Eu
nasci um ano antes do AI-5, Jotabê, em 1967. Quando acabou o governo
militar, eu tinha a mesma idade que você no início do AI-5. Eu vivi até o
meu início da fase adulta sob o governo militar. Nunca tive essa
sensação de medo ao andar pelas ruas que você descreveu, Jotabê.
Pelo
contrário, medo de andar pelas ruas, eu tenho hoje. Com 12, 13 anos,
muitas vezes, íamos, em grupos de 3 ou 4 amigos, aos cinemas do centro;
muitas vezes, voltávamos já ao anoitecer, ao fim da sessão das quatro,
que ia até às seis, seis e pouco da tarde. Voltávamos a pé por lugares
que hoje eu fico com receio de passar ao meio-dia. Nunca fomos abordados
por policiais ou militares; tampouco por vagabundos, que hoje lotam as
praças públicas. Nunca tive notícia de algum vizinho, parente ou mesmo
professor meu que tenha sofrido algum tipo de repressão ou tortura.
Claro que a visão que temos de uma época depende muito do lugar em que
vivemos, das relações que tivemos e até da idade que tínhamos então, mas
nunca senti, como eu disse, esse medo do regime.
Durante
esse período, entre 1967 e 1985, morei em Ribeirão Preto, em Porto
Velho (RO) e em São José dos Campos, e em nenhum dos três lugares
presenciei ou fiquei sabendo de nada que pudesse me assustar nesse
sentido. Mesmo quando eu já tinha 16, 17 anos e voltava sozinho à noite
da escola para casa (já quase 23 horas ou às vezes mais),
eu atravessava boa parte do centro de S.J Campos e nunca tive essa
sensação. Havia quase sempre viaturas policiais em algumas praças que
eram parte do meu trajeto, mas nunca fui abordado por nenhuma delas. Eu
passava por eles com meus materiais escolares nas mãos, algumas vezes
até os cumprimentava e seguia meu caminho.
Segundo
dados oficiais, o número de mortos e desaparecidos durante o governo
militar (contabilizando os dois lados da briga) é algo em torno de 400
pessoas. Quatrocentas baixas em uma população de 90 milhões na época.
Será que havia, de fato, tanta insatisfação para com o regime vigente?
Quanto aos tratamentos precoces para a praga chinesa, conheço pessoalmente uma enfermeira-chefe que os adotou; conheço, de forma indireta, dois médicos, maridos de duas professoras com quem trabalhei, que também se utilizaram desses tratamentos e os estenderam aos familiares. Será que de fato eles não têm nenhuma eficiência, ou só são desprezados e propositalmente ridicularizados para que todos fiquem "réfens" apenas da vacina, seja ela chinesa etc. Teoria da conspiração? Pode ser uma conspiração dizer também que eles sejam meros placebos. Vá saber.
Quanto a outros países mais civilizados que os nossos adotarem "democraticamente" o loquidau, não se engane : por trás de cada democrata se esconde um ditador pronto para dar o bote. E também, como você disse, eles são mais civilizados. A população tem mais recursos para poder ficar em casa.
A nossa maior tragédia não é o presidente. É a população. É o povo. Burro, indisciplinado, semianalfabeto. Que não é capaz, que não quer, que se recusa em seguir protocolos minímos de segurança, que se nega em ficar sem sair para a balada, sem o seu churrasco na laje.
Quanto aos tratamentos precoces para a praga chinesa, conheço pessoalmente uma enfermeira-chefe que os adotou; conheço, de forma indireta, dois médicos, maridos de duas professoras com quem trabalhei, que também se utilizaram desses tratamentos e os estenderam aos familiares. Será que de fato eles não têm nenhuma eficiência, ou só são desprezados e propositalmente ridicularizados para que todos fiquem "réfens" apenas da vacina, seja ela chinesa etc. Teoria da conspiração? Pode ser uma conspiração dizer também que eles sejam meros placebos. Vá saber.
Quanto a outros países mais civilizados que os nossos adotarem "democraticamente" o loquidau, não se engane : por trás de cada democrata se esconde um ditador pronto para dar o bote. E também, como você disse, eles são mais civilizados. A população tem mais recursos para poder ficar em casa.
