Se, um dia, por ordens médicas e pelo inerente e notório sadismo da classe esculápica, a bebida me for vetada, tornar-me-ei um abstêmio. As noites, é verdade, terão menos risos e menos estrelas. As madrugadas, e essa será a minha maior dor, serão desperdiçadas apenas com o sono. Mas pararei de beber.
Se, um dia, por prescrição médica e pelo cruel e mórbido senso de humor da máfia de branco, for recomendado que eu frequente uma academia de ginástica, seja para condicionar a musculatura da perna e dar suporte aos periclitantes tendões do joelho, ou para tonificar os dorsais e mitigar a dor na coluna e dar-me postura mais altiva que a de um velho, ou ainda para fortalecer a velha bomba no peito com uns exercícios aeróbicos, morrerei andando de muletas, entrevado e, provavelmente, de infarto do miocárdio e coronárias.
Odeio academias de ginástica. Considero-as um ambiente insalubre e degradante. Um açougue de reses vivas. Claustrofóbicas. Ensurdecedoras. Cheiram a suor e a estábulo. Mas tem a mulherada, Azarão, argumentarão alguns ilusos. Estão a ver filmes pornô demais, meninos.
Há uma academia em frente ao mercado onde comumente me abasteço e vos digo que o contingente feminino, pelo menos nos horários em que passo por lá, se muito, perfaz uns 30% dos frequentadores. Desses 30%, uns 10% são compostos de gostosas, ou seja, por aquelas que nem precisariam estar na academia, a genética bem as favoreceu, as fez verdadeiras e bem adaptadas máquinas de meter; os 90% restantes do mulherio são formados pelas barangas plus size (que gordo, hoje, é politicamente incorreto), ou seja, por aquelas que academia nenhuma no mundo é capaz de dar jeito e boas formas, a genética, que também precisa se divertir, as sacaneou em berço, também metem, afinal, só 10% de gostosas não atendem à demanda. Acredito até que as gostosas sejam funcionárias à paisana das academias. Ficam a correr e a chacoalhar seus peitos nas esteiras, a pedalar e a empinar seu belos rabos nas bicicletas ergométricas e a desfilar por entre os aparelhos de musculação a soldo da academia. Que sejam contratadas como chamariz de baranga. A baranga passa na porta da academia, vê a gostosa na vitrine, conclui que séries de autoflagelo em máquinas de musculação podem também deixá-la igual, entra e se matricula.
Já os outros 70% dos habitantes da academia são formados pelos portadores do cromossomo Y. Desses, uns 20% são ou de magrelos raquíticos ou de gordos balofos, dois outros segmentos sem salvação. Os demais 80% do homaral parecem se dividir equanimamente entre os rinocerontes de sunga e as gazelinhas saltitantes de shorts de lycra, isso visualmente falando, porque na prática, funcionalmente falando, tem muito rinoceronte que, se apertar, saltita.
Mas se, por um lado, o meu temor pela primeira sentença médica de morte - a de deixar a cerveja - tem sólidos fundamentos e altas probabilidades de se concretizar em vetusto futuro, por outro lado, em relação à segunda condenação - a da academia -, acabo de me saber protegido, praticamente com imunidade parlamentar.
Pasmem : sempre fui - descubro agora - um grande atleta aeróbico. Desde minha adolescência.
Um estudo alemão, publicado no New England Journal of Medicine, afirma que olhar diariamente para belos seios femininos aumenta a longevidade e a qualidade de vida dos homens. Sem dizer que torna a vida muito mais agradável, também. Olhar para peitões é profilaxia das melhores para o coração. Muito melhor que ômega 3 e ômega 6. Melhor que margarina Becel.
Segundo o coordenador do estudo, o Dr. Weatherby, a excitação provocada pela paradisíaca visão de belos e bem fornidos peitos faz com que o velho e desiludido coração bombeie com mais vigor, com mais vontade, com um novo propósito na vida, faz com que impulsione mais rápida e caudalosamente o sangue por veias, artérias e capilares ( e pro pau também, claro; aliás, eu quero que o coração se foda, o que quero é meu pau sempre em riste). Olhar para uma vasta peitaria é excelente exercício cardiovascular.
E, segundo Weatherby, nem são necessários exageros : dez minutos diários de observação mamária são equivalentes a uma atividade de trinta minutos de exercícios aeróbicos.
É o Pilates com air bags! É o Fafá de Belém Fitness!!!
Não li o artigo na íntegra, apenas uma reportagem sobre ele, que não deu grandes detalhes. Mas acredito que a posologia recomendada - os dez minutos de deleite - e sua equivalência de trabalho muscular - os trinta minutos de suadouro, distensões e entorses - sejam uma média dentro do universo pesquisado.
Acredito que o tempo de observação e os resultados obtidos variem muito de observador para observador, assim como variem também os ganhos individuais. Creio que alguns consigam maiores benefícios com menores tempos, já outros, mais contemplativos, como eu, necessitem de maior tempo de exposição ao tratamento. Para alguns, inclusive, como é o caso de meu assíduo leitor, o ex-boiola, a terapêutica pode mesmo se mostrar danosa, seria-lhe altamente contra-indicada; ao invés de lhe azeitar o motor ao peito, poderia infartá-lo.
E não é só de observador para observador que a posologia pode variar. A adequada dosagem do fármaco depende muito também da concentração do princípio ativo por ml, ou seja, do tamanho dos peitões. Quanto maiores os peitões, maior a excitação e o bombeamento cardíaco. Cinco minutos de superpeitos podem equivaler ou mesmo suplantar uma hora de peitinhos.
A exemplo, se os 10 minutos recomendados pelo Dr. Weatherby forem nos peitões da moça abaixo, a tcheca Jana Defi, eles equivalerão não a trinta minutos de esteira, bicicleta e outras viadagens, valerão por uma maratona, por uma prova de decatlo.
Portanto, meu amigo, se a sua mulher o flagrar a olhar disfarçada, porém, fixamente, para peitos outros que não os dela, flagrá-lo a desejar os melões da mulher do próximo, conte-lhe sobre o estudo do Dr. Weatherby. Diga-lhe que você faz isso não por safadeza ou mau-caratismo. Explique a ela que o faz pelo bem de sua saúde cardiovascular, para que você viva mais e melhor, para que possa desfrutar de uma vida mais longa ao lado dela, a sua amada, para que a Morte, a única amante capaz de arrancá-lo dos braços dela, se demore o mais possível. Diga-lhe que se você olha para peitões é para que possa amá-la incondicionalmente por muito e muito tempo.
E, meu amigo, se ela acreditar, nunca, mas nunca mesmo, se divorcie dessa mulher.
Em tempo : e peitão é peitão, tanto faz se são peitões naturais ou, digamos assim, peitões genéricos. Por dentro, podem até ter uma bola de capotão de silicone, mas por fora é carne, carne da boa. Só não funciona, nesse caso, o efeito placebo, olhar um peitinho e acreditar que é um peitão.
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