Bifurcações

Ficar recluso
No escuro
(talvez um simulado para a morte)
A beber
A lembrar da vida
A recordar histórias
A rabiscar autobiografia não autorizada
Ou
Me relançar ao asfalto
Dar a cara a novos infaustos
A novas e gloriosas inglórias?
Escrever com a universal e inócua tinta azul-bic
Em pautada e bem passada folha de papel de carta
Ou 
Com a gosma verde-raivosa
Que estupora em bravatas
Que jorra em vitupérios do estômago ulcerado?
Com a intacta memória
Ou
Com todos os ossos quebrados?
Vai ver o saudosismo e a memorabilia
Sejam o imago da vida
A sua definitiva forma
Que arrebenta do casulo.
Mas provavelmente não.

(e uma de minhas gatas cava fundo a caixa de areia, caga para as minhas bifurcações. Sabe que amanhã sua areia estará limpa, sua tigela de ração, abastecida, sua água, renovada. Por que algo além disso a preocuparia?)

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