A nossa maior tragédia não é o presidente. É a população. É o povo. Burro, indisciplinado, semianalfabeto. Que não é capaz, que não quer, que se recusa em seguir protocolos minímos de segurança, que se nega em ficar sem sair para a balada, sem o seu churrasco na laje.
Eu
não parei em casa um único dia desde o começo dessa pandemia. Só agora,
desde quarta-feira, que o ditador Duarte Nogueira nos proibiu de sair
às ruas. Antes disso, saí de casa todos os dias, fosse para ir ao
mercado, fosse para dar uma caminhada. Sempre usei máscara, sempre
mantive o distanciamento. E nunca peguei a peste chinesa. Do começo de
fevereiro desse ano até a semana passada, fui todos os dias à escola.
Tive contato com outros professores (tivemos três casos de docentes lá),
tive contato com alunos. Sempre com máscara e mantendo distância.
Também não peguei a gripe chinesa. E não sou mais nenhum garoto, já
estou indo para os 54 anos. Se todos, ou a grande maioria, procedessem
dessa forma simples, será que um pequeno comércio não poderia funcionar
em um ritmo menor, mas ainda funcionar? Limitando o número de pessoas
que entram nele de cada vez? Poderia, se não fosse o zé povinho. E quem é
que paga por isso? O sujeito que quer trabalhar.
Moro
no mesmo bairro há 34 anos (com um intervalo de 3 anos em que residi em
Mococa por conta de assumir o meu cargo), conheço vários pequenos
comerciantes, donos de quitandas, papelarias, ópticas, perfumarias,
lojas de ferragens, de eletrônicos, de colchões, de tintas etc. Eu sou
funcionário público, e você, Jotabê, aposentado, o nosso está garantido.
E o desse pessoal? Comerciantes de mais de décadas no bairro estão
fechando suas portas porque os governos resolveram fechá-las por eles.
Por conta de um povo escroto e filho da puta feito o brasileiro, o
trabalhador está se fudendo. O zé povinho, como eu disse, está pouco se
lixando, sempre teve o bolsa família e agora tem o auxilio emergencial.
Ontem,
com itens básicos de alimentação chegando ao fim, minha esposa entrou
no site de um mercado para fazer o pedido. Primeiro, essas compras não
podem ser feitas a dinheiro, com quem entrega recebendo a grana em mãos.
Disse à minha esposa que usasse o meu cartão de débito do banco. Também
não podia, tinha de ser, sabe-se lá o porquê, cartão de crédito. Eu não
tenho cartão de credito, só de débito. Minha esposa tem. Se eu fosse
solteiro, por exemplo, ou se minha esposa também não tivesse, não
teríamos comprado os mantimentos. Quantos milhares de pessoas pelo
Brasil afora, Jotabê, nem conta em banco têm? Loquidau na Nova Zelândia? Pode até ser, não sei como são as coisas por lá, mas loquidau em país de população pobre e semianalfabeta? Não é possível, meu caro, não é possível. É querer matar mais que o comunavírus.
Mais
: resolvido o problema do cartão de crédito, o uso da página em si era
complicadíssimo. Minha esposa, não é de hoje, compra quase tudo o que
precisa pela internet, e ela mesma apanhou um bocado até conseguir
entender e acertar o procedimento para fazer a compra. Eu mesmo não sei
se teria conseguido. A mesma pergunta : quantos milhares de brasileiros
que mal fazem ler para não errar o itinerário do ônibus são capazes de
navegar por um site de compras? Quantos milhares não têm sequer um
computador ou uma conta de internet? Loquidau na Itália, no Reino Unido? Pode até ser, não sei como são as coisas por lá, mas loquidau
num país cuja maioria da população não tem acesso nem a saneamento
básico, quanto mais a contas bancárias e habilidades cibernéticas? É
loucura, meu caro Jotabê. É querer matar mais que a peste chinesa.
