Torçam, idiotas. Urrem feito bestas-feras diante do gol desperdiçado pelos seus times ou do enfiado em vocês pelo adversário, de dor, urrem como se lhes arrancassem os testículos, como se um diagnóstico de câncer lhes fosse mais favorável e de melhor notícia que uma desclassificação ou rebaixamento. Zurrrem feito asnos frente às paredes transistorizadas, ou de plasma, ou de LED, de suas cavernas de sombras.
Torçam, idiotas. Lotem os estádios com o dinheiro com o qual deveriam abarrotar a geladeira, a despensa e a estante de livros de suas casas, deixem ricos e felizes os donos dos circos e das padarias.
Torçam, idiotas. Informem-se, saibam, interessem-se mais pela vida de seus ídolos de chuteira que pelas de seus filhos e esposas. Briguem e se matem pelos seus clubes, suas religiões fundamentalistas uniformizadas.
Torçam, idiotas. Idolatrem seus deuses semianalfabetos, elejam seus heróis ocos e sem nenhum caráter e os mostrem aos seus filhos como exemplos de vida e de conduta a serem seguidos, invejados, ambicionados.
Torçam, idiotas. Porque já está tudo comprado nesse esporte de vendidos. Porque está tudo dominado.
Torçam, idiotas. Enganem-se. Continuem a amar seus times traidores, desempenhem para sempre o papel do corno manso e sempre o último a saber, do corno que nem quer saber.
Reportagem do Estado de São Paulo, 05/12/2013
"Jogos no Brasil estão sob suspeita
Europol descobre rede internacional que manipulou resultados de
quase 700 partidas pelo mundo e cujos tentáculos teriam se expandido ao
País
Jogos de diferentes campeonatos regionais e nacionais do Brasil estão
sob suspeita de fazer parte do maior escândalo da história recente do
esporte, revelado ontem pela Europol. A organização europeia de polícia
descobriu uma rede de corrupção internacional no futebol montada pelo
crime organizado e que manipulou resultados de quase 700 jogos pelo
mundo, incluindo partidas no Brasil, na Copa dos Campeões e nas
Eliminatórias para a Copa do Mundo.
"Nunca vimos uma rede tão grande de criminosos no futebol. Trata-se
de uma operação sofisticada e uma evidência clara de como a corrupção
invadiu o esporte", declarou Rob Wainwright, diretor da Europol.
Ao Estado, a polícia alemã da cidade de Bochum, que fez parte da
operação, confirmou que os tentáculos do crime organizado estariam
chegando até o Brasil. A assessoria da polícia, porém, se recusou a dar
detalhes. "As investigações ainda estão ocorrendo e, se revelarmos os
indícios, podemos prejudicar o processo", argumentou a polícia de
Bochum. Os alemães, porém, confirmaram que trabalharam sobre suspeitas
no Brasil envolvendo "diferentes campeonatos regionais e nacionais".
Procurada pelo Estado, a Polícia Federal do Brasil informou que "não
se pronuncia sobre investigações" e não confirmou se colaborou com as
investigações. Como a Europol age na Europa, ela não pode condenar
ninguém por crimes no Brasil.
Grande parte do esquema se baseia na compra de jogadores, árbitros e
dirigentes para manipular resultados. Apostadores, principalmente na
Ásia, colocam seu dinheiro no resultado combinado e levam milhões em
lucros. O mecanismo serve para pelo menos duas finalidades: lavar
dinheiro do tráfico de drogas e de armas e simplesmente gerar milhões de
dólares em lucros, na prática financiando o crime.
O Brasil não seria o único alvo na América do Sul. Um amistoso em
2010 entre as seleções sub-20 de Argentina e Bolívia, apitado por um
trio húngaro, também está sob suspeita. O juiz deu acréscimos de 13
minutos sem motivo. Aos dez minutos além do tempo regulamentar, ele
ainda apitou um pênalti inexistente a favor dos argentinos para garantir
a vitória.
Só na Europa, o crime envolvia lucros de mais de 8 milhões (R$ 21,5
milhões) em apostas, além da distribuição de 2 milhões (R$ 5,4 milhões)
em propinas pagas a jogadores, juízes e cartolas. Alguns atletas
chegaram a receber 100 mil (R$ 269 mil) para garantir um resultado.
As partidas sob suspeita não se limitam a encontros sem expressão.
Pelo menos um jogo válido pela Copa dos Campeões na Inglaterra nos
últimos quatro anos está sob suspeita. Dois jogos das Eliminatórias para
a Copa da África e um na América Central foram registrados. Dois jogos
da Liga Europa e vários clássicos na Europa também foram colocados na
mira da polícia. Na Alemanha, a polícia identificou cerca de 70
partidas.
Hoje, apostas nas diferentes modalidades de esporte movimentam US$ 1
trilhão (R$ 1,98 trilhão) por ano e, no caso do futebol, bilhões
estariam transitando por casas de apostas de forma ilegal. Agora, as
novas revelações apontam que, só na Europa, o esquema envolveria uma
rede de 425 pessoas suspeitas; 50 desses suspeitos já foram detidos e
podem pegar 39 anos de prisão.
E-mails. A rede de criminosos foi identificada em 15 países europeus e
a investigação vem desde 2011. Para chegar à constatação, polícias de
diferentes países obtiveram cópias de mais de 13 mil e-mails e
documentos que confirmaram o esquema.
Laszlo Angeli, procurador húngaro, explicou como funciona o esquema
no seu país. Uma pessoa na Ásia entrava em contato com árbitros que
tentavam manipular os resultados.
"Esse é um dia triste para o futebol", afirmou Rob Wainwright, diretor da Europol.
1 Comentários
É isso aí! Engraçado como me dá um alívio quando leio seus textos...são as suas palavras que eu gostaria de gritar pelas ruas como mais um demente.
ResponderExcluir