Existe Ex-Idiota?

Existe ex-viado? Por mais que a sabedoria popular diga que não, eu acho possível. Com muita força de vontade e uma boa reconstituição plástica das pregas, acho que o cara até que consegue.
Ex-puta? Também não é empreita das mais fáceis, mas não descarto a possibilidade. De repente aparece um cara rico, tira a menina do puteiro (eu vou tirar você desse lugar..., grande Odair José), ela fica grata e apaixonada pelo cara e pode mesmo virar uma boa esposa, uma boa mãe, até uma boa profissional de outra área.
Ex-ateu? Ateu, ateu de verdade, não. O verdadeiro ateu nasce com a incapacidade de acreditar em coisas invisíveis e improváveis, mas aquele ateuzinho de boutique, o agnóstico, o neoateu, esse eu acredito que possa se tornar um ex. E facilmente.
Ex-masturbador? Ex-punheteiro? Aí, não. Aí, não tem jeito, Uma vez punheteiro, sempre punheteiro. Não há conversão possível para esse.
Essa introdução, aparentemente sem pé nem cabeça, que mais parece resto da ressaca de natal, diz respeito a um lançamento empresarial do grupo evangélico norte-americano Passion for Christ Movement, de Los Angeles, Califórnia. O grupo comercializa, via internet, uma série de camisetas com dizeres de conversão estampados, autodeclarações de "cura". E tem para todos os pecados e "vícios". camiseta para ex-homossexual, ex-fornicador, ex-prostituta, ex-ateu, ex-masturbador etc. 
Ver minha descrença incluída nesse rol de "perversões" humanas em muito me alegrou. O que me fez lembrar uma fala do cineasta Claude Chabrol : "A estupidez é infinitamente mais fascinante que a inteligência; a inteligência tem seus limites, a estupidez não!"
É isso aí, pastorada do caralho. A verdade é que só não é possível de existir o ex-idiota. Pior ainda é quem compra e usa uma merda dessa. 
As camisetas saem pela bagatela de 12 dólares, acho que uns 25 reais. Não sei se alguma igreja evangélica do Brasil já copiou a ideia, mas o negócio por aqui seria até mais lucrativo do que por lá, em terras do Tio Sam. Primeiro, porque a evangelicaiada está proliferando mais que rato, e segundo porque o brasileiro, sacana e filho da puta que só ele, iria comprar as camisetas para presentear os amigos.
Eu mesmo compraria umas duas ou três para esse fim. Depois torceria para que meus dois ou três amigos remanescentes ainda me considerassem como tal.
"Ex-corno", frase que não consta do catálogo norte-americano, seria um título que faria muito sucesso no Brasil, ia vender como água, tornaria-se o carro-chefe da confecção. 
Também poderiam ser estampados : ex-corrupto e, por que não?, ex-pastor evangélico. Sim, porque depois que o sujeito toma o vício de ganhar grana com a burrice alheia, não larga mais, fica possuído.

Postar um comentário

2 Comentários

  1. É parceiro...e ex-enrolado? Também acho difícil. Não vou citar nomes aqui (fique curioso) mas outro dia aí em Ribeirão encontrei um colega antigo, me reclamando de outros colegas antigos. Disse: "prefiro trabalhar sozinho...a gente dá oportunidade para os amigos e acaba se estrepando". Tem também aquele que é corno, mas continua pegador e foi expulso da igraja. Deixo o resto para janeiro, quando tomaremos "aquela" cerveja.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Rapaz, ex-enrolador, ex-safardana...em tudo eu acredito que possa haver salvação, mesmo que as chances sejam mínimas. Apenas para uma coisa, uma abominável coisa, e eu canso de avisar vocês, não existe ex : nunca haverá ex-Roberto di Cápua.
      Acertei?
      Expulso da igreja?!?!?! rárárárárá. O Robertão merece.

      Excluir