E
não é só a população. Quantos pequenos estabelecimentos, quantas
pequenas empresas familiares estão equipadas para atender via site, feicibúqui
etc? Quantas contam com um esquadrão de entregadores? Quantas podem
pagar por eles? Na quitanda do Sudo, de uma família de japoneses
antiquíssima do bairro, o cara ainda usa aquelas máquinas de calcular
manuais, com bobina de papel, aquelas de puxar a alavanca a cada item
adicionado. Eu sou gato velho escaldado nessa história de se imitar
modelos que deram "certo" em outros países; na chamada Educação é o que
mais se faz, e nunca dá certo, sempre dá merda.
Encontrei por acaso, no mercado, na terça-feira, véspera do início do loquidau
por aqui, com o dono de uma oficina de reparos de aparelhos
eletrônicos; eu mesmo já me utilizei de seus serviços por várias vezes.
Ele me contou que já está há meses sem conseguir pagar o aluguel da
pequena sala que ocupa, da qual tira o seu sustento, e que com o loquidau
previsto para até domingo, mas com chances de ser prorrogado, ele não
terá o que fazer a não ser entregar o ponto no qual trabalha há 18 anos.
O assistente que ele tinha já foi dispensado há 3 meses. Falou-me de
uma maneira contida, impessoal, mas se ele pudesse, se ele não achasse
vergonhoso, tenho certeza de que teria chorado na minha frente. Será que
o filho da puta do prefeito vai socorrer financeiramente esse sujeito?
Vai é o caralho que vai. Por causa de um povinho desgraçado, acostumado a
viver de esmolas governamentais, um cara desse é sacrificado. E
milhares de outros como ele.
E não pense que o Cavalão seja tão burro assim. Por que você acha que foi criado o auxílio emergencial e por que, muitas vezes - tenho algumas notícias disso aqui na cidade -, se faça vistas grossas ao funcionamento "ilegal" de pequenos estabelecimentos, sobretudo em bairros de periferia? Para que a panela de pressão não exploda. Para que esse povo sem acesso ao numerário e às ferramentas necessários para se viver confortavelmente em loquidau não saia às ruas saqueando mercados, para que consigam, ao menos, comprar o seu arroz com feijão na mercearia da esquina. Que é o que eu, sinceramente, queria que acontecesse, que a panela de merda explodisse. Mas o Cavalão, assim como todos os que o antecederam, sabem muito bem o gado que tangem.
E não pense que o Cavalão seja tão burro assim. Por que você acha que foi criado o auxílio emergencial e por que, muitas vezes - tenho algumas notícias disso aqui na cidade -, se faça vistas grossas ao funcionamento "ilegal" de pequenos estabelecimentos, sobretudo em bairros de periferia? Para que a panela de pressão não exploda. Para que esse povo sem acesso ao numerário e às ferramentas necessários para se viver confortavelmente em loquidau não saia às ruas saqueando mercados, para que consigam, ao menos, comprar o seu arroz com feijão na mercearia da esquina. Que é o que eu, sinceramente, queria que acontecesse, que a panela de merda explodisse. Mas o Cavalão, assim como todos os que o antecederam, sabem muito bem o gado que tangem.
Para
finalizar este texto meio desconexo, que não irei revisar para tentar
lhe dar maior coerência, que começou como uma resposta ao seu
comentário, concordo com você que se o comportamento do presidente
tivesse sido diferente, tivesse sido mais estratégico, capaz de uma
macro visão do problema, possivelmente estivéssemos em uma situação um
pouco melhor. Mas se o comportamento do povo também tivesse sido
diferente, certamente estaríamos numa situação muito menos grave. Não
coloquemos, feito os marxistas, o povo sempre como vítima de seus
governantes. Nunca nos esqueçamos de quem os colocam lá.
12 Comentários
A cada dia que passa vejo que a verdadeira raiva que a Esquerda tem até hoje da ditadura militar era apenas o fato deles serem os alvos em vez dos responsáveis. Só isso. Hoje se vê na cara dura os caras defendendo todo tipo de medida ditatorial aqui no Brasil sobre os aplausos deles: perseguições e prisões políticas até pra quem tenha imunidade parlamentar, censura a grupos, toque de recolher, esmagamento de liberdades individuais, demonização dos discordantes entre outros. Apesar de comentar pouco, tô sempre lendo e compartilhando seus textos, Marreta, seja no Instagram, no zap, Telegram e onde der mais. Por mais zoe muitas vezes, a mensagem é sincera e coerente. Continue escrevendo e repostando, o que vale é ter a consciência o mais próximo de tranquila, ganhar status social e pagar de bonitinho fazendo arco-íris com as mãos eu deixo aos que querem devolver tudo a forma que tava, sob esse pretexto moralizante de "culpa" por tudo o que tá errado hoje.
