Johnnie Walker X João Andante

O imperialismo britânico continua!
A holding (sei lá que porra é isso) inglesa Diageo, detentora da marca do uísque Johnnie Wlaker no Brasil, abriu processo administrativo no INPI contra a cachaça mineira João Andante (na minha opinião, João Andarilho ficaria melhor).
A marca Johnnie Walker está avaliada em US$ 3,5 bilhões. A cachaça João Andante tinha uma produção mensal de meras duzentas garrafas, elevada para mil com a publicidade gerada pelo processo inglês.
A holding inglesa alega que, apesar de existirem algumas diferenças entre as figuras nos rótulos, João Andante é a tradução literal de Johhnie Walker e evidencia a intenção de criar uma "versão local" da marca. Os mineiros se defendem dizendo que o Walker do uísque nada tem a ver com andar ou caminhar, é o sobrenome do lorde. E a mineirada tá certa. 
O personagem Fantasma - o espírito que anda, aquele do anel de caveira, símbolo do imperialismo britânico na Índia - é um nobre inglês que ficou preso numa ilha após um ataque de piratas que provocou o naufrágio de seu barco, e ali estabeleceu sua base de combate ao crime marítimo, sua bat-caverna. E claro, fez-se soberano sobre uma tribo local de pigmeus. Mr. Walker era o nome que ele assumia quando tinha que ir ao continente.
O uísque traz aquela figura planetariamente conhecida, um empertigado e pedante lorde inglês, de chapéu coco, bengala, fraque, botas equestres, e aquele andar com as costas curvadas para frente e a bunda empinada; de onde adveio o termo lordose aplicado à similar patologia de desvio de coluna.
O João Andante parece o Dom Quixote. É a figura de um velho matuto, chapéu de palha, costas meio encurvadas, capinzinho no canto da boca, botas gastas e a clássica trouxinha carregada ao ombro na ponta de um cajado. Além disso, eles andam em diferentes direções. Enquanto o inglês está indo, o mineirim, mais esperto, já está voltando.
É muita filha-da-putice dos ingleses. Se bem que isso de "traduzir" marcas pode ser muito perigoso, e me lembra uma história contada por Juca Chaves, na década de 1970, quando de sua estada em Portugal para uma temporada de apresentações. Conta-nos, o menestrel, que os portugueses tinham a mania de a tudo traduzir, inclusive os patrocinadores da fórmula 1. Goodyear era ano bom; Firestone, fogo na pedra; e Pall Mall, o caralho maldito.
E é isso.

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