Os Oito Mandamentos Mórmons Contra a Punheta (Ou : o Octálogo da Bronha)

Uma vez que fundamentado no sofrimento - no daquele rapaz lá, aquele que pegaram para cristo -, o Cristianismo só considera virtuosos os caminhos da dor, do martírio e da privação. Em oposição, qualquer comportamento ou modo de vida que proporcionem algum grau de prazer e satisfação recebem automaticamente a pecha de pecado, de vício, de defeito moral.
O deus cristão é um cara azedo, mal-humorado e recalcado, não pode ver ninguém feliz nem gozando que já vem com destruição de cidades, com dilúvios, com o apocalipse.
Não é de se espantar, portanto, que a boa e velha punheta seja, até hoje, um dos alvos preferenciais no vasto stand de tiro ao alvo do cristianismo. Não é à toa que a bronha amiga de todas as horas ocupe, desde sempre, um lugar de honra na galeria das confissões e das penitências cristãs, que seja aflição teológica, filosófica e eclesiástica das mais antigas e peremptórias. Poucas coisas dão mais prazer a um filho de deus que a prática do prazer solitário, logo, poucas coisas sofrem maior condenação por parte da igreja.
Aliás, tamanhas são a implicância e a perseguição dos padres para com o culto a Onam que não sei como a punheta não é considerada um oitavo pecado capital, ou, mais ainda, como não está registrada na Bíblia como um décimo primeiro mandamento do Senhor : Não Punhetais.
Teria deus vacilado, marcado bobeira e se olvidado de ditá-lo a Moisés? Acho difícil. Lembrem-se de suas infâncias e adolescências, leitores de meia-idade do Marreta, deus é inclemente para com os punheteiros : faz crescer cabelos nas mãos, faz crescer peitinhos, cega e deixa retardado quem fica na mariquinha, maricota, com a direita e com a canhota.
Deus ditou o "Não Punhetais" a Moisés. Tenho certeza. Mas Moisés editou o texto divino. Removeu o que seria o 11º Mandamento. O desejo à mulher do próximo tinha acabado de ser vetado no 10º Mandamento e, como se não bastasse, logo em seguida, vem o Senhor com mais essa sacanagem, proibir também a punheta? O cara já não podia cobiçar a buceta alheia, se, além disso, o cristão não pudesse sequer socar uma punhetinha, a vida se tornaria insuportável. Moisés foi sábio e piedoso para com seu povo, fez vistas grossas à punheta.
Aliás, recorri ao Google para saber o número do mandamento que proíbe que se espiche o olho e o cacete para mulher do próximo e descobri que ele vai além disso. Tendo como fonte de informação os sites http://www.osdezmandamentos.com.br/ e http://biblia.com.br/, eis o 10º Mandamento em sua íntegra : “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.”
Deus é foda. Não deixou brechas legais aqui. Não pode comer a mulher do próximo nem a empregada nem o empregado - aqui Ele já proíbe também a viadagem - e muito menos o boi e o jumento - zoofilia, então, nem um lugar no Inferno o sujeito arruma depois de morto.
Agora, mais de três mil anos depois (Moisés teria vivido há cerca de 1.300 a. C), os Mórmons vêm desmascarar e reparar a falseta de Moisés. Lançaram uma espécie de errata da Bíblia e fizeram justiça (provavelmente com as próprias mãos, se é que vocês me entendem) à punheta, reconduzindo-a ao lugar de honra que sempre lhe coube no panteão dos grandes pecados cristãos. Os Mórmons fizeram muito mais do que simplesmente transformar a punheta num mero 11º Mandamento. Eles lançaram uma tábua de oito mandamentos dedicadas somente à punheta. É o Octálogo da Bronha.
Oito mandamentos que, se observados e seguidos à risca, afastam e livram o cristão do ato impuro de descascar o inhame, de descabelar o palhaço, de esgoelar o bem-te-vi, de envernizar o pescoço da girafa.
São os 8 passos do P.A., os Punheteiros Anônimos. Os punheteiros anônimos se reúnem, dão-se as mãos (o que já ajuda a evitar a punheta) e recitam : um dia de cada vez. Eis o Octálogo Mórmon da Bronha, de autoria de Mark E. Petersen, diretor da universidade e integrante do conselho administrador da Igreja Mórmon :