ResponderExcluirValeu, cara. Aproveito para agradecer mais uma vez a confiança que depositou em mim ao me tornar colaborador do seu blog.
ExcluirExato, o que diferencia um ditador de um democrata é simplesmente qual dos dois se encontra no poder.
Que tipo de resposta você obtém dos meus textos através dessas outras vias, instagram, zap etc?
Não pensei em repostar esse no Ozymandias por ser uma resposta ao Jotabê, a um comentário dele. Ia ficar totalmente fora de contexto por lá.
E uma coisa ainda não entendi : por que será que minha postagem da suculenta Alessandra Negrini continua no primeiro lugar do top 10?
Abraço.
Geralmente meu tio gosta muito, e houve até um amigo meu que ficou lendo só os seus textos lá de contos e sobre o Bukowsky, olhando com calma, seus textos sempre pegam de 300 views para cima, sejam seus antagonistas que ficam esperneando nos comentários e não conseguem deixar de ler, ou o pessoal já acompanha mesmo. Esses posts que ficam em primeiros sendo revisitados em massa assim são sempre um mistério para mim, minha teoria é que o Google previlegia na busca por termos, e vai caindo lá. Aqueles otários que ficaram com xingamentos gratuitos no post do AI-6 são do grupo de ódio privado do Eudes Honorato no Telegram, algum corno postou lá no grupo dele e foram lá chorar como se eu fosse abrir as minhas pernas para eles e lhe tirar de blog só porque eles se sentem ofendidinhos. Esquerdistas no geral, em especial os que trabalham ao estilo "Sleeping Giants" acham que o mundo inteiro devem desculpas a eles, eis dois recortes que uma fonte que tá nesse grupo me mandou:
Excluirhttps://imgur.com/jdTRvcM
https://imgur.com/sYMkTds
Olá, Marreta.
ResponderExcluirDurante a ditamole, executaram alguns guerrilheiros cheios de amor no coração. Aqueles carinhas que roubavam e matavam para financiar a possível implantação de uma ditadura, aqui, inspirada na cubana. Tudo gente boa que hoje mente dizendo que lutou por liberdade e embolsa pensão de "anistiado". Alguns poucos assumem que guerreavam em nome de uma ditadura para chamar de sua.
Toda forma de totalitarismo é negativa, mas entre os milicos e os guerrilheiros, fico com os primeiros.
Além disso, vale lembrar que os governos militares, tecnocratas, sufocaram o debate político e não acreditavam em papo de "direita liberal conservadora" ou "progressismo". Os caras só querem um governo técnico e pouco ou nenhum debate. E ainda liberaram a vida cultural e intelectual para a esquerda, com a "teoria da panela de pressão" de Golbery. A esquerda cresceu graças ao milicos, e daí minha cisma com o período.
Sobre lockdown, é curioso alguém achar que tais regras de restrição darão certo em um país como o nosso. Apenas estão sufocando pequenos empreendimentos como os citados por você, gerando inflação com a impressão de moeda para auxílios, fechando praias para exercícios físicos e banhos de sol enquanto o gado do setor fabril se amontoa em ônibus lotados.
Minha cunhada defende lockdown. Ela é professora universitária e acha que as aulas de sua "federal" não devem retornar. Mas meus sobrinhos estão em ensino integral numa escola onde a mensalidade custa quase R$ 2.000,00, porque os garotos precisam se socializar e aprender junto a outros garotos e aulas on line não renderiam. Isso é a cara do Brasil. E quase todas as tardes ela vai ao Greenmix, comprar algum orgânico e tomar um cafezinho nos belos jardins. Mas defende as duras restrições.
