Variantes de Quem, Mesmo? De Quem? De Quem? De Quem?

Em tempos normais, tempos de sair ainda antes do sol para o trabalho, tempos de respirar sem barreiras o ainda ar fresco da manhã, tempos nos roubado pelo Império Amarelo, meu despertador ficava programado para as cinco horas da manhã; embora eu sempre acordasse antes. Em tempos de agora, de loquidaus, de escolas novamente fechadas por decreto biológico da pátria de Mao, dou uma folga de uma hora a ele, ao meu velho, empoeirado e cansado rádio-relógio, regulo-o para as seis horas, hora suficiente para que eu prepare o leite e o lanche do filho, em aula remota a partir das sete e quinze, e o café da esposa, em home office. Calibro-o para as seis horas; mas sempre acordo antes.
A depender do quanto antes, como foi o caso de hoje, levantei-me às três e quinze da manhã, vou, faço o meu café na minha surrada e oxidada cafeteira italiana, assisto àlgum filme de curta duração, uma hora e meia no máximo, e assisto a relances de telejornais matutinos. Minhas duas gatas, já novamente cansadas e com sono então, acompanham o meu sonambulismo desperto só com os olhos.
Hoje, num desses telematutinos, o Bom Dia São Paulo, uma repórter bonitinha, mas simplória, transmitia sobre a decisão do prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, de colocar seis barreiras a guarnecer a área urbana do município, de modo a impedir o afluxo e a entrada de veículos de outras localidades; sobretudo da capital paulista, que convergiriam aos muitos sítios e chácaras de Sorocaba por conta do super feriadão decretado por Bruno Covas, prefeito da cidade de São Paulo. A intenção é evitar que turistas contaminados venham a piorar a situação da cidade e também que outros não se contaminem com as novas cepas encontradas na cidade e as carreguem de volta para as suas casas.
Segundo a repórter, em Sorocaba, foram detectados casos de contaminação por cinco "variantes diferentes" (sic) do vírus, inclusive com mortes; ou, como tenho certeza que diria a repórter bonitinha, com a ocorrência de óbitos fatais. Cinco "variantes diferentes", as variantes brasileiras de Manaus e de Minas Gerais (uai, sô, dessa eu nunca tinha ouvido falar), a variante britânica e duas outras cujas origens não foram informadas pelas autoridades sanitárias do município.
Antes ainda, num outro telematutino do mesmo canal, o Hora Um, o âncora daquela barca furada, noticiou que 40% dos novos casos de covid-19 no Peru já são devidos à variante de Manaus.
Ora, vejam... bem que chegamos aonde eu queria. Ora, vejam... uma vez que estamos a nomear as "diferentes variantes" por suas origens e procedências geográficas, a chamar-lhes por suas nacionalidades e naturalidades, que tal, só para variar um pouco, até por uma questão de coerência, clareza e, principalmente, de ética, imparcialidade e vergonha na cara, complementar a informação e se fazer acompanhar também do local de seu nascimento o vírus original, do qual se irradiaram adaptativamente todas essas "variantes diferentes"?
Variante manauara de quem, mesmo? Variante mineira de quem, mesmo? Variante britânica de quem, mesmo? De quem? De quem? De quem?
Do novo coronavírus? Do covid-19? Porra nenhuma! Do vírus chinês, isso sim! Do vírus de olhinhos puxados. Pois que digam : a variante brasileira - e completem - do vírus chinês! Por que variante brasileira, ou britânica, podem ser ditas, não "ofendem" ninguém? Por que a repórter bonitinha já teria sido malhada feito Judas nas redes sociais e mesmo perdido seu emprego se, supondo que ela possuísse o discernimento para tal, tivesse dito a variante de Manaus do vírus chinês?
Que sejam reportadas as novas "variantes diferentes", sim; que sejam carimbadas e rotuladas com seus locais de origem, sim; até para tentar controlar e minorar o trânsito e o tráfego de pessoas por essas regiões. Mas que nunca deixe de ser dito a que matriz pertence a nova filial do vírus. Que seja sempre dito e lembrado : filial britânica do vírus chinês. Filial de Manaus do vírus chinês. 
Variante brasileira do coronavírus é o caralho!!! Variante brasileira do vírus chinês!!! Do vírus chinês!!! CHINÊS!!!
Ou, daqui a pouco, se é que já não, e essa é a sub-reptícia intenção, o mundo passará a acreditar que o comunavírus tenha surgido nas selvas amazônicas - mais um exótico vírus tropical -, e logo se esquecerá, se é que já não, e essa é a sub-reptícia intenção, de que ele foi criado na China.
As variantes brasileiras são as versões piratas do vírus chinês. São as cópias xing ling do vírus xing ling!

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5 Comentários

  1. Olá, Marreta. Ao menos seus dias estão tranquilos, em casa com a esposa e filhos, tocando o barco como dá, preparando café da manhã e cuidado dos bichanos. Fico meio assombrado com isso de barricadas, anúncios de variantes letais sem maiores detalhes etc... Vamos que vamos.
    Abraços!

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  2. Demorei um segundo para entender o pleonasmo vicioso.

    E bem legal a charge. Uma pena que tanto o vírus quanto o capeta não levam quem merece. Ou seja, não há meritocracia nem nesse caso. Quem dirá nesse paizinho bosta.

    Como dizia um colega, espero que um dia isso mude. E eu respondi: vai, sim. No dia em que Cristo voltar. Ou seja, never.

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    1. Rapaz, se eu fosse o Cristo, eu também não voltava, não! Nem por decreto Divino!

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  3. A China nos prepara surpresas bem mais indigestas que o vírus. Aguardem...

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