Como bem diz um amigo meu, o que seriam dos espertos se não fossem os crentes? É verdade. Para cada espertalhão nascido há multidões de idiotas prontinhas a serem enganadas, aguardando ansiosamente para serem engrupidas. E a vantagem probabilística para o pilantra, de uns tempos para cá, tem aumentado a olhos vistos e arregalados; devem existir, no mínimo, um milhão de manés à disposição de cada malandro.
A religiosidade, a espiritualidade, a preocupação com o transcendente, sempre foram um nicho de mercado dos mais lucrativos para o safardana, para o171. Tal segmento se manifesta sob as mais variadas vertentes, e a picaretagem travestida de filosofia indiana talvez seja um de seus ramos mais rentáveis, essas porras de ioga, mantra, gnose, tantrismo e o caralho a quatro.
É um filão tão vantajoso que seus líderes andam a se especializar, a investir em inovações, o mercado está superaquecido, e os consumidores, ávidos e exigentes. Fazem-se necessários requintes progressivamente maiores de impostura e caradurismo.
Um exemplo disso é o que acontece na pequena e pacata Joanópolis, município paulista localizado nos contrafortes da Serra da Mantiqueira.
Em um aprazível e bucólico sítio, Dúnia La Luna, 36 anos, dançarina e terapeuta corporal, promove um evento que ela chama de um workshop "Íntimo e Pessoal", cuja proposta é "aprofundar o prazer e a sexualidade cultivando a feminilidade sagrada".
A ideia é ensinar a mulherada a conhecer e ter controle pleno da vagina, o que, segundo a terapeuta, transformaria qualquer mulher em uma deusa sensual e poderosa : "toda mulher pode se tornar uma sacerdotisa do amor se valorizar o seu corpo e a si mesma e redescobrir o poder de sua vagina", garante La Luna.
É o workshop da vagina! Que, vertido para o bom português, bem poderia ser chamado de A Oficina da Buceta.
O curso inclui vários tópicos; as preliminares, digamos assim, consistem de um teste para aferir a força do assoalho pélvico (?), um questionário sobre conhecimento que cada uma tem de seu corpo e uma aula teórica-expositiva das anatomias externa e interna da vagina.
Em seguida, uma bandeja é colocada frente às aspirantes a deusas da perseguida, uma bandeja onde estão as "pérolas do prazer", acondicionadas em conchas fechadas. As alunas vão abrindo as conchas e as surpresas vão se sucedendo. Da primeira concha, sai um cone para fortalecimento do períneo; das segunda e terceira, respectivamente, bolinhas de pompoar e um vibrador, destinados aos exercícios de pompoarismo. La Luna orienta : contrair, sustentar, pulsar, sugar, expulsar, contrair, sustentar, pulsar, sugar, expulsar, contrair, sustentar, pulsar, sugar, expulsar, contrair, sustentar, pulsar, sugar, expulsar. E a mulherada toda lá, com o vibrador na buça e as bolinhas no toba.
Não vou negar que a vagina, assim como todo e qualquer outro órgão, precisa ser exercitada para que dela se extraia um bom desempenho. Só que exercício para a xavasca se faz é com um bom pinto, uma rola, um vergalhão daqueles. Exercício para a xavasca é dar, dar muito, pôr pra jambrar, botar a beiçuda para bater palmas.
Mas o melhor ainda está por vir. Para o grand finale, folhas de alecrim, guaçatonga, pétalas de rosa e lavanda são postas em uma bacia de cerâmica e, em seguida, queimadas. Aí, as mulheres, sem calcinhas, posicionam-se sobre a bandeja, cobrem-na com suas saias longas e largas e se agacham para receber a sagrada fumaça das ervas em suas vaginas.
É o incensamento da vagina. Além de purificar e perfumar, afirma La Luna, o incenso teria propriedades fungicidas. Ou seja, limpa, aromatiza e ainda dá um tapa na candidíase. É a defumação do bacalhau.
O proveitoso dia é encerrado com banho na cachoeira e introdução aos movimentos e massagens inspirados na dançaterapia(?). E tudo isso pela bagatela de R$ 330,00. Puta que o pariu!!! Sacerdotisas do amor é o cacete! Essa mulherada está precisando é de uma boa pirocada, de uma bela de uma surra de pinto, isso sim.
Acham que estou inventando? Segue, abaixo, foto do ritual da defumação do bacalhau.
2 Comentários
"Canta primavera, pá
ResponderExcluirCá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim"
Chico Buarque já conhecia .....
E o que o Chico não conhece da mulherada? Rendamo-nos à sua sabedoria.
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