Cansei do povo brasileiro e de seus delírios coletivos. Cansei dessa alma coletiva de gado impregnada em nós há gerações, onde Governadores ficaram chateados porque o governo federal divulgou os BILHÕES enviados para combate à covid, quase tudo foi roubado e mesmo assim preferimos ficar do lado de nossos larápios de sempre.
Abraços!
Rapaz, você disse tudo! Também conheço uma meia dúzia de professores(as) que só voltam para as salas de aula depois de vacinados, mas vivem passeando por aí; uma delas, há uns dois meses, postou inclusive uma foto com amigas numa praia.
ExcluirE concordo também que os militares bobearam quando deixaram a cultura e as universidades públicas por conta dos esquerdistas; foi só o que eles precisaram para disseminar a ideologia podre deles.
Abraços.
Vou começar meu comentário esclarecendo um ponto: eu não sou de Esquerda nem nunca fui. Mas nunca fui apoiador incondicional de nada nem ninguém. Obviamente, refiro-me a quem recebeu meu voto no segundo turno da última eleição presidencial. Mas não preciso deixar mais explícito que já deixei meu profundo desprezo por ele. O que quero falar é do nosso povinho. Neste ponto concordo integralmente com você. Somos mesmo um país de merdas. E os maiores são aqueles que se comportam exatamente ao contrário do que você. Você disse que nunca deixou de usar máscara e eu acredito. Acredito também que já expôs suas mãos ao álcool tanto quanto seu fígado. Mas você tem 53 anos, é um sujeito culto e esclarecido, bem diferente dos jovens baladeiros que sentem comichão no cu se não forem a uma balada, mesmo que seja clandestina. Ou seja, você faz parte da elite pensante deste país, totalmente distante da ralé (mental) que segue um antigo slogan de uma empresa de aparelhos auditivos. O slogan era assim: “Para você que escuta mas não entende bem as palavras”. Ou seja, tem gente que não entende ou não liga para a gravidade gigantesca do problema que atinge o mundo todo. Quanto ao tratamento precoce, eu vejo da seguinte forma: para mim é como reencarnação, eu adoraria que isso fosse verdade, ma infelizmente não acredito. Tem mais: conheço dois médicos, um receitou ivermectina para toda sua família – e todos tomaram ou tomam. Apesar disso, os mais idosos estão tomando a vacina chinesa (heresia!). Já o outro é taxativo: “essa merda não funciona!”
ResponderExcluirPara encerrar este comentário tão longo, preciso lembrar meu sonho por um algoritmo que permitisse pesar todos os prós e contras de “loquidar” ou não loquidar, estabelecendo roboticamente, sem emoção, friamente qual é a solução de menor custo para o país: fecha? Não fecha? Pode acreditar, eu me angustio diariamente não com a situação dos microempresários (que devem – ou deveriam – ter algum pé de meia), mas com a situação aflitiva de seus ex-funcionários. Garçom, por exemplo. Como resolver isso? Deixar morrer os mais velhos? Impedir o colapso do sistema de saúde? Dar uma ajuda de custo para os mais necessitados e desempregados até o final da pandemia (que não se sabe até quando irá?). Creio que nenhuma mente humana consegue resolver essa equação de tantas incógnitas. Mas o que me deixa puto é a ideologização da tragédia. Uma das coisas mais bizarras que me ocorreu outro dia foi constatar que a extrema direita, por cagar de medo do comunismo, está contribuindo para que um sistema político anacrônico e sem serventia fique sendo lembrado o tempo todo, pois basta uma crítica ao mito para que o autor seja taxado de comunista. Isso é bizarro demais. Não há esquerda ou direita em uma morte por covid! Há simplesmente uma morte que poderia tewr sido evitada. E se um jumento federal insiste em ver uma cor diferente do preto no luto, isso acontece por ser alguém que não bate bem da cabeça, alguém que pensou em explodir um quartel. E o pior é que seu exemplo serve para alimentar os baladeiros, os sem máscara os muito idiotas. Por isso é que loquidar ou não loquidar é uma decisão que precisa ser analisada sem paixão, tarefa impossível nos dias de hoje (acho que escrevi demais).
Você sempre fala desse algoritmo a tomar por nós, seres emotivos por natureza, decisões mais racionais, supostamente melhores que as nossas.
