O cara,
Com cara blasé,
Com semblante spleen,
Fisionomia de desdém bem ensaiada
- com cara de cu, enfim -,
Ocupa o palco presente.
Sobem ao púlpito do sarau,
Suas roupas de dândi bem talhadas,
Seu cabelo sem fio fora de lugar
Seu tablet de última geração
- o novo poeta é um sujeito antenado ao seu tempo -,
E verbaliza sua poesia em pixels
Para o público ouvinte.
As palmas irrompem!,
Que é da natureza das moscas
Esfregarem as mãos de satisfação
Frente a um belo monte de merda.
Mas aí
Outro cara, o velho poeta,
Com cara de jornal de ontem amassado,
Com semblante azedo de balcão sujo de bar,
Fisionomia calejada pela sarjeta,
Toma sua vez ao palco.
Sobem à tribuna do sarau,
Sua camisa de gola e punhos puídos,
Sua juba em grisalha desordem,
Sua barba sem geometria,
Sua folha de caderno amarelada,
Ou de papel pardo de pão,
E vocifera sua poesia em garranchos azuis de caneta Bic
Para o público ouvinte.
De novo, as palmas irrompem!,
Em igual intensidade
E pelo mesmo motivo.
4 Comentários
Você é o Cara! Excelência no pensar! Gosto da sua objetividade. Um santo da Palavra! Não erra o alvo! Muito bom!
ResponderExcluirJá me chamaram de tudo que você imaginar, mas essa é inédita. O santo agradece!
ResponderExcluiressa eu sei que não vai passar:
ResponderExcluirjá meteu o creme rinse na Débora Tavares,não foi ?
Rárárá!!! Nada disso, Marcellão, eu nem conheço, ela é uma poetisa que se encantou pelos meus poemas, na verdade,nem sei de que cidade ou estado ela é.
ExcluirVocê não esquece o creme rinse, hein?