LUNAR

- E do que lembras de mim, daquela noite, supondo que fosse mesmo eu?
- Lembro dos teus olhos encovados, mais para quarto de despejo que para janelas da alma.
- Gostei.
- Lembro também do teu sorriso, mais larva que um convite.
- E do meu beijo, que te lembras dele?
- Lembro que não houve.
- Meu beijo te queria, mas eu não.
- Lembro que a bebida não te caiu bem, lembro que vomitaste prata da mais pura e lunar.
- Eu, vomitei ? Engana-te, na certa.
- Só sei que me vi belamente refletido naquela noite. E onde mais eu poderia, se não nos teus restos?

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