ExcluirVocê fez duas perguntas : Como resolver isso? Deixar morrer os mais velhos? Sim. A resposta de um robô à sua segunda questão seria um instantâneo "sim". Do ponto de vista puramente racional, por que manter um velho vivo? Do ponto de vista produtivo, ele gera mais gastos que ganhos; do ponto de vista biológico, o seu material genético já não é de nenhum interesse para a perpetuação da espécie.
O tal do algoritmo diria sim, deixemos os velhos morrerem. E mandemos os jovens às trincheiras, se baterem de frente com o inimigo.
Esse algoritmo poderia, inclusive e com grande probabilidade, decidir que nossa espécie não é viável, decidir pela extermínio dela.
E delegar nosso "destino" a esse algoritmo não seria o equivalente tecnológico ao "deixar nas mãos de Deus"? Não será o desejo, motivado pelo cansaço, de nos livrarmos do fardo de nossas decisões e suas consequências?
Acredite, Jotabê, esse desejo me acossa e fustiga a cada minuto em que estou acordado.
Em resumo: No Brasil, nenhuma ação do Estado teria sido efetiva para a contenção da Covid. Uma pandemia aqui é uma tragédia anunciada. É simplesmente impossível coibir o comportamento oportunista de milhões de brasileiros inconsequentes e desprovidos de qualquer princípio de civilidade e cidadania. Assim como você, Marreta, em minha família ninguém ficou doente, adotamos as medidas preventivas e o bom senso. Em conversa com minha irmã que mora em outro município, soube que os supermercados foram invadidos por habitantes da cidade vizinha que havia decretado lockdown. Como se gerencia uma coisa dessas? É a famosa "Tragédia dos Comuns" aplicada em todas as esferas de nossa sociedade. Acho que já disse por aqui que a vaca já foi para o brejo faz tempo...Abraços!
ResponderExcluirExato. Nâo que medidas melhores e mais imediatas não pudessem ter sido tomadas por nossos governantes, mas nenhuma delas alcançaria o objetivo pretendido.
ExcluirEm que cidade houve esses saques?
Sim, a vaca foi pro brejo há muito tempo. E o brejo secou.
Você já deve ter ouvido falar do termo "ditabranda", especialmente comparando o período do Brasil com aqueles do Chile e da Argentina. Pois bem, passei parte da infância durante a ditadura e, realmente, não me lembro de homens honestos e trabalhadores estarem preocupados com o fato de serem levados pela polícia e torturados nos porões do DOPES do nada, sem nada deverem.
ResponderExcluirE ainda me lembra um famoso texto que circulou há anos pela internet, que dizia mais ou menos assim: "podíamos sair pelas ruas nas madrugadas sem nos preocuparmos com gangues e assaltos, acelerar nossos carros a 140 km/h sem nos preocuparmos com um radar a cada esquina, não usávamos eufemismos idiotas para nos referirmos às pessoas (Fala, viado! E aí, negão?)... só não podia falar mal do presidente. Mas hoje posso falar mal do presidente. Ah, que saudades da ditadura."
Recuso-me a acreditar que é só um saudosismo babaca da nossa parte.
Sim, o termo ditabranda, salvo engano, foi cunhado, ou ao menos é muito usado por Marco Antônio Villa. E concordo com ele.
ExcluirTambém me recuso em achar que é só saudosismo de nossa parte. Estou certo de que não é.
Eu achei que devia complementar meu longo comentário, mas prmeto que serei sucinto. Você tem razão quanto a andar na rua despreocupadamente, pois eu também me sentia tranquilo com relação a isso. Um dia, depois de sair da casa das namoradas e o sujeito que namorava a mais nova fomos andando a pé para casa, atravessamos a cidade, paramos no ponto em que ele continuaria a pé até onde morava e eu tomaria um taxi para ir para casa e ficamos ali conversando de madrugada por umas duas horas. Mas eu era novo e sem dinheiro. O medo a que me referi era um medo difuso, vindo da certeza de que se criticasse em voz alta o general de plantão eu poderia acabar dançando. E era isso que me aterrorizava. Por isso, eu seguia a expressão italiana "bocca chiusa!"
ResponderExcluir