1 – Nunca toque nas partes íntimas do seu corpo. Evite ficar sozinho o quanto possível. Procure ficar em boa companhia.
2 – Quando tomar banho, não se admire no espelho. Nunca fique sob o chuveiro mais de cinco ou seis minutos e se vista rapidamente. Saia logo do banheiro e vá para uma sala onde esteja um membro da família.
3 – Interrompa a amizade com pessoas que têm o mesmo problema. Jamais fique junto com pessoas que possuam a mesma fraqueza. Você deve ficar longe dessas pessoas, para que sua mente se livre do problema.
4 – Se a fraqueza lhe acometer principalmente quando estiver na cama, à noite, se vista de modo a ficar difícil o toque em suas partes intimas. Coloque uma roupa que seja difícil de ser tirada, exigindo o tempo para que a tentação passe.
5 – Se na cama a tentação parecer avassaladora, vá para a cozinha para comer um lanche, mesmo que seja no meio da noite e que não esteja com fome e que tenha medo de engordar. O objetivo dessa iniciativa é desviar sua mente da fraqueza do seu corpo.
6 – Nunca leia material pornográfico e nem sobre o seu problema. Mantenha-o fora da mente. O seu padrão de pensamento deve ser mudado, para que o problema não se mantenha em sua mente.
7 – Coloque pensamentos benéficos em sua mente em todos os momentos. Tenha boas leituras. Leia livro da Igreja, como as escrituras e os sermões.
8 – Ore, mas quando orar, não ore para suplantar esse problema, para não tê-lo na mente. Reze para ter compreensão das Escrituras, pelos missionários, pelas autoridades, pelos seus amigos, pela sua família.

Do alto de minha vasta experiência empírica no assunto, garanto que nada disso funciona. Mas gostei muito do Mandamento 2. Com a primeira observação, eu concordo, isso de ficar se admirando muito no espelho é pura viadagem, o cara começa a se amar tanto que daí a pouco já começa a enfiar o dedo no cu. 
Limitar, porém, o tempo do banho não adianta porra nenhuma contra a punheta. Nem mesmo que os pais do punheteiro instalem alguma válvula ou dispositivo que corte a água do chuveiro após os cinco minutos limite, a punheta será evitada ou coibida. Punheteiro que é punheteiro, punheteiro das antigas, punheteiro de fé, sempre arruma um jeito. Se ele dispuser de cinco minutos no chuveiro, em trinta segundos, ele acaba o banho; em trinta segundos, ele lava os cabelos, atrás das orelhas, os suvacos, esfrega joelhos e cotovelos, as costas, lava até o cu. E os 270 segundos restantes, ele dedica a uma boa e relaxante bronha. Com a prática, ele até reserva os 10 ou 15 segundos finais para empurrar a porra pro ralo com o chuveirinho. Punheteiro que é punheteiro não pode ver um ralinho que já fica de pau duro. Pavlov explica. 
E a melhor parte : ficar perto de um membro da família. Ficar perto do membro de que membro da família? Do tio, do primo, do cunhado? Aí é que a coisa pode descambar ainda mais.
Punheta não é pecado, meninos! Tampouco a sua versão de saias, a siririca, meninas! Punheta não é pecado! Punheta é, ela própria, uma religião per si. Uma religião na acepção mais pura e castiça do termo latino, religare. Religar o homem à unidade perdida com o Universo. 
O sujeito vai para o banheiro - que, além sê-la de todos os bêbados, como bem disse Cazuza, é também a Igreja de todos os punheteiros -, tira a roupa, se acomoda, eleva seu pensamento às deusas, aos deuses, às deusas e aos deuses ao mesmo tempo - cada um com sua fé - e se desliga do mundo terreno; sua alma transcende livre os limites da matéria, voa albatroz pelo Cosmo. Nada religa mais o cara ao Universo que a punheta.
Por isso, a proibição. Punheta não é pecado, é religião. E, como bem sabemos, o cristianismo odeia a livre concorrência.

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4 Comentários

  1. Você é um deus cristão, pois é azedo, mal humorado e recalcado.

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  2. Há! Há! Há! Você pode nem acreditar, mas eu tinha pensado em colocar entre parênteses, depois de "azedo, mal-humorado e recalcado", algo parecido com : (não acredito Nele, mas até parece que Ele me fez à Sua imagem e semelhança).
    Dessa vez, você acertou em cheio meu (minha) caro (a).

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    1. É lógico que acertei, convivo com você de segunda a sexta, conheço bem a sua pessoa e suas qualidades, ou melhor, seus defeitos.

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    2. nem eu conheço bem a minha pessoa. convive comigo de segunda a sexta? isso tá com cara de blefe, de jogar verde para colher o maduro aqui.
      conhece meus defeitos? meu único defeito é que meu pau é meio torto pra direita, você conhece?

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