assaltar todo filho de Deus que via pela frente.
- Perdeu, fiel!!!, ameaçava o padre com sua pistola de mentirinha.
O padre foi preso após praticar uma série de assaltos a estabelecimentos comerciais da cidade, dos quais se evadia com a grana a bordo de uma camionete Hyundai Ix35, veículo que, segundo a Brigada Militar que realizou a herege prisão, está registrado em nome da Arquidiocese da cidade. Muito humilde, a Igreja.
O padre foi grampeado pelos homens da Lei dos Homens após um assalto à mão armada (ainda que sem balas) a um supermercado do bairro de Petrópolis, o seu terceiro do dia; antes, na mesma tarde, o padre roubara um outro supermercado e uma farmácia. O padre foi reconhecido pelas vítimas e recolhido ao xilindró.
Com o padre, a Brigada Militar encontrou R$ 655,00, produtos alimentícios e de higiene e a réplica da pistola usada nos assaltos.
Em sua defesa, padre Elizeu disse que praticou os crimes em um "momento de loucura".
É o Crime do Clérgima! O Crime do Colarinho Clerical!
De agora em diante, os padres terão um argumento fortíssimo para fazer com que aqueles fiéis mais mãos de vaca, mais sovinas, desapeguem-se de suas posses materiais e terrenas e deem polpudos donativos para os cofres da Igreja. 
Ao fim da missa, na hora do Espírito Santo beber água, no momento de passar a "sacolinha", o padre dirá : "pois é, meus amigos, eu poderia estar roubando, eu poderia estar matando, no entanto, estou aqui, só celebrando uma missa."
Cheios de temor a Deus (e, agora, ao padre), os fiéis esvaziarão as suas bolsas e seus bolsos.
Padre Elizeu Lisboa Moreira ao púlpito, em pregação aos seus fiéis. E, ao fundo, Cristo; entre ladrões, como sempre.

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4 Comentários

  1. Só dizer um sonoro Pããããta que pariu!

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  2. Nesta altura do campeonato, onde uma “pastora” até manda matar o marido, com alguns religiosos de várias denominações fazendo o diabo, o melhor que se faz é nunca chegar nem perto da pistola do padre, mesmo que seja falsa.

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  3. "Até o vigário 171 dizia que aquilo era anticristão" ("defunto caguete" - Bezerra da Silva)

    Mestre Bezerra já mandava a real sobre anguns 'representantes' (cristãos ou de outras denominações) do mundo espiritual entre nós .

    Não tive como não lembrar dessa música.

    Bom fim de semana a todos.

    Cássio - Recife/ PE

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