É costumeiro se dizer - e acho até que foi uma mulher, daquelas bem barangas, quem lançou tal boato aos ventos fortes do senso comum - que homem não vê a celulite e as estrias da mulher, que ele sequer sabe diferenciar uma da outra.
E isso, claro, considerando o homem que é homem, o macho das antigas, o macho-jurubeba (como bem diz Xico Sá, um dos últimos bastiões, ele próprio, dessa tão vilipendiada espécie), e não aquelas moçoilas - homens sensíveis, metrossexuais etc - às quais a natureza, distraída e inadvertidamente, deu um pinto.
Afinal, homem que é homem enxerga a celulite e as estrias da bem-amada? Sabe classificá-las como essa ou aquela?
Sim. Sim e sim. Claro que enxergamos, salvo algum problema congênito ou degenerativo de visão, claro que enxergamos. Já dizia uma conhecida minha que feliz é a mulher cujo marido sofre de catarata ou de glaucoma. Sabemos também diferenciá-las perfeitamente, por pura questão de empirismo. Damos diariamente com elas.
Somos machos, não burros. Não tiramos as sobrancelhas, não fazemos limpeza de pele, não sabemos qual xampu é o adequado ao nosso tipo de cabelo (não sabemos nem qual é o nosso tipo de cabelo), nem o perfume que mais harmoniza com nossa química corporal, em suma : não depilamos o saco. Mas não somos burros, aprendemos com a experiência.
Somos machos, não burros. Não tiramos as sobrancelhas, não fazemos limpeza de pele, não sabemos qual xampu é o adequado ao nosso tipo de cabelo (não sabemos nem qual é o nosso tipo de cabelo), nem o perfume que mais harmoniza com nossa química corporal, em suma : não depilamos o saco. Mas não somos burros, aprendemos com a experiência.
O fato é que preferimos não falar delas, simplesmente. Primeiro porque, no fim das contas, para o homem que é homem, o que interessa mesmo é abrir a caixa de Pandora, é capturar a perseguida, e, quem sabe, em dias de muita sorte e bem-aventurança, conquistar os territórios dos países onde o sol não bate.
Segundo que, se estria ou se celulite, a coisa não é na nossa bunda. Celulite na bunda dos outros é refresco. Aliás, o macho das antigas nem se lembra de que tem bunda. Por fim, gostamos de fazer a mulher acreditar que não notamos as suas - consideradas por elas - imperfeições.
É uma mentirinha social, digamos assim, daquelas tão necessárias para que as relações humanas se mantenham num mínimo patamar de sanidade. É um tácito acordo caseiro, um agrado de alcova.
Da mesma forma, se valendo de outra mentirinha social, bem mais antiga que a da celulite invisível, a mulher gosta de nos fazer acreditar que ela não dá a menor importância ao tamanho do nosso pau. É a velha história de que não importam as dimensões da benga e sim o prazer que ela proporciona, de que não importa o tamanho da vara de condão e sim a mágica que ela realiza (essa, então, é de lascar, horrível).
Mentira social, também. Mentirinhas de alcova trocadas não doem; pelo contrário, nutrem, reconfortam e tranquilizam. São trocas de carícias que se fazem, homem e mulher.
Ele responde que não, que não está vendo nem sombra de celulite ou de estrias, e ela, na cama, agradecida, lhe diz : "Nossa! Este é o maior pau que eu já vi na vida". E os dois gozam. Intensamente.
Ela certa de que tem um bumbum de pêssego, e ele a julgar que é detentor da verga mais taluda do planeta.
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